As Lavadeiras do Lucefecit
(parodia a decorrer em Terena)
Procurei dar nomes
fictícios, a esta picante paródia, para não melindrar as honradas e esforçadas
lavadeiras, que sempre admirei, tendo-as já homenageado em prosa.
Às seis horas da
manhã a Maria Papoila, a Joaquina
Celeste, a Mariana do Meio e a Francisca do Gato, antes de partir para a
Ribeira, juntavam-se ao pé do Monte do Borrão, com as canastras cheias de roupa
para lavar. Rodilha na cabeça, para
assento da canastra. Após a chegada da última, o grupo parte a caminho do porto
da Boa Nova. Após passarem o cemitério começavam a cantar. o hino por elas
inventado.
Lucefecit é um fosso / a fabricar asneiras / só alguém
que seja moco / não entra nas
brincadeiras.
Nesta paródia picante / contigo, estamos a reinar /
divertidas como a gente / jamais irás
encontrar.
Cada uma na sua
pedra começavam o trabalho e as picardias.
A Francisca do
Gato, depois de ensaboar uma peça de roupa, canta:
"Não quero que vais lavar, no dia em que eu me casar."
Mariana do Meio,
quando ainda está a lavar a pedra, interrompe:
- Casar filha? quem é que quer um canastro
como tu,? que só serves para carregar a canastra e a rodilha.
Joaquina Celeste ,
a ajeitar o sítio para se ajoelhar:
- Só serve, só serve mas não é isso que o diz
o almocreve.
Francisca do Gato,
a gostar da conversa, mas a querer pôr-lhe termo:
- Meninas vamos lá a calar, senão a língua eu vos
tenho que cortar.
Joaquina Celeste, já ajoelhada:
- Cortar a língua? está mas é caladinha senão o
almocreve, põe-te à míngua e... corta-te na farinha. Pronuncia a última
frase com mais intensidade.
Francisca do Gato,
a aquecer.
- Isso querias tu, Joaquina Celeste, que a beleza só
no rabo te aparece.
Joaquina Celeste,
com resposta rápida.
- Olha filha, mas também me aquece. O meu Joaquim que
o diga, que às vezes até lá ia, se fosse na cantiga.
A Maria Papoila, a
meter-se na conversa:
- Vamos mas é a calar que essa conversa não me está a
agradar.
Mariana do Meio a
voltar à conversa:
- Olha-me esta. Isto não é um velório, tu tens tantos
pecados que não passas no purgatório.
A Maria Papoila, a
dar réplica:
- Pois, pois, é que o teu marido não é como o meu, que
tenho noites que o faço chegar ao céu.
Mariana do Meio, a não se calar e a bater com
uma toalha na pedra:
- Quem diria,!!! que a Papoila murcha tão gabazola me
saía.
Maria Papoila
continua:
Murcha?. estava a do meu avô, que aos oitenta anos a
minha avó emprenhou.
Mariana do Meio
surpreendida e fazendo uma pequena pausa:
Para publico, a sorrir - É de família, !!!. Para a cena.
É Papoila duma figa, eu tenho que estar longe quando a coisa te empertiga.
Maria Papoila, a
não se calar:
- Podes estar longe ou perto ou até a um passo, que eu
com mulheres não me satisfaço . E sorri.
Mariana do Meio
retribui:
- Ainda bem, que com mulheres não queres para nada,
senão com nós todas, .... ó filha ..... ficavas derreada.
Joaquina Celeste a
pôr termo na picardia, disse:
O picante foi bonito, mas já me está a azedar, sigam
agora o meu grito e vamos o hino cantar.
Cantam todas
Lucefecit é um fosso / a fabricar asneiras / só alguém
que seja moco / não entra nas
brincadeiras.
Nesta paródia picante / contigo, estamos a reinar /
divertidas como a gente / jamais irás
encontrar.
Hélder Salgado,
Almada,
29-10-2017.
1 comentário:
OBS.
Gostei de ler e rever a brejeirice destas mulheres do Lucefecit. Antes
assim, porque estavam a abrir caminho aos 18 padres com filhos que constam
hoje do CMTV. Em Terena e no Alandroal também houve alguns assim.
Prefiro-as às "Mulheres de Atenas" (que o Chico Buarque lindamente cantou)
que se recusavam ( e com razão) a Fornicar com os seus homens gregos,
quando estes partiam para mais uma guerra com Esparta. Isto há coisa de
menos de uns escassos dois mil anos.Imaginem!
Atentamente
ANB
Enviar um comentário