segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

UMA HISTÓRIA DE NATAL ( Pela Ausenda)

          CARTA AO PAI NATAL E A SUA RESPOSTA


Querido Pai Natal
Sou a Ana e resolvi escrever-te, outra vez, para te perguntar porque não puseste no meu sapatinho, a boneca que eu te pedi e no do meu irmão, o Zeca o carrinho que ele pediu?
 É que, a Teresinha, a minha colega de carteira, pediu-te uma boneca daquelas que andam de patins, tomam biberão, falam, choram… e  o irmão dela, o Tó pediu um computador e … Tu, a eles deste!... Porquê?
 A minha mãe disse-nos que, talvez nós tivéssemos esquecido o código postal e a Teresinha e o irmão, não; portanto, as suas cartas à partida, já tinham meio caminho andado e, as nossas tendo que andar o caminho todo, poderiam não ter chegado a tempo. Eu e o Zeca temos a certeza que, o código postal não foi esquecido.
Pensámos que, talvez fosse pelo facto dos nossos sapatos não serem tão bonitos como os da Teresinha e do Tó e, por já estarem muito velhos… Se foi por isso, desculpa, Pai Natal, mas não temos outros!

 Um beijo, da Ana e do Zeca, também.


   Querida Ana
 Foi, com muita emoção que li a tua carta e acredita que, ela me deixou tão triste que, chorei as lágrimas mais salgadas, de toda a minha vida.
Reuni com todos os Pais Natal do mundo, consultei os Estatutos da Criança, folheei de A a Z, o Dicionário da Língua Portuguesa e… a única resposta que consegui, foi esta:
 “DEUS DISPÕE MAS… O HOMEM NÃO PÕE”…
 Um beijo para Ti e para o Zeca, também, do Pai Natal.
Pai Natal

 P.S.   Se não perceberes, desculpa mas… aqui, para nós, eu também NÃO


Ausenda Ribeiro

2 comentários:

Anónimo disse...


O Natal de Cada Qual

É amor de pouca dura,
Como já é habitual.
É consumismo, é loucura!...
Os hinos do Capital.

Natal é tempo de amor
E de confraternização!
É tempo de dar a mão,
A todos, seja a quem for!
Sem olhar a credos nem cor,
Convivermos, com doçura,
Fazendo boa figura
Para o Menino Jesus ver!...
A mãe dele, vai-lhe dizer:
É amor de pouca dura.

É tempo de paz, também,
Sem ódio e sem quezílias.
E lembramos as famílias
E o subsídio, que não vem…
Crianças pobres ficam sem
A prendinha de Natal…
P’ra manter o ritual,
Só se for um chocolate!
Tudo o mais é disparate
Como já é habitual.

E o Natal dos pequeninos
Pela força recrutados,
Servindo como soldados
Às ordens de assassinos?
Pró Natal desses meninos;
Armas… em vez de ternura.
Constato com amargura
Que há dinheiro p’ra comprar,
Prendas dessas p’ra lhes dar…
É consumismo, é loucura!...

Pelo Natal acontecem
Lindos discursos, canções,
Caridade, boas ações…
Que logo desaparecem.
Pró ano talvez regressem
Com a hipocrisia sazonal,
Mesclada de espiritual
E cantarão os mesmos hinos,
Que nada têm de divinos:
Os hinos do capital.

De:
Versos Dispersos

Ausenda Ribeiro disse...

Obrigada pelo lindo comentário!
Foi isso mesmo que a inocência da Ana quis dizer.