quarta-feira, 11 de abril de 2012

DIREITO DE RESPOSTA

Exmo. Senhor

João Ribeiro (“vulgo” Regatão), ex- Presidente da C. Municipal de Alandroal (1992-1997):

Sem palavra que adjetive este misto de desgosto e estupefação, lástima talvez, que o seu texto deixou a latejar em mim, respondo-lhe, Sr. João Ribeiro, por uma única razão. Razão essa, alheia ao trabalho que aqui publiquei, alheia até às trôpegas palavras do seu delirante comentário embora delas derivada. Razão essa, para mim fundamental, sagrada até, como muito bem sabe – a amizade. Sim, a amizade, por estranho que lhe possa parecer, é apenas esse exigente sentimento que me move dolorosamente os dedos enquanto tento encontrar palavras que, não o magoando, o alertem.
«Simplesmente, achava que essa função caberia sempre a quem tivesse os conhecimentos necessários, a quem estivesse tecnicamente apetrechado, a quem culturalmente estivesse à altura de tal propósito …» a minha primeira tentação, confesso-lhe, foi seguir estas suas palavras e lembrá-lo que, se como afirma, e muito bem, a competência é exigível a qualquer técnico, mais alta, e bastante mais ampla, devia ser essa fasquia aquando da escolha de funções com as responsabilidades inerentes às que o amigo João “Regatão” deveria ter desempenhado à frente do Município da sua terra natal. Assim não foi certamente, pois é o senhor, que nos confessa aqui, que de Arqueologia (a minha pesquisa é histórica, não arqueológica) apenas conhecia o Indiana Jones, e quiçá, deixe-me lembrá-lo, as pedras do jogo do Xito e da Malha, que tanto promoveu, quem sabe se também com alguma fugaz memória de um filme sobre o Paleolítico. Mas, refreando-me, não analisarei se os conhecimentos e competências que o senhor possuía noutras áreas tinham a mesma qualidade, porque, se é verdade que certas páginas da história são interessantes para as futuras gerações, as do nosso passado recente, onde o meu amigo ainda parece viver (lembrando-se tão bem dos artigos da Lei), são daquelas folhas tristes que ficam para sempre sem consulta.
A memória, principalmente com o avançar da idade, torna-se seletiva (também não tenho curso de psicologia), é uma defesa natural do Ego, guarda prioritariamente o que o enaltece renegando o que lhe é adverso, assim sucede certamente com o meu amigo ao lembrar-se de forma perfeita dos articulados da lei e do «trabalho pioneiro» da Carta Arqueológica, e sem uma única palavra sobre os ALICERCES de outros “seus sucessos”, como por exemplo o Mercado e o Bairro de São Bento. Bairro este, que também deve ter um estudo geológico bem «chapado» e portanto os seus moradores podem estar seguros sobre a segurança do solo onde construíram as suas casas, depreendo.
E agora, como diz, «vamos ao que interessa, o Indiana Jones». Até esta personagem, este aventureiro que tanto estima, se real, teria duas formas de envelhecer. Uma, fingindo nada ter mudado, julgando-se ainda herói, sentado ao lado de outro dos seus fantasmas prediletos, o seu “vizinho" Inácio Veladas que todos os dias ia à herdade de Pão Mole, chicoteando (outra coincidência que pode aproveitar na sua ficção) os cavalos inexistentes de um Trem sem rodas, assente em quatro velhos cepos. Outra das formas dessa personagem envelhecer, se fosse real, verdadeiro, era maturando sem complexos a vida que passara, consciente, equilibrado, não senil, reconhecendo que as Tábuas que tanto procurou, se Mandamentos, eram contrárias, por natureza, à livre evolução do pensamento humano.
Medite sobre que fim quer dar ao seu filme. Eu, não gostaria de me lembrar de si ao lado do Inácio Veladas, os dois perdidos em ficções num Trem sem rodas nem cavalos, a brigarem-se pelo mesmo chicote. Por isso, lhe escrevo apenas com a amizade, evitando um dia misturar aqui a compaixão.
João Cardoso Justa

P. S.: Aconselho também, dos mesmos autores, A Caveira de Cristal.

8 comentários:

Anónimo disse...

Para o JCJ -

Desde já, obrigado pela amizade !
É um sentimento antigo que entre nós prevalece; de tal maneira antigo e enraízado, que certamente irá sobreviver a esta troca de galhardetes.

No entanto, este comentário, não é uma réplica ao teu "direito à resposta". É apenas para confirmar aquilo que tu dizes nas entrelinhas da tua resposta :
Com a minha já provecta idade, terceira, "quarta" ou "quinta", como tu entenderes, já se torna difícil responder de rompante. E se à idade juntares uma ida recente ao Alandroal, mais difícil essa resposta se torna.
Aliás, é esta última questão que mais dificulta a resposta.
Aqui para nós, que ninguém nos ouve, sempre te afianço que a recuperação cada vez é mais difícil para mim. Não há "guronsans" que me valham.

Portanto, a resposta, a verdadeira resposta, ficará para depois. Dá-me tempo.
Se para tanto houver pachorra. Tua e minha.

Outro abraço grande

JR

Anónimo disse...

Obs.


O Duarte Lima que vá dar uma grande curva nos alforges do crime.

Porque.

"Quem se fica na ponta dos pés tem pouca firmeza" Lao-Tsé,490 a.C.


M.S.


ANB

Anónimo disse...

FALEM COM O MESTRE ZÉ GATO QUE ELE SABE MUITO BEM ONDE ESTÃO TODAS ESSAS PAREDES. aPARACE LOGO A CIDADE. E DEIXEM-SE DESSAS DISCUSSÕES.

UM AMIGO.

Anónimo disse...

AO J. R.:

APRECIEI E MUITO, A SUA LISURA, A
SUA EDUCAÇÃO !

EU SABIA QUE AINDA HAVIA PESSOAS ASSIM !

OBRIGADA POR ISSO !

UM DIA SABERÁ QUEM SOU.

Anónimo disse...

João Cardoso, não estragues o arranjinho ao presidente, á Paula Fitas,e aos técnicos tão bons que temos. Então e os papagaios do Nabais, sempre tão faladores, por que não falam agora? Ora até que enfim está tudo de acordo. Caladinhos que nem ratos.

Um amigo

Anónimo disse...

O que noutro concelho seria uma mais valia e um motivo de debate com nivel, no Alandroal dá nisto a que já habituados, que é a intriga politica, a bisbilhotice, o lavar de roupa suja.
É o Alandroal e alguns alandroalenses no seu melhor

Anónimo disse...

Não vejo nenhum desmerecimento na análise do Regatão ao trabalho do Cardoso, lidos e relidos todos os textos. Bem pelo contrário. Talvez fosse exagerado trazer à colação o Indiana Jones mas o Regatão é assim, os que o conhecem bem sabem que ele muitas vezes fala por "parábolas".
Quanto ao João Cardoso podia ter evitado certas expressões. Injustas, a meu ver. E só possíveis porque o autor do trabalho tem sempre a adrenalina num patamar muito elevado.

Gostaria que esta polémica, travada por duas pessoas a quem reconheço mérito, não tomasse o caminho habitual no Alandroal, o da politiquice.

Até me estão deixar incomodado.

UM AMIGO

Anónimo disse...

Concordo plenamente com este último comentário (13-4-12, às 13:28), transmite exactamente a minha opinião. Só não concordo quando diz que "o autor do trabalho tem sempre a adrenalina num patamar muito elevado" ,neste caso parece-me que o autor tem o ego muito em cima.