quinta-feira, 12 de março de 2020

CRONICA DE OPINIÃO TRANSMITIDA HOJE NA DIANA/FM


                                                                           EDUARDO LUCIANO
                                             Aniversários
Na passada semana o mais antigo partido português celebrou noventa e nove anos e entrou nas comemorações do centenário.
Este momento único no panorama político da história do país deveria ter merecido a atenção de uma comunicação social com um mínimo de isenção, porque falta de curiosidade não deve ser, mas todos sabemos que essa qualidade está cada vez mais afastada da prática da comunicação, seja qual for.
O PCP, fundado a 6 de Março de 1921, tem uma longa história de intervenção, em condições particularmente duras durante a ditadura fascista, prosseguindo sempre os mesmos objectivos e com uma capacidade de adaptação invulgar às condições políticas e sociais que se lhe vão apresentando.
Nos seus 99 anos de vida o PCP atravessou períodos de crescimento, de quase desaparecimento, de reestruturações importantes, de quase refundações, mas soube sempre encontrar o caminho que lhe permitiu continuar a luta pelo socialismo e pelo comunismo.
Contrariamente a outras formações políticas o PCP nunca esteve na moda, nunca se colocou na posição de aproveitar as ondas que cresciam em visibilidade para obter popularidade efémera e pagou em vários momentos da sua vida por essa posição de coerência.
Em 99 anos não foi tudo bonito, heróico e linear, os seus militantes e dirigentes foram e são homens e mulheres com um sentido de entrega e militância impar, mas foram e são homens e mulheres com as inerentes características dessa condição.
Uma organização política que sobrevive um século nas mais diversas condições, só pode estar profundamente enraizada nos interesses do povo e das classes que representa, com direcções assentes num forte colectivo sem tentações de personalização por muito brilhantes que possam ser os seus dirigentes máximos em cada momento.
Nestes 99 anos muitos foram os que vaticinaram o desaparecimento do PCP, os que saíram porque diziam acreditar que o Partido deveria abandonar a sua identidade e acompanhar o que acreditavam ser o movimento da história.
Acabaram quase todos noutros partidos e alguns foram percorrendo as diversas opções até acabarem no lado oposto de espectro político.
Goste-se, ou não. Concorde-se com os objectivos, ou não. Duvide-se, ou não, da justeza da linha política adoptada em cada momento. Simpatize-se, ou não, com o estilo de trabalho deste ou daquele dirigente, há algo que não é possível ignorar: o PCP é indispensável na sociedade portuguesa e por cá continuará a resistir e a construir o que os seus militantes acreditam ser o dia das surpresas.
Já eu que estou a escrever esta crónica no dia em que comemoro 60 anos, um dia deixarei de cá estar.
Até para a semana


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