terça-feira, 10 de abril de 2012

A PROPÓSITO DO TEXTO “A CIDADE DO ENDOVÉLICO”

Ainda a propósito do trabalho do JCJ sobre a «Cidade do Endovélico», e em jeito de comentário tardio, aqui seguem algumas observações que, se para mais não servirem, servirão pelo menos para desopilar.

Pese embora o facto de ter conhecido alguns especialistas na matéria, durante os trabalhos efectuados no levantamento que tornaram possível a publicação da Carta Arqueológica do Alandroal, desde já aviso que o meu arqueólogo preferido é uma personagem de ficção: O Indiana Jones.
Esse mesmo. O do filme de Steven Spielberg.
Aquela curiosa personagem a quem Harrison Ford começou por dar vida no filme «Os Salteadores da Arca Perdida». Professor de arqueologia numa universidade americana, entretinha-se, nas horas vagas, a procurar artefactos arqueológicos. Quando o conheci, andava ele em busca da “Arca da Aliança”, um cofre dourado em que Moisés teria guardado as bíblicas tábuas de pedra em que estão gravados os “Dez Mandamentos”. E em vez das habituais ferramentas de pesquisa arqueológica, utilizava como principal instrumento um chicote.
Desculpem a desfaçatez e a ignorância de quem escreve estas linhas, mas a arqueologia não fazia parte dos meus interesses favoritos, embora sempre fosse sabendo que conhecer o passado seria uma boa maneira de melhor perspectivar o futuro. É claro que essa minha ignorância também não me impedia de reconhecer que esse trabalho era indispensável para que, cada vez mais, a Humanidade tomasse consciência do seu papel perante a vida dos que nos antecederam, perante a forma como os nossos avós tocaram o barco. Simplesmente, achava que essa função caberia sempre a quem tivesse os conhecimentos necessários, a quem estivesse tecnicamente apetrechado, a quem culturalmente estivesse à altura de tal propósito e a quem a essas pesquisas dedicasse a sua vida. O que não era, obviamente, o meu caso.
E foi por assim pensar que, numa curta e determinada fase da minha vida, quando tive que tomar decisões políticas sobre aspectos que não dominava completamente, me rodeei de especialistas a quem entreguei a tarefa de me informarem, com o rigor possível, sobre essas matérias. Desses trabalhos especializados, dessas pesquisas feitas por quem do assunto entendia, nasceu a publicação da “Carta Arqueológica do Alandroal”. Documento pioneiro no país, pois, como é sabido (pelo menos assim fui informado), o Alandroal, foi o primeiro concelho a editar um estudo dessa natureza.
O mesmo aconteceu aquando da aprovação do Plano Director do Alandroal por parte da Assembleia Municipal, em 27 de Janeiro de 1996 – ratificado pelo Conselho de Ministros em 14 de Agosto de 1997 e publicado no Diário da República em 15 de Setembro de 1997, 1º série B, entre as páginas 4927 e 4937, que no Art. 57 diz : «Sempre que, no decorrer de uma obra, sejam encontrados elementos de valor patrimonial, os trabalhos deverão ser suspensos, sendo tal facto imediatamente comunicado à Câmara Municipal, que dará conhecimento ao Instituto Português do Património Arquitectónico e Arqueológico».
Para além do que fica dito no parágrafo anterior, foram identificados na área do Município do Alandroal, um a um, cerca de 130 sítios arqueológicos, que necessitavam de autorização expressa do Instituto Português do Património Arquitectónico e Arqueológico (art. 56), antes de serem mexidos. Eram estas as conclusões a que até então se tinha chegado, e foram estas mesmas conclusões que ficaram “chapadas” nos documentos directores.
Mas nestas coisas de pesquisas arqueológicas nunca os trabalhos estão completos – e é nesse aspecto que este trabalho do JCJ se insere.
É uma visão nova.
A meu ver tem, até, algo de revolucionário.
Mas como nos tempos que correm, as revoluções são sempre olhadas com desconfiança, espero, pelo menos, que nas próximas revisões do PDM e da Carta Arqueológica, seja estudado.
Com humildade.
Por todas as partes.
Sem “egos” desmesurados.
Voltemos agora ao que interessa. Voltemos ao Indiana Jones. O Steven Spielberg, o George Lucas e o Harrison Ford no seu melhor. Uma mistura perfeita de efeitos especiais, humor, aventura e interpretações magníficas. Um trabalho de equipa.
Um trabalho de equipa que pode servir de exemplo e se recomenda para o que está a ser revisto no Alandroal. De forma a que as pedras que falam voltem à superfície. Com a contribuição de cada um.

J.R. – Alandroal, 08 de Abril de 2012

1 comentário:

Anónimo disse...

Gostei senhor Regatão! O Indiana Jones é um gajo porreiro mas agora temos um novo génio da arqueologia mundial!