segunda-feira, 8 de julho de 2019

A CRONICA DE OPINIÃO TRANSMITIDA HOJE NA DIANA/FM


MARIA HELENA FIGUEIREDO
                 Coisas sérias para a Silly Season
Entramos no Verão e habitualmente esta é silly season, mas será bom que este ano o Verão nos traga coisas mais sérias, porque a seguir, em Outubro, nos esperam eleições.
Estas vão ser eleições particularmente determinantes, nos próximos anos joga-se a nossa subsistência.
Inicia-se uma nova década, e segundo os cientistas, se até 2030 não se travar o aumento da temperatura global os fenómenos extremos, como a seca que estamos a sentir ou os incêndios dos últimos verões, agudizar-se-ão e serão irreversíveis.
Na 6ª feira passada todos os partidos na Assembleia da República aprovaram uma resolução, para que seja declarado o estado de emergência climática e que o governo “assuma o compromisso de promover a máxima protecção de pessoas, economias, espécies e ecossistemas e de restaurar condições de segurança e justiça climáticas”
Serão, portanto, os deputados e deputadas que escolhermos em Outubro e o governo que sair do novo parlamento que irão fazer as escolhas que condicionarão o nosso futuro.
Por isso, este é o tempo de cada partido, cada candidato a deputado, apresentar as propostas concretas para responder a estes desafios.
Cada proposta apresentada ou cada falta de proposta revelará verdadeiramente o empenho de cada força política e quais os interesses que defende.
Desengane-se quem pensa que se vai lá com medidas “fofinhas” ou que é suficiente a alteração dos comportamentos individuais: é importante reciclar, é importante reduzir o uso de sacos de plástico, mas isto só não chega.
E também não é com o aumento do imposto sobre os combustíveis que se reduz o uso de carros e emissões de CO2 quando estamos em territórios sem transportes públicos, como acontece no interior.
O Bloco de Esquerda apresentou ontem o seu programa eleitoral e um conjunto de políticas para responder à emergência climática
Será necessário introduzir alterações profundas e novas políticas: energética, de transportes, da produção industrial e agrícola:
Quando temos tanto sol, o caminho será apostar seriamente na energia fotovoltaica, permitindo a produção para auto-consumo individual ou partilhado. Baixar os preços da electricidade e o IVA que se lhe aplica para 6% e acabar com as rendas excessivas que se paga às eléctricas.
Será necessário alterar o perfil de mobilidade e investir efectivamente no transporte público, garantir a todos, seja no litoral seja no interior, em primeiro lugar, transporte público de qualidade, com passes sociais com idêntico apoio, e investir fortemente na rede ferroviária, ligando por comboio todos os distritos para promover também a coesão territorial.
Ter na defesa da água, enquanto recurso ecológico, económico e social, uma das primeiras prioridades e garantir, sempre em primeiro lugar, a água para consumo público e a sua gestão também pública.
Transformar a agricultura, travando a expansão das monoculturas altamente consumidoras de água e de produtos fitofarmacêuticos, que estão a pôr em risco a saúde das populações e a biodiversidade. E pôr fim à “eucaliptalização” da nossa floresta.
E será preciso recuperar o controlo público sobre a banca e nas empresas estratégicas nos transportes e energia: CTT, ANA, EDP, REN e GALP deverão voltar à espera pública.
Estes são caminhos para repôr a justiça climática.
Mas é preciso também que seja cumprida a Justiça Social:
Reconhecer a dignidade do Trabalho e repor direitos retirados na última década;
Garantir salários dignos e aumentar o salário mínimo,
Fazer justiça a quem trabalhou uma vida e aumentar as pensões
Cumprir o direito constitucional à Habitação, investindo em habitação social e a preços controlados, para que todos e todas possam ter uma habitação condigna
Garantir uma Escola Pública de qualidade e o acesso ao ensino superior gratuito
Investir no Serviço Nacional de Saúde público de qualidade, universal e gratuito e ter uma Segurança Social mais solidária
Finalmente olhar para o país como um todo, garantindo a coesão, para que todos os cidadãos e todas as cidadãs tenham as mesmas oportunidades e possam exercer os seus direitos de forma igual.
Boas férias e até Outubro!


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