Jingon
Bels! Jingon Bels! Nã, nã, nã nã, nããããããã!!!
Eu e o meu amigo Prof.
Carlos Cebola, nos Cantares de há três anos
Isto é que vai ser um sacrifício escrever o Cloreto de Dezembro!
Não pelo jornal "Montemorense" e colegas, que me
merecem o maior respeito. Muito menos, pelos meus 10 leitores que me
cumprimentam com entusiasmo sempre que me encontram, dizendo que o mês já não
lhes corre bem se não lerem as minhas diatribes, quantas delas sem qualquer
sentido. O sacrifício é mesmo por
causa da época que atravessamos. É que o Natal é, para mim, a mais chata,
a mais hipócrita e a menos verdadeira de todas as festividades religiosas ou
civis que somos, praticamente, obrigados a celebrar.
Eu passo a explicar e depois calo-me porque, caso contrário,
aquele cheque gordalhucho que a minha sogra me prometeu de presentinho é capaz
de ser rasgado antes do dia 24 à meia- noite, como retaliação. E com a sogra
não se brinca.
Ora bem. Em primeiro lugar, o Menino Jesus não nasceu no dia 25
de Dezembro; depois, não sabemos se havia lá vaquinhas e burrinhos na gruta do
presépio (o Papa emérito Bento XVI anulou a vaca, lembram-se?). Também não está
garantido, a cem por cento, que havia pastores e ovelhinhas a pastarem por ali,
num sítio onde nem ervinhas havia; por fim, aquela cena do anjo a cantar
“Glória a Deus nas Alturas…” também me parece uma situação de encomenda e
coisas de encomenda é cena que não me assiste.
E ainda mais… A cena das prendas. Então, se na família gostam
tanto uns dos outros, por que é que só oferecem presentinhos agora, nesta
altura do ano? E, ainda por cima, eu tenho o azar de receber sempre a mesma
coisa. Em vez de um belo cheque ou de umas obrigações do tesouro, toda a gente
decide oferecer-me peúgas, boxers e até uma cueca fio dental. Não há paciência.
E, finalmente, para terminar em beleza, há a questão da família. Por que é que há pessoas que são obrigados a sorrir, a cumprimentar, a receber, a estar à mesa com pessoas da família que não têm por elas a menor consideração? Não acham isto uma estupidez da maior que há? Por acaso, cá no condomínio, não é o caso, porque todos me adoram, amam e veneram… mas há por aí com cada cena fingida que é de um tipo desatar a chorar!
Pronto. Já disse o que queria dizer. A única coisa, mas a única
mesmo, que eu gosto no Natal é dos Cantares
ao Menino e do poema inédito
que o professor Carlos Cebolaescreve
todos os anos para a iniciativa. De resto, para mim, é Natal todos os dias,
porque todos os dias há pessoas que precisam de mim e eu preciso delas.
E assim se passa o ano todo, num “Jingon Bells, Jingon Bells” quotidiano.
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