segunda-feira, 9 de outubro de 2006

POETAS POPULARES DO CONCELHO DO ALANDROAL

Moisés José Ramalho

MOTE

Balhão, amigo Balhão
O Pilau cá anda à linha
Esta é uma criação
Superior à que eu lá tinha.


Tu não sabes calcular
Bem, a sorte que tiveste
Duma vez que não vieste
A esta vida penar.
Muitos ficam a chorar
P´ra´i sem consolação
Pensam que a tropa é doce pão –
Aqueles que cá não vêm
Não deixam pena a ninguém
Balhão, amigo Balhão

Só em pensar me arrepio
Como a instrução é feita
De espingarda sobre a baioneta
Esteja ele calor ou frio.
Ao toque de um assobio
Fazem andar tudo à rasquinha
Filhos de tanta mãezinha
Alguns com bom futuro,
Em noites de horror e escuro
O Pilau cá anda à linha.

Hoje sinto saudades
Das açordas e das migas
Dos fados e das cantigas
E de todas as liberdades.
Doutores, juízes e padres
Todos cumprem a missão
P´ra muitos esta lição
Agora é lida diferente,
Para se educar tanta gente
Esta é uma criação.

Marcar passo e fazer continência
É o pão de cada dia
O café com água fria
Faz parte da diligência.
Todos metem a licença
Para darem uma voltinha
Mas ali pela tardinha
Está tudo entrando ao portão,
Esta é uma criação
Superior à que eu lá tinha.

Moisés José Ramalho

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