MARIA HELENA FIGUEIREDO
Bruxelas
aqui tão perto
As eleições para o Parlamento Europeu estão à porta e não ouvimos
o debate político a ser feito e a chegar às pessoas.
Estas são as
eleições que menos mobilizam os cidadãos, e nas últimas eleições para o
Parlamento Europeu, em 2014, a taxa de abstenção foi altíssima. Apenas um em
cada três eleitores votou.
As razões para
tanto desinteresse dos cidadãos são, como sabemos, várias, e muita gente
desistiu de votar nas eleições europeias por achar que o que se passa lá pela
União Europeia é uma coisa distante, que pouco importa para o seu dia a dia.
Acham que o
voto não serve para nada, que não é a União Europeia que lhes arranja emprego,
lhes aumenta o salário ou a pensão ou lhes arranja a tal consulta de que já
estão à espera há mais de 8 meses.
Não podiam
estar mais enganadas. O que tem sido decidido na União Europeia é que determina
se vai haver investimento no Estado Social, se há emprego, se há aumento de
salários e pensões.
Por isso a
importância de cada um votar e a responsabilidade política dos partidos fazer
um debate sério sobre a Europa, de forma clara, simples, que mostre a
importância das decisões europeias e da defesa lá fora dos nossos direitos. Um
debate que chegue aos cidadãos, porque só dessa forma se trazem os cidadãos à
política e ao voto.
Mas ao invés, o
que temos visto são manobras de diversão de alguns partidos, certamente para
não serem confrontados com as posições que têm tomado nas instâncias europeias
nos últimos anos e com as responsabilidades têm quando aceitam, sem contestar,
as imposições da União Europeia.
Mais papistas
que o papa, apoiaram as politicas liberais determinadas pela União Europeia e
privatizaram empresas publicas estratégicas para o nosso desenvolvimento,
injectaram milhões na banca, desregularam o mercado de trabalho, aceitaram as
regras orçamentais que estrangulam o investimento no Serviço Nacional de Saúde,
abalam a generalidade das politicas públicas e comprometem o Estado Social.
Também não
apresentam clara e inequivocamente as suas posições face às questões que
realmente importam e que vão ser decididas na União Europeia.
O CDS
entreteve-se este fim de semana a apresentar os seus candidatos às eleições
legislativas do final do ano, como se não existissem eleições europeias dentro
de mês e meio, distraindo as atenções sobre o que andou a fazer. PS e PSD
contam familiares.
Tudo isto
quando dia 26 de maio temos eleições e estas eleições são extremamente
importantes. Será o próximo Parlamento Europeu que terá de tomar posição sobre
os fundos europeus para 2021- 2017.
10% dos
orçamentos municipais provêm de fundos comunitários, o que mostra bem a
importância para o investimento local.
Ora numa Europa
a várias velocidades e num país como o nosso, em que é essencial garantir
fundos para o desenvolvimento, quando se anunciam cortes nos Fundos de Coesão,
é determinante ter deputados que nos dêem a garantia de que não aceitarão
cortes.
Neste momento a
única coisa que temos certa é a proposta da Comissão Europeia de redução de 7%
nas verbas para Portugal. E bem pode o PS dizer que já negociou um aumento porque
está a jogar com confusões entre aumento de valores a preços correntes ou a
preços constantes, porque a realidade é a da redução real.
Ora, PS e PSD
fizeram em Abril do ano passado um acordo quanto fundos estruturais para
2021-2027. O que é que acordaram? Deviam vir dizê-lo, para que os cidadãos
antes de votar soubessem com o que contam.
É que se o
corte dos fundos de coesão se mantiver os deputados do PS e do PSD têm um dever
para com o país de votar contra o orçamento europeu. Mas comprometem-se desde
já a isso?
Até para a
semana!
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