Ambos nutrem pelo Alandroal
uma assinalável admiração, aliás bem patente em várias cronicas com assinatura
deste último.
Num dos últimos trabalhos
levados a efeito pelo L.Guerra, revisão dos livros de Ruben A. (que
escreveu « que, em Portugal, o difícil
era ver o obvio», ( Vide, o caso dos sítios e sucessivos nomes de
Aeroportos por construir). ), teve L. Guerra a amabilidade de enviar ao A.
Berbem a seguinte passagem, que como se pode verificar o Alandroal anda pelas mais diversas partes.
E até por onde não se espera.
Acrescente-se ainda que Ruben A. teve uma grande ligação a Estremoz através do seu Monte dos Pensamentos, assim se chamava.
Acrescente-se ainda que Ruben A. teve uma grande ligação a Estremoz através do seu Monte dos Pensamentos, assim se chamava.
Confirme:
«O meu desejo de emigrar dilatava dia a dia os instintos.
A guerra aproximara
a geografia.
Tudo estava mais perto, os lugares conheciam-se de acumular drama
— Dachau, Hiroxima, Auschwitz, lugares à mão, no útero da tragédia, centros universais
do mistério que o Homem é um mistério, o mapa trazia nomes que passaram a ser
triviais, nomes traiçoeiros — Pearl Harbour, Estalinegrado, Tobruque, El-Alamein,
pão com manteiga.
A guerra esquecera Portugal, onde ficava o Soajo, Alandroal, Belmonte, Murça, Quiaios,
Montalegre? Um país que os portugueses não conheciam, um país de que os
portugueses gostam apenas, causa engulhos palmilhar o tu cá tu lá do que é nosso.
O remoto aliava-se a um instinto primitivo, as nossas mortes eram os mortos de
anúncio nos jornais, com cruz e a família toda ungida de Santíssimos
Sacramentos, uma morte com missa do sétimo dia, caudal de convidados, cortejo a
sair do templo, morte sem significado do que foi a vida, efémero de pedra,
sinónimo sem perguntar, cala a boca urso. Matava-se no Sabugal por uma questão
de águas que um vizinho entrara a pedir um balde sem licença, matava-se por um desaguisado
de velha rixa entre dois irmãos, e o fatal poço da vida portuguesa ia
escondendo os cadáveres atirados lá para dentro depois das carótidas deixarem o
flagrante delito. Em Unhais da Serra, na Amareleja, perto de Vila Pouca de
Aguiar, assassinava-se da mesma maneira, um feitor puxara da navalha para abrir
os bofes de um jornaleiro que comera um cacho de uvas de um patrão que não
visitava as terras há mais de vinte anos, e não sabia que a quinta ficava tão
longe do Porto. Fora lá uma vez e nem saíra do carro, tal o nojo que a paisagem
lhe fazia. […]»
1 comentário:
OBS.
Tenho de acrescentar, no Al tejo, que um escritor da envergadura de Ruben
A. se tenha aqui lembrado o Alandroal, é mais do que um Sinal que outros
escritores também o fizeram. Lembro,por exemplo, Miguel Torga, com
Juromenha. Dito assim e como dizia J. SAramago " se puderes vê, Vê e se
pudermos ir reparando reparemos". Isto,antes que o deserto nos afogue e
nos deixe ao desprazer das nossas inclemências locais.
Assim venha a ser.
Saudações
ANBerbem
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