terça-feira, 14 de julho de 2020


A propósito de uma postagem anterior no final da qual solicitava a quem pudesse acrescentar algo sobre o acto criminoso “da queima dos porcos”, recebi do nosso estimado leitor Ricardo Pacifico, o mail que a seguir, e com a devida autorização, passo a transcrever:

Caríssimo Francisco Tata,
 Venho muito respeitosamente, pela presente missiva, abordar o assunto em epígrafe. O qual me foi despertado por um amigo que visitou o blog Al-tejo e posteriormente me falou sobre uns dos seus últimos artigos -"Memórias-Xico Manuel" que gostei bastante. Autêntico registo para memória futura na primeira pessoa . 
Sendo conhecedor e detentor de alguma documentação sobre a história de Terena e dando azo ao seu Post Sciptum no artigo, queira aceitar uma pequena correcção. A queima ocorreu na zona da "Malhada dos Barros", toponímia ainda hoje assim conhecida, e não na Barranca. 
 Tenho em minha posse uma pequena brochura, das que  em 1907 foram editadas e custeadas  pelo padre Manuel Joaquim Esteves, pároco no Alandroal ao qual lhe deu o título de "Os crimes de Terena" que ocorreram em 1905, mais precisamente-   "Chega o dia 1 de maio de 1905, dia em que Terena estava em Festa- a sua Festa da Boa Nova; e às duas horas da madrugada espalha-se a notícia de que tinham queimado ao N.... 102 porcos". (transcrição da p. 10) 
 Embora no livro não seja referenciado o local exato da dita queima. Fui procurar esta lacuna, junto de um dos descendentes (neto) do proprietário da vara de porcos (hoje octogenário), o qual me referenciou a exactidão do local.  
 Considero a narrativa escrita, muito boa. Com base nos fundamentos dos autos do rol de testemunhas levadas a tribunal. Embora não se chegue a conclusão alguma ou mesmo sentença conhecida. Pela leitura, ficamos com as nossas suspeitas. Para nós leitores, ficamos como que a necessitar de uma sequela. Saber mais o que ocorreu depois dos depoimentos. Contudo para  história local e até nacional de inícios de séc. XX é bastante interessante, foca a situação social e económica da época, evidencia claramente a influência/conflito político existente entre monarcas e liberais. Um marco da e para a história de Terena.
Ricardo Pacífico

P.S. – Antes do mais mostrar a minha gratidão não só ao Ricardo Pacifico, como também ao Antonio Berbem, pelos esclarecimentos e sugestões prestadas.
Quando da transcrição do padre Manuel Joaquim Esteves, onde sublinha « tinham queimado ao N….. 102 porcos» relembro que o nome da minha Madrinha era precisamente Antónia Rosa Neves. Pelo que me é permitido que o N…. seria precisamente o apelido Neves.

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