CLÁUDIA SOUSA
PEREIRA
A Caixa (dá música)
O assunto da Caixa Geral de
Depósitos chegou à campanha eleitoral. Uma espécie de novo tom para hinos de
campanha, de novo terreno a juntar-se aos mercados e feiras, onde pouco mais se
diz aos potenciais eleitores do que qual o nome e os rostos dos Partidos. São
sobretudo tournées, oportunidades de mais populares verem ao vivo, com direito
a beijoca e selfie, aqueles que lhes entram em casa tacticamente todos os dias,
a dizer quase sempre mais ou menos a mesma coisa – que já nem os ouvem!
Porque para quem lê, vê ou
ouve, com atenção, como prática regular, debates e comentários, notícias que
não queiram só vender o sangue pelo sangue – que é aquele que não se esvai de
mim nem dos meus – para estes as novidades vindas a público são, em termos
gerais e sem o detalhe da fotografia dos procurados e talvez quem sabe um dia
condenados, novidades pouco novas.
Não quero obviamente dizer com
isto que não se devia ter mexido no assunto da Caixa. Até já chega tarde!… e,
espantem-se muitos exaltados, graças a um Governo do PS. Espero é que seja como
uma vacina por que esperamos há muito e seja, como tal, profilática de práticas
a perpetuarem-se. Bom mesmo era que se espalhasse a notícia com contornos ainda
mais úteis à saúde da Democracia e que se fizesse perceber aos muitos
frequentadores, quase residentes de feiras, mercados e programas da manhã,
como, à escala, resultam os jeitinhos e favorzinhos que, em podendo, tantos
milhares de pessoas gostariam de obter. Percebe-se que o façam porque não vivem
bem, porque lhes faltam bens ou serviços essenciais, mais uns que outros, mas
sem que pensem que enquanto for só por jeitinho ou favor, ao ser fora de um
sistema que tenha que mudar, alguém ficará prejudicado. Se não for
directamente, será porque nada mudou para melhor e que ajude o próximo, como
diz o discurso religioso que alguns, que o proferem em modo ladainha, já nem
entendem. Como se só soubessem entoar de ouvido…
Pois sobre o assunto da Caixa
Geral de Depósitos só me lembrou a intervenção daquela senhora deputada do PSD,
acusada de ter marcado a presença por outro, e que resolveu insultar, até quem
só falou do assunto, de “virgens ofendidas”. Já estou a imaginar os mesmos que
julgaram todos os deputados pelo mesmo padrão a acenarem ao ouvir as palavras
na voz fina e frágil da senhora deputada. E, às tantas, sem se aperceberem do
“coro que estava a bater-lhes”! É uma pena que a música se possa prestar a
tantas metáforas que pouco tenham a ver com a Beleza. É como a ficção!
Até para a semana.
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