CLÁUDIA SOUSA PEREIRA
Global para o bem e
para o mal
A História ensina-nos que as
epidemias são uma realidade. A Ciência ensina-nos que os avanços que se fazem
no combate às epidemias são benefícios para a Humanidade. A Arte, na qual
incluo o lado da ficção também da Literatura, proporciona-nos um ambiente
laboratorial onde ensaiamos em cenários apocalípticos, apenas imaginados,
reacções que nos podem fazer pensar no que faríamos se fosse verdade. E a
Política existe, também, para que a História, a Ciência e a Arte revertam a
favor de todos. Falo da Política em Democracia, não de quem, disfarçado de
Político, usa a Democracia para fazer precisamente o contrário, como foi e é o
caso das figuras que transformam a Democracia numa palhaçada ou, pior ainda, em
regimes ditatoriais.
Para
já é “só” mais um vírus da gripe que vem demonstrar como todos estão a lidar
mal com a globalização quando a doença ameaça chegar, e sofrimento e morte
espreitam logo ali. Imagine-se que era algo como o Ébola! Seria um autêntico
filme de terror, porque poucos ou nenhuns infectados sobreviveriam. E
estaríamos, como se calhar até estamos, todos impreparados para vencer essa
guerra. Só se se suspendessem todos os meios que nos permitem estarmos
fisicamente próximos uns dos outros. E que todos os nossos luxos, ou só mesmo
confortos, mas sobretudo as necessidades básicas que dependessem dessa
proximidade, fossem suspensos. Para não falar já das questões
económico-financeiras que não nos matariam rapidamente, mas nos obrigariam a
uma mudança enorme de comportamentos e modos de vida.
Se
nos parece bom, a mim parece, o mundo ter encolhido e ter-se tornado numa
aldeia global, o que permite todos termos melhor acesso ao que produzem a
História, a Ciência e a Arte, a aldeia global para lá da janela que é o ecrã da
TV e do computador, há que estar preparado para que, volta e meia, seja preciso
regressarmos à aldeia do passado. Será como regressar “à terra” ou passar as
férias com os avós. E talvez percebamos, en passant, quando o pânico se
instalar, o que é não ter para onde ir porque nos fecham a porta. Sim, estou a
falar dos refugiados.
A
História, a Ciência e a Arte continuarão a ser preciosos domínios para ajudar a
Política. Que os seus actores, os Políticos no governo ou na oposição, os
escutem, os incluam nas suas equipas e exerçam, assim, a sua função de
organizar a sociedade de forma a evitarem-se estes pânicos. E se até muitos
poderão já estar a fazê-lo, aos ecrãs da TV e do computador ainda falta muito
para perceberem e agirem nesse caminho benevolente anti-pânico. Nos “media”,
como no “meio” do provérbio, é que continua a ter de se tratar da virtude
social. E há muito para tratar.
Até
para a semana.
Sem comentários:
Enviar um comentário