quarta-feira, 21 de novembro de 2018

AINDA O ACIDENTE NA ESTRADA DE BORBA

A propósito do lamentável acidente o Prof Vitor Rosa fez-nos chegar este curto texto: 
Do livro de John O'Hara retirei este excerto ,parece-me adequado à circunstância! 
                     Encontro em Samarra 
"Certa vez um mercador de Bagdad mandou seu servo ao mercado comprar provisões. Pouco depois o servo voltou branco e trêmulo.
Disse 'Mestre, agora mesmo, quando estava no mercado, fui empurrado por uma mulher no meio da Multidão e ao me virar vi que fora a Morte quem me empurrara. Ela me olhou e fez um gesto ameaçador. Agora me empreste o seu cavalo, vou cavalgar para bem longe desta cidade, a fim de evitar o meu destino. Irei a Samarra, lá a Morte certamente não me encontrará.' O mercador emprestou-lhe seu cavalo. O servo montou, enfiou as esporas nos flancos do animal e, tão rápido quanto este conseguia galopar, enfiou as esporas, se foi. Então o mercador foi até ao mercado, viu a morte em pé no meio da multidão, seguiu até ela e disse: 'Porque fizeste um gesto ameaçador ao meu Servo, quando o viste esta amanhã? ' ' Não fiz nenhum gesto ameaçador', respondeu a morte, ' foi uma reação de pura surpresa. Fiquei atônita ao vê-lo aqui em Bagdad, já que tenho um encontro marcado com ele esta noite, em Samarra'."
                                                            O acidente em Borba tem um nome: Ganância

1 comentário:

Anónimo disse...



OBS.


Nestes momentos, tem uma graça bastante dramática,pesada e escura dizer que conhecemos bastante bem, uma pequena praia do concelho de Sintra chamada isso mesmo mesmo , a praia da Samarra: pequena, agradavel e segura. Uma praia de gente velha que também servia aos mais novos. Servia-nos a todos.

Serve isto para dizer que a estrada entre Borba e Vila Viçosa ( e por extensão, o Alandroal que também é visto e falado nestas tragédia) já era apenas uma Ponte, entre dois enormes buracos, com mais de 80 metros de profundidade. Semelhante à Ponte Entre Rios, onde naquela noite ficaram 49 pessoas. Dito assim, não há duvida nenhuma que os desastres podem sempre repetir-se onde não se espera. E, outras vezes, onde se vai aguentando e esperando que apenas não suceda o visível e o (im)previsível.

Neste caso de Borba, havia já um parecer do Instituto Superior Tecnico a determinar que a estrada estava fracturada. Como quem diz, o desastre vai acontecer... Só não podemos dizer, o dia e a hora. O habitual em Portugal!

Para não alongarmos demasiado este depoimento, vamos apenas acrescentar que a estrada caiu mais uma vez por incúria e desresponsabilização dos principais agentes nacionais e autarquicos. O mesmo é dizer, em voz alta, que tudo,efectivamente, deve ser apresentado da forma mais simples possível mas não mais simples do que isso... para não nos enganarmos todos.
E, sobretudo, tendo em conta que quem morreu ou os familiares dos que ficaram, estão a pagar com uma dor e uma perda imensa, factos estes que não se aplainam,mais uma vez, com uma hipocrisias politicas ditas,à pressa, nas Televisões.

Perante isto veio,aliás, um Ministro, de seu nome Pedro Marques dizer
esta coisa tenebrosa: Pois é, havia por ali uma variante e uma
alternativa à circulação. Talvez se fossem por ali...
Como quem diz, ninguém tem culpas no cartório e as pessoas que ali
morreram é que podem ter-se descuidado ou terem sido infelizes. Quanto à
real responsabilidade, e quanto às demais responsabilidades da Câmara,
dos Industriais, do Estado nem mais uma palavra. Ou seja, mais uma vez a
"culpa vai morrer solteira". Ninguém que a deva assumir,siga a fita!

Assim se chega "ao nada responsavel" sem continuar a ser o que
devíamos ser: "Responsáveis pela melhor e unica maneira de fazer as
coisas e governar aos mais diversos níveis" que é de tratar de dar
condições de vida e de segurança às pessoas que andam a governar o
melhor que sabem e podem as suas vidas.

(Entre parêntesis, repararam que naquela estrada curta de Borba
também passavam diariamente dezenas de crianças a caminho da
escola?)

Saudações

ANBerbem