José Policarpo
A pandemia também
entrou no parlamento
Mais uma vez escrevo a propósito desta desgraçada
pandemia, porém, desta feita, de um efeito colateral. Apesar de tudo isto, as
comemorações do vinte cinco de abril, não deixarão de ser realizadas na
assembleia da república.
Na verdade, em virtude do estado de emergência
decretado no nosso país, há restrições aos direitos fundamentais e, em
especial, pelo menos para mim, à liberdade de circulação e à liberdade de
reunião. Não nos é permitido, portanto, as deslocações para onde e quando
queremos, nem estarmos com aqueles de quem mais gostamos.
Por isso, é que me parece completamente inusitado e
despropositado os nossos representantes, deputados à assembleia da república,
terem decido que, as comemorações do 25 de abril, com algumas
condicionalidades, terão, como o habitual, lugar na casa da democracia. Na
minha opinião e de muitos mais, esta decisão contraria o estado de emergência
em que, pelo menos a maioria dos portugueses, está sujeita,
O sinal dado pelos nossos legítimos representantes é
absolutamente erróneo. Por um lado, ninguém está acima da lei. Por outro lado,
é legitimo que, daqui em diante, as pessoas se juntem independente do número
permitido, para confraternizar ou por outro qualquer motivo.
Quem coloca esta questão no patamar ideológico, os
contra e os a favor, está a ser intelectualmente desonesto. Haverá sempre
pessoas a favor e contra a revolução de abril. Felizmente, há mais adeptos da
democracia do que dos regimes totalitários.
Isto dito, não há democratas de primeira e de segunda.
Há simplesmente democratas. Porém, os verdadeiros e responsáveis democratas,
defendem com a vida o Estado de Direito democrático. Ninguém, por isso, como
acima referi, deverá estar acima da Lei. Consequentemente, cancele-se, então,
este ano, por razões de saúde pública, as aludidas comemorações no parlamento.
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