Carlos Magno estava uma
noite dormindo em seu palácio, não longe de Frankfurt, quando viu em sonho um
anjo rodeado de uma auréola brilhante de luz sobrenatural.
O anjo se colocou diante do Imperador, e o saudou com estas palavras:
— Levanta-te, grande Imperador, e escuta a voz de Deus que fala por meus lábios. É necessário que saias esta noite sem que ninguém te acompanhe, para fazer um roubo. Se queres viver, obedece.
Acordou Carlos Magno, estranhando muito o que havia visto no sonho. E adormeceu de novo com isto na cabeça. Outra vez viu o anjo, que diante dele ordenava:
— Levanta-te, ó rei, prepara-te para cumprir as ordens que te dei. É para o teu bem e salvação do Império. Deus se serve de mim para dar-te a conhecer a sua imutável vontade.
Carlos Magno acordou e ficou pensativo a respeito duas aparições, mas adormeceu de novo. O anjo do Senhor o despertou com redobrada insistência, e exigiu com energia que se levantasse e saísse para roubar.
Levantando-se, decidiu obedecer e sair do palácio para fazer o tal roubo.
Em vão se esforçou para descobrir o sentido das palavras do anjo, que mandava um Imperador honrado fazer uma ação tão desonrosa.
— Para que hei de roubar? — pensava Carlos Magno.
— Eu, o homem mais poderoso, o dono absoluto das terras que se estendem desde o Danúbio até os extremos da Espanha, hei de passar por ladrão, como o mais miserável dos meus súditos? Que fiz eu? Desgraçado de mim! Que fiz, para merecer tal castigo da justiça divina?
Mas como a aparição falara três vezes de forma categórica, decidiu obedecer a ordem recebida
O anjo se colocou diante do Imperador, e o saudou com estas palavras:
— Levanta-te, grande Imperador, e escuta a voz de Deus que fala por meus lábios. É necessário que saias esta noite sem que ninguém te acompanhe, para fazer um roubo. Se queres viver, obedece.
Acordou Carlos Magno, estranhando muito o que havia visto no sonho. E adormeceu de novo com isto na cabeça. Outra vez viu o anjo, que diante dele ordenava:
— Levanta-te, ó rei, prepara-te para cumprir as ordens que te dei. É para o teu bem e salvação do Império. Deus se serve de mim para dar-te a conhecer a sua imutável vontade.
Carlos Magno acordou e ficou pensativo a respeito duas aparições, mas adormeceu de novo. O anjo do Senhor o despertou com redobrada insistência, e exigiu com energia que se levantasse e saísse para roubar.
Levantando-se, decidiu obedecer e sair do palácio para fazer o tal roubo.
Em vão se esforçou para descobrir o sentido das palavras do anjo, que mandava um Imperador honrado fazer uma ação tão desonrosa.
— Para que hei de roubar? — pensava Carlos Magno.
— Eu, o homem mais poderoso, o dono absoluto das terras que se estendem desde o Danúbio até os extremos da Espanha, hei de passar por ladrão, como o mais miserável dos meus súditos? Que fiz eu? Desgraçado de mim! Que fiz, para merecer tal castigo da justiça divina?
Mas como a aparição falara três vezes de forma categórica, decidiu obedecer a ordem recebida
— Bem, roubarei, serei um ladrão, serei enforcado, se for preciso, pois
Deus assim o quer.
E o Imperador de barba florida se levantou, vestiu-se, tomou suas brilhantes armaduras e saiu do palácio.
Passou pelo dormitório e refeitório dos servidores e escudeiros, que não o perceberam, pois estavam tomados de um pesado sono.
Foi à estrebaria, selou seu cavalo favorito e saiu do castelo. Dirigiu-se à selva vizinha, e ia pensando:
— Sendo Deus que manifestou sua vontade, e quer que eu faça uma coisa que me causa horror desde minha infância, eu a farei. Mas não sei como fazê-la, por isso vou procurar o famoso ladrão Elbegasto, que eu persegui sem tréguas. Neste momento ele me será útil.
E se lembrou de como havia desterrado por uma pequena falta o nobre Elbegasto, e desde então se havia transformado num ladrão. Seria então esta atitude para com Elbegasto, que fazia Carlos Magno estar pagando aquela expiação?
E o Imperador de barba florida se levantou, vestiu-se, tomou suas brilhantes armaduras e saiu do palácio.
Passou pelo dormitório e refeitório dos servidores e escudeiros, que não o perceberam, pois estavam tomados de um pesado sono.
Foi à estrebaria, selou seu cavalo favorito e saiu do castelo. Dirigiu-se à selva vizinha, e ia pensando:
— Sendo Deus que manifestou sua vontade, e quer que eu faça uma coisa que me causa horror desde minha infância, eu a farei. Mas não sei como fazê-la, por isso vou procurar o famoso ladrão Elbegasto, que eu persegui sem tréguas. Neste momento ele me será útil.
E se lembrou de como havia desterrado por uma pequena falta o nobre Elbegasto, e desde então se havia transformado num ladrão. Seria então esta atitude para com Elbegasto, que fazia Carlos Magno estar pagando aquela expiação?
