“Les Vampires” (1915)
Este filme de Louis Feuillade está na génese dos
filmes de terror.
É aqui que se situa o ADN deste tipo de cinema que,
posteriormente, viria a tornar-se num género muito apreciado por um certo
público especial.
Aqui, neste filme, é que está a semente de todos os
filmes de terror.
É certo que nessa altura, quando o cinema dava os
primeiros passos em estórias que pretendiam conter um enredo havia ainda muito
caminho a desbravar, e não bastava horrorizar os espectadores. Era preciso ainda
dar ao que se contava um ar de verdade, era preciso ainda dar um aspecto de
realidade àquilo que as imagens mostravam.
Estávamos ainda longe do tempo em que o horror, só por
si, não bastava.
Os americanos é que viriam a tornar-se mestres neste
género de cinema. Se para tanto houver pachorra e ocasião ainda falaremos
desses filmes americanos que marcaram a época de ouro do cinema de terror.
Por enquanto, e neste escrito, vamos apenas dar
atenção a este filme de Louis Feuillade.
É um filme composto de 10 partes. (logo aqui se vê que
era um horror)
Pode ser considerado um filme de episódios que foram
aparecendo, aparentemente, e num espaço temporal de dois anos, desligados uns
dos outros. E nem todos têm, entre si, uma ligação directa.
Mais tarde, bastante mais tarde, apareceu uma 11ª
primeira parte que pretendia fazer a ligação entre todas as outras.
Baldado esforço, pois essa 11ª parte ainda veio criar
maior confusão.
Salvador Dali, que por essa altura dava os primeiros
passos no movimento surrealista, disse que aquilo mais era um filme surreal do
que de terror. E eu, que dificilmente concordaria com Salvador Dali, fosse no
que fosse, acho que dessa vez o homem tinha razão.
Ah…ainda outra coisa… O filme completo, incluindo
todas as partes, tinha sete horas e meia de duração.
Que grande estopada!
Daí que me atreva a falar/escrever sobre este filme.
É que eu gramei aquilo do princípio ao fim.
País de Origem: França
Ano de Produção: 1915
Realização: Louis Feuillade
(O filme é mudo, mas a versão que me foi dado ver, tem
música de fundo de Robert Israel)
Elenco: Musidora, Edourd Mathé, Marcel Lévesque, Jean
Aymé, Fernand Herrann….
O enredo é uma coisa complicada de seguir e explicar:
os primeiros episódios centram-se nas actividadres de um grupo de malandrins e
criminosos que actuam no submundo de Paris. Matam e esfolam nesse ambiente. À
primeira vista, apresenta-se ao espectador como um filme de gatunagem. As
questões vampirescas só começam a aparecer lá para o terceiro episódio. E
aparecem sempre como se fossem um truque dos bandidos, mas, prestando atenção,
verificamos que não são apenas truques dos criminosos. São, de
facto, vampiros que por ali andam. O que os malandrins ainda não sabem é que há
vampiros entre eles. E como todos sabemos, vampiro que suga, faz do sugado
outro vampiro. Às tantas já são todos vampiros.
Enfim, uma chatice de primeira apanha que eu não
recomendo a ninguém. Eu só aceitei ver o filme porque o director do Cine-Clube
de Faro me pediu para escrever sobre o filme que por aqui passou numa mostra de
cinema de terror.
Espero que o jornal do Cine-Clube aceite publicar este
texto, mas se o censurar também não levarei a mal.
Na próxima quinzena começaremos a visionar então os
tais filmes americanos de terror e, tenho a certeza, tanto as sessões de cinema
como os artigos sobre elas serão muito mais agradáveis.
Rufino Casablanca
12 de Maio de 1986
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