FLORBELA ESPANCA
Alentejana de Vila Viçosa, viveu em conflito existencial com a vida, por ser mulher num mundo desigual, por ser filha de pai incógnito (embora lhe desse abrigo, sustento e instrução), pela morte do irmão, pelos insucessos amorosos… Fez o liceu em Évora e em 1917 ingressou na Faculdade de Direito de Lisboa, coisa rara para uma menina da província. “Livro de Mágoas” e “Livro de Soror Saudade” são os livros mais conhecidos. Escreve poemas por onde passa o desencanto, a tristeza, a solidão e o sofrimento, aliados a uma ternura e desejo de plenitude intensos. Foi a grande figura feminina da literatura portuguesa do incio do século XX.
Expresso Revista Actual
Poema para Florbela
Letra: Manuel da Fonseca
Música: Janita Salomé (João Eduardo Salomé)
Intérprete: Janita Salomé (in "Melro", 1980; reed. Movieplay, 1993)
Charneca de vida a vida
Tolhida de solidão
Névoa da água dos olhos
Triste coração pesado
Do coro de ganhões perdidos
Na sombra que cai do céu
Ladrões a comerem estradas
Entre cavalos da guarda
Para a cadeia das vilas
Bebedeira de malteses
Desgraçados e terríveis
Gritando facas de mola
Caminhos do Alentejo
Desde menino vos piso
No meu caminho para Beja
Ó navalhas de malteses!
Coro de ganhões perdidos
Emboscadas de ladrões
Ó urzes, cardos, esteveiras!
Terra bravia de fomes
Caminhos do Alentejo
Deixai-me passar em frente!
Que na Torre Alta de Beja
Florbela grita o meu nome
Sorrindo para os meus olhos
Com os seios tão redondos
Como duas rosas cheias!
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