Na pálida luz da lua, o Imperador viu vir em sua direção um cavaleiro
solitário. Este parecia igualmente ter visto Carlos Magno, e avançou de maneira
que prontamente se iriam encontrar. O cavaleiro estava com uma armadura toda negra, que o cobria da cabeça aos pés,
e montava também um cavalo negro sem saber quem era este que cavalgava solitário pela floresta. A cor negra do silencioso cavaleiro não parecia a Carlos Magno bom
pressentimento. Tremia, pensando que poderia ser o próprio demônio, que tinha
vindo ao seu encontro para perdê-lo. Por fim o misterioso cavaleiro falou com
altaneria: Quem sois vós, coberto por
branca armadura, que andais na noite, pelos caminhos sombrios da selva? Sois
talvez um servidor do rei, que buscais neste bosque a pista de Elbegasto? Se
cavalgais com esse objetivo, desisti, porque fracassareis. Dizendo isto, tirou sua espada da bainha e se preparou
para o combate. No mesmo instante o cavaleiro negro fez reluzir o branco aço de
sua espada e começou a lutar. O estrangeiro descarregou tão tremendo golpe no elmo de Carlos Magno, que a
lâmina se quebrou em vários pedaços, e ele se encontrou indefeso. Carlos Magno
ficou envergonhado de matar seu adversário desarmado, e lhe disse:
— Não quero vossa vida. Ficareis livre, se me disserdes quem sois e por que
motivo andais por estes lugares. — Eu sou Elbegasto — respondeu o outro. — Desde o dia em que perdi minha
fortuna e Carlos Magno me expulsou do país, tenho procurado sobreviver por meio
do roubo e do banditismo. Até aqui ninguém me venceu nesta minha humilhante
carreira. Só vós o fizeste. E como me tratastes com generosidade e nobreza,
dizei-me o que posso fazer para ajudar-vos, para testemunhar o meu agradecimento. — Se sois o famoso bandido Elbegasto, cuja cabeça está a prêmio pelo Imperador,
podeis testemunhar vosso reconhecimento se me ajudardes a cometer um roubo.
Empreendi esta incursão noturna para roubar o Imperador. Vossa ajuda pode me
ser útil para esse objetivo. Vinde pois comigo, e realizaremos um roubo juntos. O bandido respondeu:
— Um momento! Jamais roubei a mínima coisa do rei. Se me tirou a fortuna e me
desterrou, o fez por mentiras dos seus maus conselheiros. Longe de mim querer
causar o menor dano ao meu senhor. Eu roubo somente aqueles que fizeram sua
riqueza por meio do roubo, da cobiça ou do engano. Conheceis o conde Egerico de
Egermonde? Vamos ao seu castelo. Ele tem arruinado homens honrados, e não
vacilaria em roubar o Imperador de seu trono e tirar-lhe a vida, se tivesse
meios para isto.
Carlos Magno se alegrou interiormente, descobrindo um profundo sentimento de
fidelidade em Elbegasto, e lhe disse: — Tu me acompanharás ao palácio de Egerico! E juntos se dirigiram ao palácio do conde. Quando lá chegaram, Elbegasto descobriu um meio de
entrar no palácio, fazendo uma escalada no muro. Entraram no quarto do conde,
pois Elbegasto sabia abrir facilmente fechaduras sem fazer ruído. O conde, que
tinha sono leve, disse à sua esposa: — Deve haver ladrões no castelo, vou ver. Levantou-se rapidamente, acendeu uma tocha e percorreu os corredores e os
quartos. Carlos e Elbegasto tiveram tempo de se esconder atrás de uma cortina
do quarto do conde, onde ele não podia imaginar que estivessem, e não foram
descobertos. Egerico apagou a tocha e voltou para a cama. Então sua esposa lhe disse: — Egerico, é certo que ninguém entrou no palácio. Penso que alguma preocupação
o aflige, e é isto que o impede de repousar. Sua alma está perturbada por algum
perigo imaginário. Diga-me o que o preocupa, para eu o ajudar. — Já que a execução de meus planos será amanhã, vou lhe dizer. Fiz uma
combinação com doze cavaleiros, de assassinarmos o Imperador, pois ele nos
proibiu de cobrar tributos aos viajantes pelo caminho real. Ninguém sabe deste
propósito, e te peço que guardes silêncio, caso contrário nem tua vida estará
segura. O Imperador não perdeu nenhuma palavra desse diálogo. Quando o conde e sua esposa adormeceram, os dois saíram silenciosamente de seu
esconderijo, e fora do castelo combinaram que Elbegasto iria até o Imperador
para avisá-lo, mesmo que corresse o risco de ser preso. Carlos rapidamente regressou para o palácio. No dia seguinte, muito cedo, apresentou-se Elbegasto no palácio e pediu para
falar com o Imperador.
Este havia convocado todo o conselho, e foi ali que
ouviu o relato do nobre. Então Carlos Magno se pôs de pé e disse: — Sonhei esta noite que o conde Egerico viria ao palácio com doze dos seus, com
a intenção de assassinar-me, da mesma forma que o bandido Elbegasto descreveu.
Sua ira contra mim tem por causa a proibição que fiz, de obrigar os viajantes
do caminho real a que paguem impostos a esses cavaleiros, que têm a alma de
ladrões. Cuidei, pois, de que houvesse suficiente número de soldados para
intervir, se fosse necessário. Pelo meio-dia Egerico chegou com seus homens, e no momento em que entraram na
sala real foram presos pelos soldados. Debaixo de suas roupas foram encontradas armas escondidas. Surpreendidos e
desconcertados, os bandidos quiseram negar seus sinistros propósitos. Mas Elbegasto desafiou o desleal vassalo a singular combate, para que Deus
fizesse justiça, e a cabeça de Egerico rolou, justamente cortada pelo golpe
vigoroso de Elbegasto. O Imperador chamou Elbegasto e o perdoou publicamente, dando-lhe o cargo de
conselheiro, com a condição de que renunciasse às suas atividades desleais.
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