quinta-feira, 2 de junho de 2016

CINE CLUBE DOMINGOS MARIA PEÇAS - Temática Casais do Cinema

          Homenagem do Al Tejo a Domingos Maria Peças
                       ( hoje a cargo do Rufino Casablanca)
                                    Brigitte Bardot e Roger Vadim

Roger Vadim dificilmente ficaria de fora numa de casais no cinema. Pois se foi casado, entre outras, com Brigitte Bardot, Jane Fonda e Catherine Deneuve, como é que poderia ficar de fora? Três das melhores e mais belas actrizes que circularam pelos ecrans de cinema de todo o mundo!
Embora Roger Vadim tenha sido muito aplaudido por ter lançado Brigitte no filme de 1956, “Et Dieu… Crèa la Femme”, e ter sido muito solicitado nos anos seguintes, não cremos que pertença àquela raça de realizadores como François Truffaut e Jean-Luc Godard, por exemplo.
Na minha modesta opinião, não pertence ao grupo de cineastas que transformou o cinema francês. Formou muita gente, deu a conhecer grandes valores, valorizou muitas histórias, realizou outras, mas não pertencia ao primeiro plano do novo movimento cinematográfico que mais tarde ficaria conhecido como “Nova Vaga”.
Isto é: uma nova forma de fazer cinema.
Estamos até em crer que ele pertencia à geração anterior.
O que não tem nada de mau, pois foi uma geração que fez muito e bom cinema.
Jean-Paul Belmondo, Jean Seberg, Alain Delon, Geneviève Page, Françoise Arnould e, claro, a Brigitte, foram actores e actrizes que trabalharam sob a direcção deste realizador.
No entanto e para já, vamos fixar a nossa atenção num filme escrito e realizado por Roger Vadim, ainda na década de cinquenta, e que deu pelo título de “Uma Aventura em Veneza”.
Ainda a “Nouvelle Vague” estava apenas na cabeça de uns quantos tipos que não sabiam muito bem o que fazer com ela.
Título Original: “Saint-One Jamais”
Título Português: “Uma Aventura em Veneza”
Escrito e realizado por Roger Vadim
Intérpretes: Françoise Arnould, Cristhian Marquand, Robert Hossein, Franco Fabrizzi….(aí está….tirando os dois primeiros… é tudo malta da velha guarda). O que não tem nada de mal, repito.
(como curiosidade, a estreia deste filme deu-se no cinema Roma a 24 de Abril de 1958, e era para maiores de 17 anos.)
Veneza: Uma mulher rodeada por quatro homens; um crime; uma investigação; uma cidade lindíssima como cenário e, por fim, a vitória do amor e a partida dos pombinhos num transatlântico de luxo. Haverá cinema mais conformista? Mil filmes já tinham sido realizados com este figurino. E como é que um realizador que dois anos antes tinha colocado nos ecrans um filme como “E Deus Criou a Mulher” cai na esparrela de realizar uma pepineira destas? A única coisa que se safa é a interpretação de Françoise Arnould. Tudo o resto é mais do mesmo.

Título Original: “Et Dieu...Crèa la Femme
Título Português: “E Deus Criou a Mulher”
Ano de Produção: 1956
Argumento: Roger Vadim e Raoul Lèvi
Realização: Roger Vadim
Elenco: Brigitte Bardot, Curd Jurgens, Jean-Louis Trintignant, Cristhian Marquand….
A América já tinha a Marilyn que aqui classificamos como símbolo sexual por facilidade de expressão. Apenas por facilidade de expressão, porque pensamos que ela era muito mais do que isso. Muito mais!
E a Europa? Aonde estava o símbolo sexual da Europa? Não havia até 1956, simplesmente.
E depois apareceu “E Deus Criou a Mulher”, e a Brigitte Bardot e deu volta à cabeça de meio mundo.
O meio mundo que conseguiu ver o filme.
No outro meio mundo, a censura, a igreja, aliás, as várias igrejas, os vários salazares, bem acompanhados pelos vários cerejeiras, não o deixaram exibir. “Era lá possível deixar que o povo visse uma descarada daquelas a bailar? E descalça, ainda por cima! “Ao que o mundo chegou”! – diziam os moralistas de pacotilha.
Até o Chico Buarque lhe dedicou uma modinha, à brasileira, que todo o mundo dançou. Até os que não tinham visto o filme. Em Portugal o filme, completo, só passou depois da revolução.
E desta vez o Vadim acertou em cheio.
Em 1988, o Roger Vadim, voltou a fazer um filme semelhante nos Estados Unidos, com outro elenco, naturalmente, mas não foi a mesma coisa.   
Rufino Casablanca
Terena – Monte do Meio – 1995
Desenhos de B.B. por Milo Manara
















  

1 comentário:

artemiso peças disse...

Mais uma excelente crónica
Parabéns