DAS CARTAS À PRISÃO :
5 FACTOS SOBRE O VISCERAL
RELACIONAMENTO DE OSCAR WILDE
E ALFRED DOUGLAS
Em junho, comemorou-se o mês do Orgulho LGBT, em
homenagem a um grande marco na luta na rua pelos direitos dessa população: as
Rebeliões de Stonewall, que aconteceram em 28 de junho de 1969
Nos dias de
hoje, todos os anos, acontecem inúmeras Paradas do Orgulho LGBTQI+ durante esse
período.
Muitas das figuras históricas mais importantes e
lembradas da história, foram e são LGBTs. A homossexualidade, a bissexualidade e
transexualidade experimentam diferentes tratamentos ao longo da história, com
diversos altos e baixos. De comportamento absolutamente natural, passou a ser
pecado e até crime.
A importância de relembrar esses casos torna-se cada vez mais essencial
ao longo dos anos, especialmente porque ainda existe muito para se lutar em
prol da igualdade.
Oscar Wilde, famoso escritor irlandês, sofreu isso na pele de
maneira brutal: foi preso por causa da sua sexualidade, considerada crime no
Reino Unido durante o século 19. Além dele, muitas outras pessoas sofreram com
o preconceito de inúmeras épocas — mas resistem até os dias de hoje.
Aqui,
listamos alguns factos sobre esse icônico namoro:
1. Cartas de amor
Foram 55 mil palavras amorosas escritas por Oscar
Wilde ao seu amante Lord Alfred Douglas enquanto esteve preso numa cela de
prisão em Berkshire, Inglaterra. Eram cartas de amor viscerais que
ultrapassavam a perseguição sofrida por homossexuais no Reino Unido no século
19.
Além dos escritos do cárcere, os dois trocavam cartas
tristes principalmente quando brigavam e se separavam. Dessa forma, a poesia
observada nas obras dos dois estava presente no hábito do casal de escrever um
ao outro depoimentos de amor e ternura entre dois homens.
2. Livro sobre seu amor
Wilde e Douglas conheceram-se por meio de um primo do
poeta, Lionel Johnson, que foi responsável pela apresentação dos dois. Ele já
era uma espécie de cupido para o casal, mas tornou-se mais que isso ao começar
a desenvolver um romance que aparentemente teve a relação como inspiração.
O livro The Green Carnation, foi publicado
anonimamente pela primeira vez em 1894 e é muito utilizado até os dias de hoje
para falar sobre o relacionamento em questão, que foi narrando dramaticamente
ao longo das páginas. No entanto, o texto iria causar um problema para Wilde no
futuro: ele foi utilizado contra o autor durante os seus julgamentos em 1895.
3. Convivência difícil
Ainda que estivessem apaixonados um pelo outro, a convivência não era
fácil. Douglas era descrito como mimado, imprudente, insolente e extravagante,
gastando fortunas com homens e jogos de azar. Mas pior que isso: achava que o
seu amante tinha a obrigação de o ajudar nos seus altos gastos desnecessários.
Por esse motivo e muitos outros, os dois
frequentemente brigavam e terminavam o relacionamento que, no entanto, voltava
em pouco tempo com a reconciliação. As já mencionadas cartas eram trocadas
geralmente nesse período de término, gerando quase sempre um retorno rápido no
namoro.
4. Sem apoio da família
Na época, a homossexualidade era considerada crime no
Reino Unido.
Além de terem de se esconder da lei, também tinham que tentar
desvencilhar-se do poderoso pai de Douglas, o nono marquês de Queensberry, que
não apoiava o relacionamento. Mais do que não apoiar, o homem fazia de tudo
para difamar Wilde e manchar o seu nome para impedir o namoro. Chegou mesmo a ameaçar espancar os donos de estabelecimentos em que o casal tivesse
encontros.
Wilde dizia que a sua “vida inteira parece arruinada por esse
homem" e decidiu processa-lo. Ele conversou com um advogado e pediu um
mandato, que levou à prisão do Marquês. Mas isso não acabaria bem para o
escritor. Com o julgamento, foi obrigado a abrir mão das queixas, que o
colocaram numa situação perigosa. O orgulho, porém, fez com que ele
continuasse.
5. Prisão de Wilde
Durante a defesa do pai de Douglas, foi confirmado que
seus actos eram justificados pela preocupação com a companhia do filho. Foi
assim que o Marquês fez a denúncia pública sobre a sodomia de Wilde, alegando
que o escritor teria contratado 12 meninos em dois anos para a prática
criminosa. Wilde foi obrigado a retirar as acusações.
Mas isso não foi deixado de lado e ele foi condenado
no dia 25 de maio de 1895 por “sodomia e indecência grosseira”. Foi, então,
sentenciado a dois anos de trabalhos forçados num campo punitivo britânico
essencialmente pela sua sexualidade.
ISABELA BARREIROS
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