quinta-feira, 23 de julho de 2020

EM BUSCA DAS ORIGENS - Martinho Roma


                      ACHADOS NO CONFINAMENTO

Nós pautamos a nossa vida com uma postura de inquietação, de procura, de interrogações.
Esta inquietação sobre a vida e as consequentes respostas encontradas não são mais que a descoberta do conhecimento. Basta folhear o mais elementar livro da História da Filosofia e aí colhemos este ensinamento.
O princípio filosófico ensina-nos que essa postura de interrogações sobre tudo o que nos rodeia, leva-nos à descoberta da realidade.
Ser filósofo significa ser amigo do saber! É este princípio que me levou à pesquisa dos nomes e profissões dos meus antepassados.
E a que propósito vem este arrazoado sobre a filosofia?
 Interrogação feita, resposta logo encontrada! Quem procura, sempre encontra e, este adágio popular, vem consubstanciar o princípio da filosofia.
Neste tempo de confinamento, quebradas que foram as rotinas, nasceu em mim a ideia de procurar as minhas origens, os meus ascendentes, trabalho que venho fazendo com as dificuldades inerentes, como devem calcular!
Foto NET
Sabemos quem somos e o que queremos, mas todos aspiramos saber quem nos antecedeu para além dos nossos próximos avós!
Com maior ou menor dificuldade lá fui pesquisando (on-line), nos registos paroquiais e civis, os nascimentos, os casamentos e os óbitos dos meus antepassados. Este trabalho, dura há quatro meses e fui, ao longo da minha pesquisa, encontrando notícias que não estavam no meu conhecimento nem, certamente, no conhecimento da maioria dos meus conterrâneos.
E o estimado leitor perguntará: “O que é que descobriu?
Descobri a existência de um Padre Católico, nado e criado nos meados so Século XIX na Vila do Alandroal que desempenhou o seu sacerdócio como Capelão na Misericórdia e no Hospital do Alandroal, estando  “collado” como Pároco  à Vila de Alter do Chão.
Foto Net
Aqui deixo a transcrição do Registo Paroquial do seu nascimento, registos estes existentes até 1910; só a partir desta data é que começou a haver o Registo Civil:
“Aos dezasseis dias do mês de Julho de mil oitocentos e trinta e um anos nesta Igreja Matriz do Alandroal, Bispado de Elvas, baptizei solenemente e que dei os Santos óleos, digo, dei licença ao Reverendo Frei José António da Roza para baptizar – JOAQUIM – que nasceu no dia quatro deste mês, tem efeito executório e solenemente aplicar os Santos Óleos; filho legítimo do  primeiro matrimónio de José Simões natural e baptizado no lugar da Coellosa, termo de Penela, Bispado de Coimbra e de Donna Maria José natural desta Matriz; Neto paterno de Manoel Simões e de Mariana de Jesus naturais do dito lugar de Coellosa e Neto materno de Joaquim de Sant’Ana e de Luíza de Jesus naturais desta mesma Matriz. Foram padrinhos O Reverendo Cónego da Capela Real de Vila Viçosa José Bernardo e Maria de Nazaré Rosa desta Vila. E para constar fiz este termo que comigo assinam no dia mês e ano ut supra. O Prior Manuel Joaquim desta Matriz”.
Transcrevo o Óbito Nº 5 do ano de 1894 que me permitiu conhecer a existência deste Sacerdote:
“Ao primeiro dia do mez de Abril do anno de mil oito sentos e noventa e quattro pelas nove horas da manhã numa casa número nove da rua da Matta desta freguesia de Nossa Senhora da Conceição da villa e concelho de Alandroal, archidiocese d’Évora, faleceu, tendo recebido os sacramentos da santa madre igreja, um indivíduo do sexo masculino, por nome = JOAQUIM JOSÉ SANT’ANNA SIMÕES = d’edade de sessenta e dois annos, natural desta freguesia, morador nesta villa, capelão interino da Misericórdia e hospital civil desta freguesia e parocho collado a Alter do Chão, bispado de Portalegre, filho legítimo de José Francisco Simões e de Donna Maria José de Sant’Ana Simões, já falecidos, aquele do Logar da Coellosa, concelho de Penela, bispado de Coimbra e esta desta freguesia; o qual não fez testamento e foi sepultado no cemitério publico de Nossa Senhora das Neves. E para constar lavrei em duplicado este assento que assino Era ut supra. O Prior Cláudio José Nicolau”.
A novidade, pelo menos para mim, prende-se por só ter conhecido no Alandroal o Sr Padre Afonso e por ter descoberto que o apelido SANT’ANNA, tem origem no Rosário e está ligado à família ROMA.
Cá vou continuando confinado, trabalhando nas minhas pesquisas e, quando julgar oportuno, divulgarei constatações, que tenho guardado, sobre a vida dos habitantes do nosso concelho. Algumas são autênticas preciosidades!
Saudações e até à próxima visita! Sejam felizes-
Ota (Alenquer), 20 de Julho de 2020
Martinho Roma da Vila



2 comentários:

Anónimo disse...



OBS.

1)

Atento como qualquer alandroalense o deve estar à Amostragem destes

registos paroquiais, levantados pelo Martinho, que fazem parte da História

da Vila do Alandroal ( e agora do Al tejo), anota-se de

passagem, que estes ditos registos tinham uma enorme qualidade

historiográfica:--

narravam tudo, e davam aos registos todas as informações que às pessoas

diziam respeito. Para ser directo: eram tão ou mais completos e

familiares do que os cartões de cidadão actuais ( e com menos números).

Passando além desta impressão, acho que o Martinho, anda a redescobrir

tanto os seus lastros de vida quanto certos princípios e valores

filosóficos que a orientam. Assim seja, sem outras ou mais necessidades

justificativas antecedentes.


2)

Se assim for, e se esta leitura estiver correcta, há que perceber

também que a Informação e todos os Saberes que vamos acumulando, não são

mais do que uma das componentes da Vida que fundamentem a verdadeira

Sabedoria. Os livros e aprendizagens de Filosofia são apenas mais um dos

seus instrumentos.

E pronto. Venha daí uma leitura, cada vez mais abrangente, destes

registos paroquiais até que um dia, quem sabe, alguém se lembre de fazer

uma Mostra conjunta social,religiosa e demográfica do Alandroal (seculos

XIX e XX). Precedentes já aqui os temos e andam,por cá, a ser semeados.


Saudações/ Um Abraço

ANBerbem

Manuel Luz disse...

Amigo Martinho parabéns pelo trabalho a que te dedicas. Bem compreendo a satisfação de encontrares coisas originais. Eu faço recolha de informação de registos paroquiais e de outras origens, para fins genealógicos, há mais de 25 anos e todas as vezes que o faço encontro novidades e o trabalho nunca estará completo. É a minha receita para estar desperto e actuante. Um abraço. MSubtil