segunda-feira, 8 de abril de 2019

A CRONICA DE OPINIÃO TRANSMITIDA HOJE NA RÁDIO DIANA/FM


                                                                            MARIA HELENA FIGUEIREDO
                                       Bruxelas aqui tão perto
As eleições para o Parlamento Europeu estão à porta e não ouvimos o debate político a ser feito e a chegar às pessoas.
Estas são as eleições que menos mobilizam os cidadãos, e nas últimas eleições para o Parlamento Europeu, em 2014, a taxa de abstenção foi altíssima. Apenas um em cada três eleitores votou.
As razões para tanto desinteresse dos cidadãos são, como sabemos, várias, e muita gente desistiu de votar nas eleições europeias por achar que o que se passa lá pela União Europeia é uma coisa distante, que pouco importa para o seu dia a dia.
Acham que o voto não serve para nada, que não é a União Europeia que lhes arranja emprego, lhes aumenta o salário ou a pensão ou lhes arranja a tal consulta de que já estão à espera há mais de 8 meses.
Não podiam estar mais enganadas. O que tem sido decidido na União Europeia é que determina se vai haver investimento no Estado Social, se há emprego, se há aumento de salários e pensões.
Por isso a importância de cada um votar e a responsabilidade política dos partidos fazer um debate sério sobre a Europa, de forma clara, simples, que mostre a importância das decisões europeias e da defesa lá fora dos nossos direitos. Um debate que chegue aos cidadãos, porque só dessa forma se trazem os cidadãos à política e ao voto.
Mas ao invés, o que temos visto são manobras de diversão de alguns partidos, certamente para não serem confrontados com as posições que têm tomado nas instâncias europeias nos últimos anos e com as responsabilidades têm quando aceitam, sem contestar, as imposições da União Europeia.
Mais papistas que o papa, apoiaram as politicas liberais determinadas pela União Europeia e privatizaram empresas publicas estratégicas para o nosso desenvolvimento, injectaram milhões na banca, desregularam o mercado de trabalho, aceitaram as regras orçamentais que estrangulam o investimento no Serviço Nacional de Saúde, abalam a generalidade das politicas públicas e comprometem o Estado Social.
Também não apresentam clara e inequivocamente as suas posições face às questões que realmente importam e que vão ser decididas na União Europeia.
O CDS entreteve-se este fim de semana a apresentar os seus candidatos às eleições legislativas do final do ano, como se não existissem eleições europeias dentro de mês e meio, distraindo as atenções sobre o que andou a fazer. PS e PSD contam familiares.
Tudo isto quando dia 26 de maio temos eleições e estas eleições são extremamente importantes. Será o próximo Parlamento Europeu que terá de tomar posição sobre os fundos europeus para 2021- 2017.
10% dos orçamentos municipais provêm de fundos comunitários, o que mostra bem a importância para o investimento local.
Ora numa Europa a várias velocidades e num país como o nosso, em que é essencial garantir fundos para o desenvolvimento, quando se anunciam cortes nos Fundos de Coesão, é determinante ter deputados que nos dêem a garantia de que não aceitarão cortes.
Neste momento a única coisa que temos certa é a proposta da Comissão Europeia de redução de 7% nas verbas para Portugal. E bem pode o PS dizer que já negociou um aumento porque está a jogar com confusões entre aumento de valores a preços correntes ou a preços constantes, porque a realidade é a da redução real.
Ora, PS e PSD fizeram em Abril do ano passado um acordo quanto fundos estruturais para 2021-2027. O que é que acordaram? Deviam vir dizê-lo, para que os cidadãos antes de votar soubessem com o que contam.
É que se o corte dos fundos de coesão se mantiver os deputados do PS e do PSD têm um dever para com o país de votar contra o orçamento europeu. Mas comprometem-se desde já a isso?
Até para a semana!



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