terça-feira, 7 de novembro de 2017

PEQUENA PARÓDIA EM JEITO DE FINAL DE CENA PARA QUADRO DE REVISTA – Pelo Hélder Salgado

                                                As Lavadeiras do Lucefecit
                       (parodia a decorrer em Terena)

Procurei dar nomes fictícios, a esta picante paródia, para não melindrar as honradas e esforçadas lavadeiras, que sempre admirei, tendo-as já homenageado em prosa.

Às seis horas da manhã a Maria Papoila,  a Joaquina Celeste, a Mariana do Meio e a Francisca do Gato, antes de partir para a Ribeira, juntavam-se ao pé do Monte do Borrão, com as canastras cheias de roupa para lavar.  Rodilha na cabeça, para assento da canastra. Após a chegada da última, o grupo parte a caminho do porto da Boa Nova. Após passarem o cemitério começavam a cantar. o hino por elas inventado.

Lucefecit é um fosso / a fabricar asneiras / só alguém que seja moco /  não entra nas brincadeiras.
Nesta paródia picante / contigo, estamos a reinar / divertidas como a gente /  jamais irás encontrar.
Cada uma na sua pedra começavam o trabalho e as picardias.
A Francisca do Gato, depois de ensaboar uma peça de roupa, canta:
"Não quero que vais lavar,  no dia em que eu me casar."
Mariana do Meio, quando ainda está a lavar a pedra, interrompe:
- Casar filha? quem é que quer um canastro como tu,? que só serves para carregar a canastra e a rodilha.
Joaquina Celeste , a  ajeitar o sítio para se ajoelhar:
- Só serve, só serve mas não é isso que o diz o almocreve.
Francisca do Gato, a gostar da conversa, mas a querer pôr-lhe termo:
- Meninas vamos lá a calar, senão a língua eu vos tenho que cortar.
Joaquina Celeste,  já ajoelhada:
- Cortar a língua? está mas é caladinha senão o almocreve, põe-te à míngua e... corta-te na farinha. Pronuncia a última frase com mais intensidade.
Francisca do Gato, a aquecer.
- Isso querias tu, Joaquina Celeste, que a beleza só no rabo te aparece.
Joaquina Celeste, com resposta rápida.
- Olha filha, mas também me aquece. O meu Joaquim que o diga, que às vezes até lá ia, se fosse na cantiga.
A Maria Papoila, a meter-se na conversa:
- Vamos mas é a calar que essa conversa não me está a agradar.
Mariana do Meio a voltar à conversa:
- Olha-me esta. Isto não é um velório, tu tens tantos pecados que não passas no purgatório.
A Maria Papoila, a dar réplica:
- Pois, pois, é que o teu marido não é como o meu, que tenho noites que o faço  chegar ao céu.
 Mariana do Meio, a não se calar e a bater com uma toalha na pedra:
- Quem diria,!!! que a Papoila murcha tão gabazola me saía.
Maria Papoila continua:
Murcha?. estava a do meu avô, que aos oitenta anos a minha avó emprenhou.
Mariana do Meio surpreendida e fazendo uma pequena pausa:
Para  publico, a sorrir - É de família, !!!. Para a cena. É Papoila duma figa, eu tenho que estar longe quando a coisa te empertiga.
Maria Papoila, a não se calar:
- Podes estar longe ou perto ou até a um passo, que eu com mulheres não me satisfaço . E sorri.
Mariana do Meio retribui:
- Ainda bem, que com mulheres não queres para nada, senão com nós todas, .... ó filha ..... ficavas derreada.
Joaquina Celeste a pôr termo na picardia, disse:
O picante foi bonito, mas já me está a azedar, sigam agora o meu grito e vamos o hino cantar.
 Cantam todas
Lucefecit é um fosso / a fabricar asneiras / só alguém que seja moco /  não entra nas brincadeiras.
Nesta paródia picante / contigo, estamos a reinar / divertidas como a gente /  jamais irás encontrar.

Hélder Salgado,

Almada, 29-10-2017.

1 comentário:

Anónimo disse...



OBS.

Gostei de ler e rever a brejeirice destas mulheres do Lucefecit. Antes

assim, porque estavam a abrir caminho aos 18 padres com filhos que constam

hoje do CMTV. Em Terena e no Alandroal também houve alguns assim.

Prefiro-as às "Mulheres de Atenas" (que o Chico Buarque lindamente cantou)

que se recusavam ( e com razão) a Fornicar com os seus homens gregos,

quando estes partiam para mais uma guerra com Esparta. Isto há coisa de

menos de uns escassos dois mil anos.Imaginem!

Atentamente


ANB