segunda-feira, 26 de setembro de 2011

CRÓNICA DE OPINIÃO DA RÁDIO DIANA FM

Transcrição da crónica diária transmitida aos microfones da :http://www.dianafm.com/

 As Pazadas
Miguel Sampaio

Segunda, 26 Setembro 2011 09:30
Muito se tem falado da dívida oculta da Madeira nestes últimos tempos, discute-se inclusive a possibilidade da independência deste território, não porque isso na prática venha alguma vez a acontecer, mas mais à laia de punição: estiveste mal, prejudicaste o grupo, a partir de agora amanhas-te sozinho.
Poderia aqui tecer inúmeras considerações acerca do Presidente do Governo Regional, de facto um indivíduo com poucos escrúpulos e que tem agido continuamente em proveito próprio e do seu grupo, gasto o que não temos em obras que só aparentemente são de fachada; porque na verdade são pretextos para encher os bolsos de meia dúzia de corruptos que gravitam em torno do poder.
Se o problema fosse apenas Jardim e a Madeira, seria de bem fácil solução, mas esta ocultação da dívida, não é senão a ponta da meada em que se transformaram as contas deste país do Minho aos Açores. Durante anos e anos por via das pazadas de dinheiro fácil que nos chegou da EU, foi um fartar vilanagem dos que vivem na sombra do guarda-chuva do poder. Um corrupio incessante entre cargos governativos e empresas com capitais do Estado, com a consequente criação de um exército de boys, cuja única função foi e é ainda perpetuar no poder os interesses de quem inadvertidamente lá pusemos.
É fácil agora encontrar bodes expiatórios, convenientemente formatados para expiarem os desvarios dos principais responsáveis. Por isso eu pergunto: Alguém acredita que esta dívida e outras que inevitavelmente surgirão são desconhecidas em S. Bento ou em Belém? Mesmo que o sejam, será possível manter a confiança em quem tinha por obrigação estar informado do que se passa no país e ignorou completamente os sinais constantes de que algo de muito errado se estava a passar?
Neste país foi destruído o tecido produtivo, sem agricultura, sem pescas, com uma indústria incipiente, vemo-nos forçados a depender do exterior. Quando os eleitos não controlam eficazmente as verbas que entram, supostamente para investir, para criar infra-estruturas e antes pelo contrário as delapidam em obras faraónicas de utilidade duvidosa, que só aproveitam a uns quantos patos bravos e a meia dúzia de empresas por via das PPP, será crível que apesar dos esforços em ocultar a situação, ela não acabe por surgir em toda a sua trágica dimensão?
É o que se está a passar, na Madeira, no continente, nas autarquias em todo o lado… estamos agora a pagar a nossa ingenuidade e a negligência ou desonestidade de quem escolhemos ao longo destas últimas décadas para governar este país.
Miguel Sampaio

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