Desconhecidos pela maior parte de todos aqueles que felizmente se
interessam pela Sétima Arte, dado que a maioria não passou pelos circuitos
comerciais, iniciamos com Abraham
Lincoln (Já publicado), uma série que se irá prolongar ao longo de várias semanas, em que o
leitor interessado poderá entre outros descobrir algo de novo nos mandatos de:
Bill Cliton, Truman, Tomas Hendrik – Roosevelt – Kennedy, entre outros.
A Eleição Presidencial de 7 de Novembro
de 1876
Mais
uma vez Gustavo Menendéz aborda, no cinema, a política norte-americana,
dando-nos a sua visão sobre umas eleições muito polémicas, realizadas há mais
de um século.
Foi
assim que Gustavo Menendéz viu estas eleições:
Terça-Feira,
07 de Novembro de 1876. Dia de eleições presidenciais na República dos Estados
Unidos da América.
O
governador do estado de Nova Iorque, Samuel J. Tilden, foi o candidato do
partido democrata; o candidato a vice-presidente foi Thomas A. Hendrick.
O
governador do estado do Ohio, Rutherford B. Hayes, foi o candidato republicano
e levava como candidato a vice-presidente Willyan A. Wheeler.
Explicação
dada por escrito e voz em off no início do filme: “Segundo a Constituição dos
Estados Unidos da América, no seu artigo 2º, secção l, o presidente dos Estados
Unidos é escolhido por uma maioria de votos do colégio eleitoral, tendo cada
estado direito ao mesmo número de membros no colégio eleitoral como de
delegados no Senado e na Câmara dos Representantes”.
De
referir que nessa época (1876), apenas existiam 39 estados, a maioria dos quais
se situava na costa leste. Na costa oeste apenas estavam organizados como
estados, já dotados com leis e órgãos de governação próprios, a Califórnia o
Oregon e o Nevada. Todo o grande centro do país, que ia do golfo do México ao
Canadá, constava, na legislação americana de então, como “territórios sem
direito a voto”. O Alasca ainda era russo, enquanto o Havai eram umas ilhas
perdidas lá no meio do Oceano Pacífico e habitado por um povo de
características malaias.
A
Constituição dos Estados Unidos, conscientemente redigida para esse efeito,
sobretudo as sucessivas emendas a que tinha sido sujeita, segundo a visão do
Gustavo Menendéz, era nessa altura, e ainda é hoje, suficientemente ambígua
para suportar todas as interpretações que sobre ela se pretendam fazer. E não
têm sido poucas. Assim, pode ser presidente dos Estados Unidos da América, o
candidato que tem menos votos. Isso, na Europa dava, pelo menos, direito a uma
guerra civil
Pois
foi exactamente isso que aconteceu na eleição presidencial de 1876. Foi
empossado o candidato republicano, Rutherford B. Hayes, quando quem tinha mais
votos populares era o candidato democrata. Mas não deve ter sido apenas esse
aspecto que chamou a atenção de Gustavo Menendéz, ao ponto de ter realizado um
filme sobre esta temática. É que, pelo meio, também houve manigâncias na
contagem dos votos e na indução da opinião pública, feita através da imprensa.
Parece que um tal John Reid, editor-chefe do jornal “New York Times”, publicou
notícias falsas sobre os resultados que iam chegando a conta-gotas, pois como
facilmente se adivinha que nessa época chegariam. Criou-se um clima de tal
maneira suspeito que obrigou à intervenção do Senado e da Câmara dos
Representantes, e como estes dois órgãos não se entenderam, ou antes, tinham
opiniões diferentes sobre a situação, consoante as maiorias que os dominavam,
houve um impasse. Como consequência, teve que intervir o Supremo Tribunal
Federal. Mas mesmo aqui, no Supremo Tribunal, também houve alteração
de juízes em última hora, pois o presidente cessante, que era republicano e
herói da Guerra da Secessão, nem mais nem menos que o general Ulisses S. Grant,
decidiu que era boa altura de substituir juízes por si nomeados e que,
naturalmente, eram favoráveis ao lado republicano.
E
pronto, lá entronaram o candidato republicano como 19º presidente americano.
O
que chama a atenção deste cronista é a grande ânsia do realizador em
desacreditar a democracia norte-americana sempre que se oferece ocasião para
isso. Numa pesquisa que fizemos sobre a vida deste cineasta, verificámos que,
apesar de lhe ter sido concedida a cidadania norte-americana, posteriormente
foi muito maltratado pela justiça deste país, chegando mesmo a estar preso por
motivos políticos, e estamos em crer que a realização destes filmes mais não
são que uma tentativa de tirar desforra em todas as situações que se lhe
oferecem.
Rufino Casablanca –
Monte do Meio – Novembro de 1997
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