CLÁUDIA SOUSA PEREIRA
O que realmente interessa no
mês de Junho
Eu podia fazer uma crónica a propósito do congresso da Fenprof, que se
realizou neste fim-de-semana, e se encheu de boas causas no seu programa dito
normalmente social. Foi a angariação de fundos para um Moçambique vítima de
furacão, passando por dar palco a organizações artísticas que acolhem crianças
vindas de meios desfavorecidos. Ligá-lo-ia ao final das aulas que também se
aproxima. E à pressão, toda em peso, que se atira para cima dos miúdos ao
chegar a época de provas e exames, como se até agora tivessem estado só a
brincar ao aprender. Ou, mais a propósito ainda, comentar o péssimo serviço que
o eterno ex-professor Nogueira presta à democracia, em declarações à
comunicação social, realçando com tom subliminarmente elogioso os que se
deslocaram às urnas nas últimas eleições para anular os votos com um “942”
escrito no boletim. Ou ainda a propósito dessa mesma pessoa, notar que
recandidadar-se com o aviso de ser o último mandato é algo que pode ser lido ou
como promessa de alívio para os que querem deixar de o ver dar a cara pela
classe, ou como ameaça aos colegas com quem irá conviver na escola para onde
for. O que quer que seja, é uma proposta eleitoral levada da breca, sim
senhor!…
Podia falar de tudo isto que, numa sociedade contemporânea com a
intervenção de agentes educadores, deveria ser consonante com uma formação de
comportamentos. Mas não é. Se a propósito do congresso da Fenprof eu quisesse
falar de educação não conseguiria, porque é um congresso sobre as preocupações
de uma corporação, uma parte do plural sistema de ensino cujo centro é o
cidadão. Um sistema onde actuam as famílias, e demais instituições
governativas, das estruturas ministeriais às autarquias, passando pelos órgãos
de gestão de agrupamentos e escolas.
Assim, porque Junho é também o mês internacional das questões LGBT,
menciono o caso ocorrido em Londres há um par de semanas, onde duas raparigas,
um casal, foram espancadas por serem lésbicas. Londres, uma capital onde a
liberdade de orientação sexual se exprime na rua, às claras, há muito mais
tempo que noutros países ocidentais, a violência exprimiu-se escolhendo estas
vítimas. Estou em crer que foi um acto gratuito, ou seja, foi porque lhes
apeteceu, aos agressores, zupar em alguém e aquelas duas raparigas estavam ali,
e não porque era um casal de lésbicas. Podiam ser negros, orientais, hindus,
judeus, gordos, velhos ou deficientes. Gente em situação vulnerável sobre quem
se descarregou ódio. Os da causa LGBT indignaram-se, naturalmente, mas o
episódio violento é, em absoluto, revoltante. As causas, quando crescem,
deveriam, em meu entender, visar o benefício do todo e transbordar as margens
do nicho em que necessariamente nasceram. Ou pelo menos não prejudicar o todo…
E parece que sempre voltamos à actuação da Fenprof. Da minha parte, quando leio
as declarações feitas pelo seu secretário-geral fico contente pelo facto do
Ministério da Educação estar a começar a deixar de ser só o Ministério dos
Professores.
Até para a semana.
Até para a semana.
PREVISÃO
DO TEMPO
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