segunda-feira, 22 de janeiro de 2018

SÉTIMA ARTE - Texto de Rufino Casablanca

Rebuscando na memória do velho PC, fui encontrar estas “memórias cinéfilas”, do Rufino Casablanca, que versam uma temática deveras interessante. Trata-se de casais que perduram na memória de todos os cinéfilos que tiveram o privilégio de assistir via «cinema do Peças», a filmes protagonizados por tais artistas. Para os mais novos que se interessam pela arte do cinema será uma forma de alertar a sua curiosidade para aprofundar os seus conhecimentos.
Porque recordar é viver aqui vos deixo um primeiro ensaio, da autoria do Rufino Casablanca, prometendo para próximas emissões novos textos de casais que ficaram na história do CINEMA.
Chico Manuel

                     Casais do cinema: Dino di Laurentis e Silvana Mangano
Título Original: “Mambo”
Título Português: “Mambo”
Idioma: Italiano
Produção: Dino di Laurentis e Carlo Ponti
Argumento: Guido Piovene, Ennio de Concini, Robert Rossen….
Música: Bernard Noriega e David Gilbert
Realização: Robert Rossen
Intérpretes: Silvana Mangano, Michael Rennie, Victorio Gassman, Shelley Winters….
Dino di Laurentis e Carlo Ponti produziram este filme, em 1954, para a Paramount Pictures Corporation. É, portanto, uma produção Ítalo/Americana que tem como principal atracção a actriz Silvana Mangano, então no auge da sua beleza. Na verdade Silvana chega ao cinema através da beleza, muito antes de revelar, com o correr dos anos, um enorme talento.
Mas já que aqui falamos da beleza desta mulher, como curiosidade importa referir que, em 1947, concorreu ao título de Miss Itália.
Ficou em 4.º lugar.
Em primeiro lugar ficou Lúcia Bosé; a segunda foi Gianna Maria Canalli; a terceira foi a Gina Lolobrigida; e finalmente lá aparece a nossa Silvana Mangano. Todas elas viriam a ocupar lugares de relevo no cinema italiano nas décadas de cinquenta, sessenta e setenta.
Um naipe de mulheres muito bonitas, convenhamos.
Lúcia Bosé, depois de fazer carreira no cinema italiano, acabou por casar com o matador de toiros espanhol Luís Miguel Dominguín e é mãe do cantor Miguel Bosé. (o realizador espanhol Pedro Almodovar fê-lo estrela de muito mérito em vários dos seus filmes). A última vez que a vi – à Lúcia, bem entendido, foi no filme “Crónica de uma Morte Anunciada”, baseado no romance de Gabriel Garcia Marquez, representando o papel de uma matriarca com mais de setenta anos. Bela e grande actriz até ao fim – Gianna Maria Canalli, grande dama do cinema italiano, também trabalhou até ao fim, sempre dirigida por grandes realizadores. Quanto à Gina Lolobrigida, para quê mais conversa? Todos sabemos da sua arte.
(Compomos o papel na máquina para escrever sobre o casal Silvana Mangano/ Dino di Laurentis, e depois perdemo-nos em conversas paralelas. Escrever sobre cinema sempre foi como tirar cerejas de um cesto).
Vamos lá então ao “Mambo”:
O enredo é do mais banal que alguma vez se viu em cinema:
“Joana, uma rapariga pobre de Veneza volta à cidade natal como grande bailarina. Adorada pelo grande público, tem um enorme êxito. Ninguém a reconhece, excepto dois homens. Dois homens que ela amara e por eles fora amada. Um, pobre e oportunista, e outro, rico e também oportunista. A partir desta situação desenvolve-se uma acção que no final a leva a voltar aos palcos de novo só.”
O que salva o filme é a interpretação de Silvana Mangano e Victorio Gasman, o pretendente pobre.
Apesar deste êxito, os grandes filmes de Silvana viriam depois: “Arroz Amargo”, “Ana”, etc…etc…
Contudo, as suas melhores interpretações – em nossa opinião – são as seguintes: “Morte em Veneza”, de Luchino Visconti – “Duna”, de David Lynch – “Olhos Negros”, de Nikita Mikhalkov.  
Morreu em Madrid em 1989, quando já estava separada do marido.
Dino di Laurentis
Italiano, nasceu em 1919. Foi casado com a Silvana de 48 a 88. Morreu em Hollywood em 2010.
A única actividade que exerceu no cinema foi a de produtor.
Lista de alguns dos filmes que produziu:
“Mambo” – aqui acima mencionado
“Serpico”
“Os Três Dias de Condor”
“Flash Gordon”
“Duna”
“Uma Noite Alucinante”
No início da década de oitenta mudou a sua residência para os Estados Unidos da América, terminando assim a parceria que durante muitos anos teve com Carlo Ponti.
Rufino Casablanca
Terena – Monte do Meio

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