terça-feira, 17 de dezembro de 2013

É NATAL...VAMOS AO CIRCO - (Por Helder Salgado)

                                         É Natal, vamos ao circo


 A quadra natalícia é abundante em manifestações de arte tendo como epicentro o presépio com a sagrada família, os reis magos, os animais e a famosa estrela guiadora.
Os prosadores dedicam-lhe os seus contos e os poetas os seus poemas. E, não vamos falar da chuva de publicidade aos doces, especialmente ao chocolate.
É mais do que evidente o agitar das pessoas nesta quadra.
É nesta altura que fomos pela primeira vez ao circo levados pelos nossos pais ou padrinhos. Depois, mais tarde, já pais ou padrinhos retribuímos estas idas ao circo.
Destas lendárias entidades recordo o primeiro circo que tenho memória, o circo Laçalete, que se alojou durante muito no Rossio de Terena.
Desse tempo, já longínquo, lembro-me dos “títeres” e duma macaca a dona “Fabela” e ainda de uma cabra que habilidosamente subia as costas de uma cadeia.
O tempo que estavam numa povoação angariavam amigos e algumas vezes os locais eram padrinhos dos filhos nascidos na terra onde essas famílias nómadas se localizavam.
Circos houve e alguns ainda persistem como o Prin e o lendário e famoso circo Cardinal. (com Vítor Hugo Cardinal agora em maus lençóis)
Confesso que de o espetáculo Circense, o que mais me divertia eram os palhaços. 
Achava e ainda acho graça aos seus gestos e às rábulas, sempre com um desempenho compassado e com intervalos silenciosos para logo a seguir, com algum estrondo romperem esse silêncio, o que levava o espetador a rir até á gargalhada.
Quem não se recorda dos nomes de “O Batatinha, do Panana, do Pintarolas” do palhaço rico e do palhaço pobre e da diferença do seu vestir.
Por detrás dessa figura está um homem que sempre respeitei e admiro.
Quantas vezes, esses artistas, em cena, tiveram que esquecer os seus problemas, deixar por momentos de pensar nas suas dificuldades e aflições.
Quantas vezes terão chorado para fazer rir.
São as contingências da vida, os sacrifícios para se ter a cabeça erguida, a afirmação como Homens.

Um sonho
No meio artístico português, no mundo da revista, tivemos um artista que não se sentia realizado sem interpretar o papel de palhaço.
Desde o princípio da sua carreira Raúl Solnado, que há pouco nos deixou, sonhou um dia ser Palhaço.
Quem não se lembra das rábulas que este senhor da cena artística portuguesa desempenhou sempre, como protagonista?
Quem não se lembra da “visita da Cornélia”, uma simpática vaca leiteira, que lançou o Tozé Martinho, para o mundo artístico, e do “Zip, Zip” onde se recorda a imitação da frase ”não quero ver os portugueses divididos entre si como inimigos” plagiada dum discurso de Marcelo Caetano.
Raúl foi um artista polivalente, versátil, sério e social.
Certamente se lembram das pirâmides de géneros alimentícios que mereceram a sua angariação, seu empenho e dedicação.
Fundou, no âmbito social, com outro artista o Armando Cortês, o centro de acolhimento, a Casa do Artista,
Foi com António Silva o meu artista de eleição.
Puxando um pouco pela memória recordo os nossos famosos comediantes, que nos deliciaram com a arte de bem representar e, estou convicto que noutro país seria verdadeiras estrelas.
Quem duvida que não o seria um António Silva, um Vasco Santana, um Barroso Lopes, Eugénio Salvador nos tempos passados ou um Ribeirinho, um Humberto Madeira, um José Viana, um Henrique Santana, um Camilo de Oliveira, este com ligações ao circo e ao Alentejo, nos tempos mais próximos.

Um palhaço chamado Raúl.

Num espetáculo televisivo, pela mão de Fialho Gouveia, Raúl Solnado teve a oportunidade se vestir de palhaço.
Mostrou no pequeno écran, como sempre o mostrou no palco, a sua inteligente fibra de artista.
Raúl ao interpretar e assumir o papel de palhaço dignificou, ainda mais, o espetáculo circense.
Foi aqui nesta magnifica interpretação que pronunciou a celebre frase, que comoveu, não só o mundo artístico, mas também o Povo Português “façam favor de ser felizes” 
No meu “circo” no círculo de pouca dimensão da minha escrita, tal como o Raúl Solnado se assumiu no papel de palhaço, todo o interveniente terá que assumir-se, contribuindo assim, para a dignificação do espaço, onde me é permitido escrever o Al Tejo.
Continuarei a ir e a levar gente ao circo.
Dignifique-se respeitando o meu espetáculo, ainda que pouco ou nada valha.
Um abraço natalício e um BOM NATAL.
Helder salgado.
17-12-2013
Obs: Nesta postagem apenas são admitidos comentários devidamente identificados

3 comentários:

Anónimo disse...

Grande abraço ao Hélder pela excelência e generosidade do seu contributo neste blogue. Grande abraço ao Chico Manel pela qualidade e pela persistência em manter acesa esta chama. Um bom 2014 para todos os de boa vontade. Manuel Subtil

Anónimo disse...

Um abraço ao Amigo Hélder e votos de boas festas para o Chico . E para todos os meus amigos e para os outros...Façam o favor de não chatear mais!!

Claré

Ausenda Ribeiro disse...

Fabuloso trabalho Hélder! Gostei muito da forma original como abordaste o tema. Parabéns, um abraço.

Ausenda