«ALANDROAL, MINHA
PÁTRIA
NOVA EVOCAÇÃO DE
S.BENTO
De novo no terreiro - hoje Largo de S. Bento e que creio
chegou a ostentar o topónimo de inspiração politica, há alguns anos – de novo
pois, por estas paragens de um roteiro sentimental de quem faz “turismo” na sua
própria terra, indo para fora cá dentro, para lembrar, por exemplo como dali se
chegava mais facilmente ao campo da feira. A feira era, e ainda é, junto da
Ermida de S. Bento, a que foi construída em homenagem ao santo que com ermida idêntica
no termo de Olivença – livrou a nossa vila das epidemias da peste de outros
tempos. Menino era eu, entretanto, quando pela primeira das várias vezes que
fui à feira e lembro-me muito bem, por exemplo, de como me impressionou ver ao
longo do caminho, alguns infelizes aleijados que, lançados no chão, exibiam as
suas misérias e estendiam a mão à caridade, espectáculo frequente naqueles
tempos e infelizmente ainda hoje por aí repetido, apesar das tão apregoadas
solidariedades.
Esqueçamos essas tristezas e terminemos esta curta viagem no
tempo para perguntar-mos: - Quando é que o Alandroal terá uma feira nova, isto
é, renovada, actualizada, que não seja só de tendas, barracas e diversões, mas
que se determine no sentido da promoção dos valores reais do concelho, que
dinamize, divulgue e projecte as capacidades virtuais das suas forças
económicas?
Tão próximo das industrias de extracção de mármores, ainda
que nesse sector já possa mostrar uma certa realidade, não seria possível uma
maior afirmação?
Zona turística privilegiada que efectivamente é este
concelho, não poderiam estimar-se muito mais esses valores, a partir
exactamente da Nova Feira de S. Bento?
Que S. Bento nos livre de novo das “pestes” que se abatem
hoje sobre nós: o esquecimento, a interiorização a desertificação deste nosso
“Alentejo profundo”. Profundamente remetido à proscrição.
Manuel Inácio Pestana
Publicado no Jornal da Boa Nova Fevereiro/97
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