segunda-feira, 21 de outubro de 2019

UTENSÍLIOS DE GUERRA NA IDADE MÉDIA - ARMADURAS


O uso de armadura em combate na Idade Média requeria raras condições de força e destreza – concluíram pesquisadores europeus e neozelandeses que analisaram com critérios modernos o uso delas.
A armadura medieval podia pesar 30 e até 50 kg.
Exames de esforço feitos em esteira mostraram que seu uso exigia mais que o dobro de energia empregado para a locomoção com roupas normais.
A conclusão, bastante obvia, tem agora uma medição científica.
Alberto Minetti, da Universidade de Milão, explicou que a respiração do combatente era exigida pela necessidade de mais energia e pelas restrições à expansão do tórax para respirar, impostas pelas placas de metal.
Nos testes, câmeras de alta velocidade ajudaram os cientistas a entender como os homens distribuíam a carga do peso da armadura entre seus membros durante a corrida.
Entretanto, era com esta sobrecarga que os heróis medievais desciam ao campo de batalha para defender a Igreja, a Cristandade, seus feudos e seus vassalos. 
Graham Askem, da Universidade de Leeds, lembra que nem todos os guerreiros usavam armaduras completas.
Realmente muito custosas, as armaduras eram levadas por reis e grandes senhores, que dessa maneira patenteavam serem os chefes, atraindo sobre si flechas, dardos e ataques inimigos.
“O arqueiro inglês era levemente protegido e soldados menos nobres também deviam ter armaduras incompletas”, disse Askem ao iG.
O porte de armaduras explica a juventude dos exércitos medievais, disse Minetti.
“Certamente esses soldados estavam em forma. Caminhar pelos campos de batalha era pesado. Os músculos eram importantes, mas a capacidade aeróbica deles tinha que ser muito alta” – acrescentou.
Outra conclusão óbvia foi que o peso das armaduras influenciou no rumo das batalhas e da guerra, segundo a pesquisa divulgada na revista científica Proceedings of the Royal Society, citado pela BBC Brasil.
No início da Idade Média, os cavaleiros cristãos não dominavam a técnica do aço e usavam cotas de malha e armas de ferro mais moles, pesadas, e que enferrujavam logo.
Por sua vez, os cavaleiros árabes, com couraças, escudos e cimitarras de aço, podiam usar cavalos mais leves e velozes, assumindo a iniciativa dos movimentos no campo de batalha.
Os católicos assimilaram a técnica do aço, notadamente em Toledo, Espanha. E a desenvolveram muito mais.

Porém, com o progresso geral da Cristandade, o próprio aço serviu para criar armas mais poderosas que vulneraram a resistência das armaduras.
Na batalha de Agincourt, citada pelo estudo e uma das principais vitórias da Inglaterra sobre a França, em 1415, durante a Guerra dos Cem Anos, a cavalaria francesa foi posta por terra pelos famosos arqueiros e besteiros ingleses.
No século XV, as armaduras eram construídas a partir de placas de aço interligadas, que cobriam o soldado da cabeça aos pés. Mas foram perdendo sua importância militar com o aparecimento de armas de fogo.
Se elas perderam utilidade, ganharam muito em beleza e simbolismo.
Até Luís XIV, no século XVII, mandou fazer sua armadura completa que pode ser vista no Museu dos Inválidos, em Paris.
Hoje o desenvolvimento de novas armas puxou a de novas formas de proteção, como os coletes à prova de bala ou as blindagens cerâmicas dos tanques modernos.
A modernidade foi capaz de dar surpreendentes passos práticos, mas não soube dar os correspondentes passos na linha da beleza para poder se comparar com as armas e armaduras medievais. De fato, a nobreza e a beleza moral das almas que usavam as
armaduras se refletiam nestas.
Na modernidade, o pragmatismo e a feiura que tomaram conta dos espíritos se refletem em muitos equipamentos de combate.
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