ACHADOS NO CONFINAMENTO
Nós pautamos a nossa
vida com uma postura de inquietação, de procura, de interrogações.
Esta inquietação sobre
a vida e as consequentes respostas encontradas não são mais que a descoberta do
conhecimento. Basta folhear o mais elementar livro da História da Filosofia e
aí colhemos este ensinamento.
O princípio filosófico
ensina-nos que essa postura de interrogações sobre tudo o que nos rodeia,
leva-nos à descoberta da realidade.
Ser filósofo significa
ser amigo do saber! É este princípio que me levou à pesquisa dos nomes e
profissões dos meus antepassados.
E a que propósito vem
este arrazoado sobre a filosofia?
Interrogação feita, resposta logo encontrada!
Quem procura, sempre encontra e, este adágio popular, vem consubstanciar o
princípio da filosofia.
Neste tempo de
confinamento, quebradas que foram as rotinas, nasceu em mim a ideia de procurar
as minhas origens, os meus ascendentes, trabalho que venho fazendo com as
dificuldades inerentes, como devem calcular!
Foto NET
Sabemos quem somos e o
que queremos, mas todos aspiramos saber quem nos antecedeu para além dos nossos
próximos avós!
Com maior ou menor
dificuldade lá fui pesquisando (on-line), nos registos paroquiais e civis, os
nascimentos, os casamentos e os óbitos dos meus antepassados. Este trabalho,
dura há quatro meses e fui, ao longo da minha pesquisa, encontrando notícias
que não estavam no meu conhecimento nem, certamente, no conhecimento da maioria
dos meus conterrâneos.
E o estimado leitor
perguntará: “O que é que descobriu?
Descobri a existência
de um Padre Católico, nado e criado nos meados so Século XIX na Vila do
Alandroal que desempenhou o seu sacerdócio como Capelão na Misericórdia e no
Hospital do Alandroal, estando “collado”
como Pároco à Vila de Alter do Chão.
Foto Net
Aqui deixo a
transcrição do Registo Paroquial do seu nascimento, registos estes existentes
até 1910; só a partir desta data é que começou a haver o Registo Civil:
“Aos dezasseis dias do mês de Julho de mil oitocentos e
trinta e um anos nesta Igreja Matriz do Alandroal, Bispado de Elvas, baptizei
solenemente e que dei os Santos óleos, digo, dei licença ao Reverendo Frei José
António da Roza para baptizar – JOAQUIM – que nasceu no dia quatro deste mês,
tem efeito executório e solenemente aplicar os Santos Óleos; filho legítimo
do primeiro matrimónio de José Simões
natural e baptizado no lugar da Coellosa, termo de Penela, Bispado de Coimbra e
de Donna Maria José natural desta Matriz; Neto paterno de Manoel Simões e de
Mariana de Jesus naturais do dito lugar de Coellosa e Neto materno de Joaquim
de Sant’Ana e de Luíza de Jesus naturais desta mesma Matriz. Foram padrinhos O
Reverendo Cónego da Capela Real de Vila Viçosa José Bernardo e Maria de Nazaré
Rosa desta Vila. E para constar fiz este termo que comigo assinam no dia mês e
ano ut supra. O Prior Manuel Joaquim desta Matriz”.
Transcrevo o Óbito Nº 5
do ano de 1894 que me permitiu conhecer a existência deste Sacerdote:
“Ao primeiro dia do mez de Abril do anno de mil oito sentos e
noventa e quattro pelas nove horas da manhã numa casa número nove da rua da
Matta desta freguesia de Nossa Senhora da Conceição da villa e concelho de
Alandroal, archidiocese d’Évora, faleceu, tendo recebido os sacramentos da
santa madre igreja, um indivíduo do sexo masculino, por nome = JOAQUIM JOSÉ
SANT’ANNA SIMÕES = d’edade de sessenta e dois annos, natural desta freguesia,
morador nesta villa, capelão interino da Misericórdia e hospital civil desta
freguesia e parocho collado a Alter do Chão, bispado de Portalegre, filho
legítimo de José Francisco Simões e de Donna Maria José de Sant’Ana Simões, já
falecidos, aquele do Logar da Coellosa, concelho de Penela, bispado de Coimbra
e esta desta freguesia; o qual não fez testamento e foi sepultado no cemitério
publico de Nossa Senhora das Neves. E para constar lavrei em duplicado este
assento que assino Era ut supra. O Prior Cláudio José Nicolau”.
A novidade, pelo menos
para mim, prende-se por só ter conhecido no Alandroal o Sr Padre Afonso e por
ter descoberto que o apelido SANT’ANNA, tem origem no Rosário e está ligado à
família ROMA.
Cá vou continuando
confinado, trabalhando nas minhas pesquisas e, quando julgar oportuno,
divulgarei constatações, que tenho guardado, sobre a vida dos habitantes do
nosso concelho. Algumas são autênticas preciosidades!
Saudações e até à
próxima visita! Sejam felizes-
Ota (Alenquer), 20 de
Julho de 2020
Martinho Roma da Vila
2 comentários:
OBS.
1)
Atento como qualquer alandroalense o deve estar à Amostragem destes
registos paroquiais, levantados pelo Martinho, que fazem parte da História
da Vila do Alandroal ( e agora do Al tejo), anota-se de
passagem, que estes ditos registos tinham uma enorme qualidade
historiográfica:--
narravam tudo, e davam aos registos todas as informações que às pessoas
diziam respeito. Para ser directo: eram tão ou mais completos e
familiares do que os cartões de cidadão actuais ( e com menos números).
Passando além desta impressão, acho que o Martinho, anda a redescobrir
tanto os seus lastros de vida quanto certos princípios e valores
filosóficos que a orientam. Assim seja, sem outras ou mais necessidades
justificativas antecedentes.
2)
Se assim for, e se esta leitura estiver correcta, há que perceber
também que a Informação e todos os Saberes que vamos acumulando, não são
mais do que uma das componentes da Vida que fundamentem a verdadeira
Sabedoria. Os livros e aprendizagens de Filosofia são apenas mais um dos
seus instrumentos.
E pronto. Venha daí uma leitura, cada vez mais abrangente, destes
registos paroquiais até que um dia, quem sabe, alguém se lembre de fazer
uma Mostra conjunta social,religiosa e demográfica do Alandroal (seculos
XIX e XX). Precedentes já aqui os temos e andam,por cá, a ser semeados.
Saudações/ Um Abraço
ANBerbem
Amigo Martinho parabéns pelo trabalho a que te dedicas. Bem compreendo a satisfação de encontrares coisas originais. Eu faço recolha de informação de registos paroquiais e de outras origens, para fins genealógicos, há mais de 25 anos e todas as vezes que o faço encontro novidades e o trabalho nunca estará completo. É a minha receita para estar desperto e actuante. Um abraço. MSubtil
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