( hoje a cargo do Rufino
Casablanca)
“LAURA”
Um filme de Otto Preminger, produzido pela 20th Century Fox em
1944.
Gene Tierney, principal intérprete feminina deste filme, foi uma das
actrizes mais belas e talentosas do cinema – da América ou de qualquer outro
país e de todos os tempos – e até dizem que ainda era mais bela pessoalmente do
que na tela. A propósito da beleza desta mulher, contava-se em Hollywood, lá
pelo final dos anos trinta, que o chefão dos estúdios da 20th Century Fox,
Darryl F. Zanuck, chamou um dos seus agentes e encarregou-o de contratar a
actriz, custasse o que custasse, pois nunca tinha visto uma mulher tão bela em
toda a sua vida, e que era dela exactamente que ele precisava para interpretar
uma personagem especial num filme que estava ainda na fase de preparação.
Passados dias voltou a chamar o agente e disse-lhe que ficava sem efeito o que
lhe tinha pedido antes, pois encontrara outra actriz ainda mais bela e mais talentosa,
actriz essa que nesse preciso momento o esperava na saleta que dava acesso ao
escritório. Um pouco gaguejando as palavras e pouco à vontade, o agente, que já
tinha passado pela referida saleta, disse: “Chefe, a rapariga que está à espera
na saleta, é precisamente Gene Tierney. Parece mais bela porque não está
maquilhada.”
Esta espécie de anedota que corria por aquelas bandas apenas se
destinava a exaltar a beleza natural e o talento desta actriz. E o filme a que
Darryl F. Zanuck se referia era este mesmo, “Laura.”
Título Original: “Laura”
Título Português: “Laura”
Ano de Produção: 1944
Argumento: J. Dratler, S. Hoffenstein, R. Lardner – baseado num
romance de Vera Caspary
Fotografia: J. La Shelle (ganhou um Óscar pela seu trabalho
neste filme)
Música: David Raksin
Elenco: Gene Tierney, Dana Andrews,
Clifton Webb, Vincent Price…
O argumento e o estilo de filmagem, é uma mistura que se situa
entre o “film noir”, o filme policial, o drama psicológico e emocional e
o melodrama. No início parece-nos um labirinto demasiado complexo para o qual
será muito difícil encontrar saída. E no entanto, às tantas, tudo começa a
parecer lógico e racional. Tudo nos parece natural à medida que o detective,
interpretado por Dana Andrews, ele próprio também vítima da atracção obsessiva
que todos os personagens vão sentindo pela assassinada, Laura, magnificamente
interpretada por Gene Tierney.
Este tipo de filmes, que nos habituámos a ver realizados,
sobretudo por Alfred Hitchcock, sempre nos surpreendem porque também nos habituámos
a considerá-los de qualidade menor. Ora esse é um dos grandes erros em que
qualquer um pode cair, até lhe sair na rifa um filme destes. Quando a história
tem qualidade, quando o realizador sabe o que quer e como o atingir os fins a
que se propõe, e quando os intérpretes têm a categoria destes de que estamos
falando, com facilidade se chega à obra-prima. Não esquecendo, obviamente,
todos os que na parte técnica cumpriram a sua obrigação e até a excederam, como
foi o caso do homem da fotografia.
O filme policial, o filme de “suspense”, o filme de
terror, gótico ou não, são géneros de cinema que todos identificamos
facilmente. Pois em nossa opinião o “film noir” é um subgénero de
todos esses géneros, no singular ou de todos simultaneamente. E no filme, objecto
deste escrito, existe uma mistura de todos estes géneros.
Pois bem, contrariando opiniões de pessoas muito mais
qualificadas do que nós nestas coisas do cinema, até críticos reputados,
consideramos que este filme, Laura, não deve ser incluído no subgénero
chamado de “cinema noir”, e, já agora, explicamos o nosso conceito
desse género de cinema.
Assim:
A fotografia será sempre a preto e branco. O orçamento de um “film
noir” será sempre reduzido. Será sempre considerado um filme de classe
B, e os argumentistas deste tipo de filmes normalmente assinam os seus
trabalhos com pseudónimos porque se consideram acima destas fitas. Os actores e
actrizes são sempre de segunda linha. E realizadores consagrados não executam
estes trabalhos.
Ora com excepção da fotografia a preto e branco, tudo neste
filme contraria o que acabámos de escrever: O orçamento foi, na época,
considerado excessivo; o filme não pode ser considerado de classe B porque teve
cinco nomeações para os Óscares, acabando Joseph La Shelle por receber a
estatueta pela qualidade da fotografia; os argumentistas assinaram o trabalho
com os seus próprios nomes; O elenco é primeira linha e o realizador é um nome
consagrado.
Em resumo: Este filme não tem género outro que não seja o de um
grande filme
Rufino Casablanca – Terena – Monte do Meio – Dezembro de 1994
Rufino Casablanca – Terena – Monte do Meio – Dezembro de 1994
VIDE TRAILLER
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