segunda-feira, 26 de setembro de 2011

EM MEMÓRIA DE RUFINO CASABLANCA

Este conto, foi escrito por Rufino Casablanca, em 1990.
Faz parte do espólio que deixou em casa de Chibía Milongo, aquando da sua morte, há três anos atrás.
Para a Chibía vão os nossos agradecimentos.
Chico Manuel

« Esta obra é uma ficção. Qualquer semelhança com a realidade, é pura coincidência. »

Era uma vez um homem ...
( Um conto por Rufino Casablanca )

Alentejano por nascimento, um dia partiu para África, e por lá fez a sua vida.
Anos mais tarde, muitos anos mais tarde, voltou à sua terra.
Rufino José Potra, assim se chamava.
Esta ..., é a sua história ...
O Rufino, nasceu exactamente um mês depois da morte do pai.
Corria o ano de 1922.
Aquela que viria a ser sua mãe, mulher bonita e trigueira, muito desembaraçada de modos, perdera-se de amores por um amolador de facas e tesouras, também exímio a consertar guarda-chuvas e a rebitar panelas, tachos e alguidares. Homem sem pouso regular, amigo de copos e farras, com um certo ar boémio. Na carroça em que transportava a bigorna, o engenho da roda de esmeril e as restantes ferramentas do ofício, e que simultaneamente lhe servia de casa, também transportava uma guitarra. E todas as tabernas eram apropriadas para exercitar os seus dons de fadista. Todos os meses aparecia pelos largos e ruas da Vila, anunciando a sua presença com os melodiosos gorjeios da gaita que simbolizava a profissão.
O romance foi arrebatado e teve um desenlace que era previsível.
Poucos meses depois já a rapariga tinha a barriga a crescer.
E outros tantos meses mais tarde, chegou a notícia de que o amolador de facas tinha sido mortalmente anavalhado, numa briga de barraca, durante as Festas dos Capuchos.
Assim, aos oito meses de gravidez, ficou a saber que o filho ia nascer órfão de pai.

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3 comentários:

Helder Salgado disse...

Ao RUFINO, com os meus cumprimentos

O Rufino volta mais uma vez a
impressionar-me.
Já me fez "voar" sobreo Lucefècit, sobre a "Deluques", sobre a serra de São Miguel da Mota.
E como me diliciei com esse "voo".
Quantas recordações me saltaram da memória, quantas imagens revi acompanhadas de música campestre, num cenário de tapete verde, aqui e ali salpicado de vermelho. com pano de fundo de cor azul, espelhado nas águas da ribeira, da minha ribeira como eu, sonhador romanticamente apaixonado, constatemente dizia.
Hoje, são minhas, minhas as recordações que que já não as consigo, por mais tempo reter, quando em presença de textos como o que nos oferece o Rufino Casablanca.
E hoje tornei a voar.
Nas aparições vi o velho Xarepe, alto e magro, tão magrinho que me pareceu tísico, igualando na magreza, o seu cavalo de cor vermelha, com os ossos das ancas espetados na pele, a fazer-me recordar outro cavalo poeticamente imortalizado pela sua magreza, cujo o dono, depois do mandar livremente bastar, dizia - quando morreres, se houver algum dinheiro hei-de mandar fazer-te a sepultura.
O velho Xarepe era de São Pedro do Cortiço. Talvez por Terena, ser também de São Pedro, gostava de lá estar às tempuradas.
Era funileiro.
Acreditem que ainda mantenho o caldeiro, que o meu pai lhe pediu para arranjar, que mesmo sem uso, não resistindo como o cavalo do Xarepe, que ainda, de noite vagueia pela Coitada, rapinando umas couves na Horta do Paiva, se rompeu novamente.
Mas a candeia, a candeia que o velho funileiro ofereceu à minha mâe, quando sem dinheiro se foi aviar à loja. Nunca deu luz, nunca foi acessa, mas foi ela que me iluminou a vida inteira, que me conduziu áquilo que sou, quando trabalho, quando penso. quando escrevo.
Está nova.
E nova ficará até que um dia, qaundo eu separar as borras do azeite e os vossos olhos virem no mais alto ponto do Castelo de Terena, na torre de Menagem, uma luz a resistir, à chuva, ao vento, há maior tempestade, uma pequena luz a cintilar de saudade é ela, a minha candeia.
Talvez, nassa altura, eu não tenha olhos para ver.
Helder Salgado
26-09-2011

Anónimo disse...

OBS.


Já li há bocadinho este conto do R.C de 1990.

Senti-me completamente

envolvido pela saga de um simples e criativo reagrupamento familiar.

Um episódio que se não fosse tão

bem trabalhado e destrabalhado literariamente, corria o risco de acabar lavado e de nos lavar em lágrimas.o que daria em mais choro do que boa literatura.

Não foi o caso, porque cada personagem é vista como fazendo parte de um todo que se transformou em vida-vivida,em opções,em atitudes, em percursos que os aproximam uns dos outros.E todos finalmente de si mesmos.

Gostei tanto que me pus a puxar pela cabeça e até já sei quem foi, quem é,e quem há-de ser o grande Rufino C.

Abraço


ANBerbem

Anónimo disse...

Esmaltes rotos...
Pingos ao fundo...
Para amanhar...

(Pregão do Pai do Américo)

Serve esta pequeninhinha postagem para engrandecer O ENORME FIO deste "terminal dos Capuchos".

Rufino Casablanca ao que nos habituou, NO SEU MELHOR.

Abraços para todos

Tói da Dadinha