CARTA AO PAI NATAL E A SUA RESPOSTA
Querido Pai Natal
Sou a Ana e resolvi escrever-te, outra vez, para te perguntar porque não
puseste no meu sapatinho, a boneca que eu te pedi e no do meu irmão, o Zeca o
carrinho que ele pediu?
É que, a Teresinha, a minha colega de carteira, pediu-te uma boneca daquelas
que andam de patins, tomam biberão, falam, choram… e o irmão dela, o Tó
pediu um computador e … Tu, a eles deste!... Porquê?
A minha mãe disse-nos que, talvez nós tivéssemos esquecido o código postal e a
Teresinha e o irmão, não; portanto, as suas cartas à partida, já tinham meio
caminho andado e, as nossas tendo que andar o caminho todo, poderiam não ter
chegado a tempo. Eu e o Zeca temos a certeza que, o código postal não foi
esquecido.
Pensámos que, talvez fosse pelo facto dos nossos sapatos não serem tão bonitos
como os da Teresinha e do Tó e, por já estarem muito velhos… Se foi por isso,
desculpa, Pai Natal, mas não temos outros!
Um beijo, da Ana e do Zeca, também.
Querida Ana
Foi, com muita emoção que li a tua carta e acredita que, ela me deixou tão
triste que, chorei as lágrimas mais salgadas, de toda a minha vida.
Reuni com todos os Pais Natal do mundo, consultei os Estatutos da Criança,
folheei de A a Z, o Dicionário da Língua Portuguesa e… a única resposta que
consegui, foi esta:
“DEUS DISPÕE MAS… O HOMEM NÃO PÕE”…
Um beijo para Ti e para o Zeca, também, do Pai Natal.
Pai Natal
P.S.
Se não perceberes, desculpa mas… aqui, para nós, eu também NÃO
Ausenda Ribeiro
2 comentários:
O Natal de Cada Qual
É amor de pouca dura,
Como já é habitual.
É consumismo, é loucura!...
Os hinos do Capital.
Natal é tempo de amor
E de confraternização!
É tempo de dar a mão,
A todos, seja a quem for!
Sem olhar a credos nem cor,
Convivermos, com doçura,
Fazendo boa figura
Para o Menino Jesus ver!...
A mãe dele, vai-lhe dizer:
É amor de pouca dura.
É tempo de paz, também,
Sem ódio e sem quezílias.
E lembramos as famílias
E o subsídio, que não vem…
Crianças pobres ficam sem
A prendinha de Natal…
P’ra manter o ritual,
Só se for um chocolate!
Tudo o mais é disparate
Como já é habitual.
E o Natal dos pequeninos
Pela força recrutados,
Servindo como soldados
Às ordens de assassinos?
Pró Natal desses meninos;
Armas… em vez de ternura.
Constato com amargura
Que há dinheiro p’ra comprar,
Prendas dessas p’ra lhes dar…
É consumismo, é loucura!...
Pelo Natal acontecem
Lindos discursos, canções,
Caridade, boas ações…
Que logo desaparecem.
Pró ano talvez regressem
Com a hipocrisia sazonal,
Mesclada de espiritual
E cantarão os mesmos hinos,
Que nada têm de divinos:
Os hinos do capital.
De:
Versos Dispersos
Obrigada pelo lindo comentário!
Foi isso mesmo que a inocência da Ana quis dizer.
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