Mote do poeta Fernando Pessoa
Tão linda e finda a memoro!
Tão pequena a enterrarão!
Quem me entalou este choro
Nas goelas do coração?
Tão pequena a enterrarão!
Quem me entalou este choro
Nas goelas do coração?
Pessoa
Glosas
Por ti tinha estima
E sincera amizade,
Julguei ser a verdade
O que mais nos aproxima.
A mentira veio ao de cima
Num invulgar descoro,
Com isso não colaboro
E cortei o mal p’la raiz…
Agora isso nada me diz,
Tão linda e finda a memoro!
E sincera amizade,
Julguei ser a verdade
O que mais nos aproxima.
A mentira veio ao de cima
Num invulgar descoro,
Com isso não colaboro
E cortei o mal p’la raiz…
Agora isso nada me diz,
Tão linda e finda a memoro!
Fingir que tudo vai bem
De mim nunca fez parte,
Sorrisos com muita arte
Já não enganam ninguém!
À ideia o que me vem
Não digo por contenção,
Manda a boa educação
Que me abstenha de tal…
Foi enorme o funeral,
Tão pequena a enterrarão!
De mim nunca fez parte,
Sorrisos com muita arte
Já não enganam ninguém!
À ideia o que me vem
Não digo por contenção,
Manda a boa educação
Que me abstenha de tal…
Foi enorme o funeral,
Tão pequena a enterrarão!
Vivi assim iludido
Durante anos a fio,
Pensei seguir o rio
Sempre no mesmo sentido.
O curso interrompido
Hoje até que ignoro,
Mas ao rio imploro
Que não deixe de correr…
Espero alguém responder,
Quem me entalou este choro?
Durante anos a fio,
Pensei seguir o rio
Sempre no mesmo sentido.
O curso interrompido
Hoje até que ignoro,
Mas ao rio imploro
Que não deixe de correr…
Espero alguém responder,
Quem me entalou este choro?
Catavento a indicar
Que o vento é incerto,
Nunca se sabe ao certo
Pra que lado vai mudar.
Ninguém pode adivinhar
Qual a sua direcção,
Tanto sopra de feição
Como do lado oposto…
Vivo com este desgosto
Nas goelas do coração!
Que o vento é incerto,
Nunca se sabe ao certo
Pra que lado vai mudar.
Ninguém pode adivinhar
Qual a sua direcção,
Tanto sopra de feição
Como do lado oposto…
Vivo com este desgosto
Nas goelas do coração!
Manel d’ Sousa
Catavento/ Político e afins
3 comentários:
GRANDE POETA!
Grande poema, e se diz verdades, é o que dá confiar demais nos outros.
Como o entendo caro poeta, também fui bem enganado.
Poderia dizer com inteira justiça, mas não digo e assim não melindro quem quer que seja nem dou azo a comentários ofensivos ou despropositados. Poeta, por favor continue a brindar-nos com a excelência da sua poesia. As suas palavras são conforto para a alma.
Muito obrigado!
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