É Natal, vamos ao
circo
A
quadra natalícia é abundante em manifestações de arte tendo como epicentro o
presépio com a sagrada família, os reis magos, os animais e a famosa estrela
guiadora.
Os
prosadores dedicam-lhe os seus contos e os poetas os seus poemas. E, não vamos
falar da chuva de publicidade aos doces, especialmente ao chocolate.
É
mais do que evidente o agitar das pessoas nesta quadra.
É
nesta altura que fomos pela primeira vez ao circo levados pelos nossos pais ou
padrinhos. Depois, mais tarde, já pais ou padrinhos retribuímos estas idas ao
circo.
Destas
lendárias entidades recordo o primeiro circo que tenho memória, o circo
Laçalete, que se alojou durante muito no Rossio de Terena.
Desse
tempo, já longínquo, lembro-me dos “títeres”
e duma macaca a dona “Fabela” e ainda de uma cabra que habilidosamente subia as
costas de uma cadeia.
O
tempo que estavam numa povoação angariavam amigos e algumas vezes os locais
eram padrinhos dos filhos nascidos na terra onde essas famílias nómadas se
localizavam.
Circos
houve e alguns ainda persistem como o Prin e o lendário e famoso circo
Cardinal. (com Vítor Hugo Cardinal agora em maus lençóis)
Confesso
que de o espetáculo Circense, o que mais me divertia eram os palhaços.
Achava e
ainda acho graça aos seus gestos e às rábulas, sempre com um desempenho
compassado e com intervalos silenciosos para logo a seguir, com algum estrondo
romperem esse silêncio, o que levava o espetador a rir até á gargalhada.
Quem
não se recorda dos nomes de “O Batatinha, do Panana, do Pintarolas” do palhaço
rico e do palhaço pobre e da diferença do seu vestir.
Por
detrás dessa figura está um homem que sempre respeitei e admiro.
Quantas
vezes, esses artistas, em cena, tiveram que esquecer os seus problemas, deixar
por momentos de pensar nas suas dificuldades e aflições.
Quantas
vezes terão chorado para fazer rir.
São
as contingências da vida, os sacrifícios para se ter a cabeça erguida, a
afirmação como Homens.
Um sonho
No
meio artístico português, no mundo da revista, tivemos um artista que não se
sentia realizado sem interpretar o papel de palhaço.
Desde
o princípio da sua carreira Raúl Solnado, que há pouco nos deixou, sonhou um
dia ser Palhaço.
Quem
não se lembra das rábulas que este senhor da cena artística portuguesa
desempenhou sempre, como protagonista?
Quem
não se lembra da “visita da Cornélia”, uma simpática vaca leiteira, que lançou
o Tozé Martinho, para o mundo artístico, e do “Zip, Zip” onde se recorda a
imitação da frase ”não quero ver os
portugueses divididos entre si como inimigos” plagiada dum discurso de
Marcelo Caetano.
Raúl
foi um artista polivalente, versátil, sério e social.
Certamente
se lembram das pirâmides de géneros alimentícios que mereceram a sua
angariação, seu empenho e dedicação.
Fundou,
no âmbito social, com outro artista o Armando Cortês, o centro de acolhimento,
a Casa do Artista,
Foi
com António Silva o meu artista de eleição.
Puxando
um pouco pela memória recordo os nossos famosos comediantes, que nos deliciaram
com a arte de bem representar e, estou convicto que noutro país seria
verdadeiras estrelas.
Quem
duvida que não o seria um António Silva, um Vasco Santana, um Barroso Lopes, Eugénio
Salvador nos tempos passados ou um Ribeirinho, um Humberto Madeira, um José
Viana, um Henrique Santana, um Camilo de Oliveira, este com ligações ao circo e
ao Alentejo, nos tempos mais próximos.
Um palhaço chamado Raúl.
Num
espetáculo televisivo, pela mão de Fialho Gouveia, Raúl Solnado teve a
oportunidade se vestir de palhaço.
Mostrou
no pequeno écran, como sempre o mostrou no palco, a sua inteligente fibra de
artista.
Raúl
ao interpretar e assumir o papel de palhaço dignificou, ainda mais, o
espetáculo circense.
Foi
aqui nesta magnifica interpretação que pronunciou a celebre frase, que comoveu,
não só o mundo artístico, mas também o Povo Português “façam favor de ser felizes”
No
meu “circo” no círculo de pouca
dimensão da minha escrita, tal como o Raúl Solnado se assumiu no papel de
palhaço, todo o interveniente terá que assumir-se, contribuindo assim, para a
dignificação do espaço, onde me é permitido escrever o Al Tejo.
Continuarei
a ir e a levar gente ao circo.
Dignifique-se
respeitando o meu espetáculo, ainda que pouco ou nada valha.
Um
abraço natalício e um BOM NATAL.
Helder
salgado.
17-12-2013
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3 comentários:
Grande abraço ao Hélder pela excelência e generosidade do seu contributo neste blogue. Grande abraço ao Chico Manel pela qualidade e pela persistência em manter acesa esta chama. Um bom 2014 para todos os de boa vontade. Manuel Subtil
Um abraço ao Amigo Hélder e votos de boas festas para o Chico . E para todos os meus amigos e para os outros...Façam o favor de não chatear mais!!
Claré
Fabuloso trabalho Hélder! Gostei muito da forma original como abordaste o tema. Parabéns, um abraço.
Ausenda
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