A propósito de uma
postagem anterior no final da qual solicitava a quem pudesse acrescentar algo
sobre o acto criminoso “da queima dos
porcos”, recebi do nosso estimado leitor Ricardo Pacifico, o mail que a seguir, e com a devida autorização,
passo a transcrever:
Caríssimo Francisco Tata,
Venho muito respeitosamente, pela presente missiva, abordar o assunto
em epígrafe. O qual me foi despertado por um amigo que visitou o blog
Al-tejo e posteriormente me falou sobre uns dos seus últimos artigos
-"Memórias-Xico Manuel" que gostei bastante. Autêntico registo
para memória futura na primeira pessoa .
Sendo conhecedor e detentor de alguma documentação sobre a história de
Terena e dando azo ao seu Post Sciptum no artigo, queira aceitar uma
pequena correcção. A queima ocorreu na zona da "Malhada dos
Barros", toponímia ainda hoje assim conhecida, e não na
Barranca.
Tenho em minha posse uma pequena brochura, das que em 1907 foram
editadas e custeadas pelo padre Manuel Joaquim Esteves, pároco no
Alandroal ao qual lhe deu o título de "Os crimes de Terena" que
ocorreram em 1905, mais precisamente- "Chega o dia 1
de maio de 1905, dia em que Terena estava em Festa- a sua Festa da Boa Nova; e
às duas horas da madrugada espalha-se a notícia de que tinham queimado ao
N.... 102 porcos". (transcrição da p. 10)
Embora no livro não seja referenciado o local exato da dita queima. Fui
procurar esta lacuna, junto de um dos descendentes (neto) do proprietário da
vara de porcos (hoje octogenário), o qual me referenciou a exactidão do
local.
Considero a narrativa escrita, muito boa. Com base nos fundamentos
dos autos do rol de testemunhas levadas a tribunal. Embora não se chegue a
conclusão alguma ou mesmo sentença conhecida. Pela leitura, ficamos com as
nossas suspeitas. Para nós leitores, ficamos como que a necessitar de
uma sequela. Saber mais o que ocorreu depois dos depoimentos. Contudo
para história local e até nacional de inícios de séc. XX é
bastante interessante, foca a situação social e económica da época,
evidencia claramente a influência/conflito
político existente entre monarcas e liberais. Um marco da e para a
história de Terena.
Ricardo Pacífico
P.S. – Antes do mais
mostrar a minha gratidão não só ao Ricardo Pacifico, como também ao Antonio
Berbem, pelos esclarecimentos e sugestões prestadas.
Quando da transcrição
do padre Manuel Joaquim Esteves, onde sublinha « tinham queimado ao N….. 102 porcos» relembro que o nome da minha
Madrinha era precisamente Antónia Rosa Neves. Pelo que me é permitido que o
N…. seria precisamente o apelido Neves.
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