quarta-feira, 30 de janeiro de 2019

COLABORAÇÃO DO A.N.B.

                                       APONTAMENTOS dos TELHEIROS (2)
                                                   GIROFLÉS, GIROFLÁS
Tal como deixámos aqui previsto, vamos hoje empenhar-nos na construção de mais um “Decálogo interpretativo” centrado em António Costa.
Isto num ano em que vêm aí as europeias e as legislativas. E quando o Mundo, em volta e à esquerda, aparece confrontado com novas realidades sociais e politicas entre as quais avultam os Populismos nacionalistas em acelerada (re)apresentação à escala global. Por cá, já nem o P.R. lhe consegue escapar.
                                                    Reparemos, pois, em A. Costa

1)      É conhecido e sabe-se que logo por volta dos seus 14 anos, iniciou de forma sagaz, a sua aventura e formação politica. Depois foi sempre a subir no ranking socialista tornando-se num dos mais jovens políticos profissionais vindos do Rato para S. Bento. Até hoje.
2)      Por conseguinte, é com certeza um ser politico habilidoso, experiente e pragmático e desde que se conhece algo seduzido pelas vantagens (e mordomias) do exercício contínuo do poder.
Reconheceu que o poder desgasta assim como sabe que desgasta, sobretudo, quem tem de o conquistar ou teve pouco tempo para o exercer. Por isso, nunca gostou de grandes acrobacias políticas ou de trabalhar no trapézio sem a rede e o seguro exercício do Partido Socialista. Assim será.
3)      Entretanto recorda-se o seguinte: a alternativa da “Geringonça” atordoou a Direita enquanto partitura nova criada com o apoio favorável do PC e do B.E. projectando  A. Costa,  por sua obra e graça, para o cargo de primeiro ministro. O decisivo, é que foi arrumado o conceito de “Arco da Governação” (entre o PSD e o PS) que parecia inamovível e afinal se esvaziou rapidamente. Ficámos a admirá-lo.
3.a) A. Costa tem menos de Tony Blair e mais de Felipe Gonzalez (que acomodou superiormente o PSOE e o socialismo possível à Monarquia e, por isso, se vive melhor em Espanha) pelo pouco que assumiu ou vem assumindo do projecto político mais profundo “de Mário Soares”. Por aqui vai ficar e estacionar a miragem soarista.
Terá “a virtude dos defeitos” de arriscar nas escolhas dos amigos certos que faz para os cargos de natureza politica. Umas vezes sai bem. Outras nem por isso. Praticando-o, o sentido de risco político é isto mesmo. Há que corrê-lo. Daí os casos de P. Siza Vieira ou de Graça da Fonseca que já deu também em ver-se cultivando empresas de Ajustes directos na ordem do milhão.
4)      Desafectado, tudo o que A. Costa experimentou lhe traz Utilidade política. É um utilitarista (e socialista liberal) que faz com que esteja bem em qualquer governo do PS. Esteve com A. Guterres, com José Sócrates e agora está no poleiro consigo mesmo. Mostra abertura suficiente para ser um socialista deste século XXI, a nível externo e interno percebendo acertadamente que “Oposições fortes” estão no cerne e alternativas existenciais das Democracias liberais.
5)      Em matérias internacionais, A. Costa é “um europeísta moderado” dos que aceita a criação e o aprofundamento da União Europeia sem grande pressa e sem as angústias (inviáveis) de uma qualquer saída. Ou sequer de deixar este projecto de paz europeia (ou outros) a meio.   
Em termos internacionais, mais vastos e mundiais, apresenta-se “de uma forma realista” sabendo que os interesses dos grandes são dominantes e que só sobra a Portugal estar ou ir escolhendo o lado das votações certas e responsáveis.
É por isso que os Antónios, o Guterres e o Vitorino, estão na ONU em lugares cimeiros apoiados por uma visão diplomática competente.
6)      Para os padrões internacionais, é um político jovem embora já suficientemente adestrado para vir a integrar altos cargos da União Europeia ou de qualquer outra organização mundial. A Alemanha terá um olho nele. E foi assim que já garantiu o futuro (com ou sem reforma da Segurança Social) distribuindo- se por vários cenários.
7)      Não é um bom orador (não terá treinado para isso nem deve ter tido grandes notas em Língua Portuguesa). Não terá uma grande cultura e erudição politica. Não abusa das grandes tiradas. Conhece com a necessária frieza, os actores maiores e menores da cena e do sistema partidário português.
Por vezes, salta-lhe a mola e desatina em grande como se viu na Assembleia da Republica quando confundiu a cor negra com a sua própria cor castanha… dando sensação que “picado é um tanto irascível”. Aquilo seria cansaço?...
8)      Parece-nos também que não é um regionalista deveras interessado. Disfarça bem as coisas. Lisboeta e cauteloso terá a pecha e o travão do centralismo democrático em funcionamento. Seja no país ou no interior do próprio Partido Socialista onde se aplica igual receita.
9)      Não tem vocação para alcançar «Maiorias Absolutas». Nem para mediador imobiliário. Por isso usa bastante mais a pele de negociador político (com algum lastro indiano) do que a pele cigana de um negociante de ocasião.

10)  Será doravante o que quiser em Portugal visto que já foi tudo. Tem essa experiência podendo vir a ser Presidente da Republica pelo P.S. Salvo uma melhor opinião, será um dos caminhos que poderá vir a acontecer-lhe. Ficamos na expectativa.
Em suma,
António Costa é “um Fado navegador que foi longe e veio de Goa e há-de continuar a ser assim”. Reparem como são insondáveis os caminhos da política nacional. Em grandes (e pequenos) centros de decisão quem podia prever um sucesso assim há quatro anos?
 Saudações Democráticas

António Neves Berbem
 ( 30 de Janeiro de 2019)
  
           





1 comentário:

Anónimo disse...



OBS.


1. Dou a minha palavra que não estava à espera de intervir (hesitei e talvez nem sequer o deva fazer) sobre o sério problema em curso na Venezuela. Desta vez é assim, porque é também o governo de A. Costa que se porá em causa na guerra civil que já lá está a acontecer.


2.E antes que seja tarde, ou antes que embarquemos no erro bastante grave de ventilar, abordar ou menos ainda de vir a intervir com militares portugueses no perigoso problema interno da Venezuela. E, ainda por cima ou por acréscimo invocando Razões Geopolíticas que não têm rigorosamente nada a ver com o Atlântico onde estamos geograficamente distantes e situados... nem com as 2 línguas (e Interesses dominantes) que por lá são + faladas.Por tudo isto, aproveito este espaço (sobre/AC) para pedir «a todos os santos» que não embarquemos neste serviço. Se os americanos invadirem o problema é deles,não nos deixemos arrastar para aquele abismo.

Penitenciando-me,repito, pelo espaço que não estava mesmo à espera de

ocupar apresento Saudações Democraticas


ANBerbem