“Pedro Nunes
Cientista de Maior Tamanho”
Ilações Finais
1) – Não temos dúvidas em
afirmar que Pedro Nunes se tornou uma das presenças notáveis do mundo mental do
Renascimento. Construtor e inovador por excelência das ciências ditas puras do
século XVI em diante, prolongando-se o impacto das suas pesquisas e descobertas
cientificas pelos séculos seguintes, até à actualidade.
2) - Se existiram e
persistem, por outro lado imagens excessivamente negativas da história
científica portuguesa, uma coisa é certa: a análise e estudo das obras de Pedro
Nunes mostra-nos que as suas investigações foram tão importantes quanto o foram
as obras de Ptolomeu e de Copérnico, de Garcia da Orta ou de um D. João de
Castro, seguidor de Pedro Nunes e praticante de uma espécie nova de linguagem,
visível nos Roteiros, e um adepto de novas estruturas
culturais para o seu tempo. Diga-se, em desapreço visível dos métodos escolásticos
e humanistas.
3) – Sem gravuras da época
que o representassem mas com vários artistas recriando-lhe um rosto,por
exemplo, em selos, notas, moedas e estátuas, aceitemos pois as imagens de marca
do “génio organizado” de Pedro Nunes quando para alem de concluir que, com os
portugueses, “novas terras, novos mares e o que mais é, novo céu e novas
estrelas” foram descobertas, foi-lhe também claramente manifesto “é que estes
descobrimentos de costas, ilhas e terras firmes não se fizeram indo a acertar,
mas partiram os nossos mercantes mui ensinados e providos de instrumentos e
regras de astrologia e geometria”(Tratado em Defesam da Carta de Marear)
4) – Finalmente vamos dizer
que, se podemos atribuir ao cientista português a qualidade da escrita, a
seriedade e o arrojo nas suas investigações metódicas e a criação principal do Nónio,
foi também intérprete constante das dificuldades e desafios colocados ao
Humanismo Universal dos Portugueses por comparação, em superação e
aprofundamento do modelo e métodos da Antiguidade Classica.
Em aberta oposição,diga-se,
à escolástica medieval e professando a libertação de qualquer transcendência.
Seja, tal como apontou Jaime Cortesão, devido ao desenvolvimento da
investigação e do espirito critico e à valorização do humano e do terreno.
Seja ainda defendendo a
idéia de que o pensamento pode e devia poder desenvolver-se fora da
religião. Seja também porque, segundo afirmou o mesmo autor, na pista das
experiências portuguesas os «livros de Pedro Nunes ou de Garcia da Orta
representam o esforço duma inteligência superior, tentando resolver problemas
novos».
Os quais,
acrescentamos, envolviam diálogo permanente com os diversos viajantes
portugueses construtores da saga histórica dos Descobrimentos nos campos e
problemas mais imprevisíveis e dificultosos da navegação.
Repete-se, enfim, que se passou deste
mundo terreno, em Coimbra, à luz eterna do dia derradeiro de 11 de Agosto do
ano de 1578.
António Neves Berbem
(Universidade Autónoma de Lisboa/ Comunicação também apresentada no Pólo
da UAL das Caldas da Rainha e em várias conferências conjuntas com o Professor
Fernando Campos,autor da Casa do Pó).
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