sexta-feira, 27 de outubro de 2017

DUQUES E CENAS - Pelo Prof. J.L.N.

                            Raposas velhas

Sócrates está acusado de 31 crimes. E atrás dele vem uma respeitosa fila de celebridades, que comeram ou deram a comer uns aos outros milhões de euros sem fim, enquanto o Zé Povinho continuava na sua labuta pela sobrevivência. Nomes sonantes da política e da finança, ex-governantes e ex-banqueiros, ex-directores gerais de várias empresas e organismos conseguiram, durante longos meses de passividade por parte dos órgãos que gerem a justiça neste país, levar o país à bancarrota, usando os cargos que ocupavam para corromper, subornar, untar, comprar e vender honras e promessas, influências e modos de vida. E, naturalmente, pois claro, para se encherem do belo guito.
Segundo notícias recentes, este processo, pela sua complexidade e pelos intervenientes, irá fazer história na sociedade portuguesa. Um pequeno mundo, acrescento eu, de pequenos mafiosos incompetentes. O verdadeiro criminoso, competente e profissional, jamais deixa pontas soltas. E nunca é apanhado. Sócrates dominou a situação enquanto manteve na mão os pontos-chave do poder e da finança. Quando essas pontas soltas começaram a abanar ao sabor da brisa jornalística, tudo começou a desmoronar-se.
Quatro anos depois, com as entranhas expostas e em sangue vivo, e com o que falta ainda desenterrar, a serem provadas as acusações que o vão levar a tribunal, Sócrates foi, afinal de contas, um amador que continua a fazer-se de vítima, como aquela virgem que se mostrou ofendida após ter passado umas férias de arromba em Ibiza. Para a próxima tem de ser menos vaidoso, mais discreto e confiar menos nos amiguinhos.
Don Corleone tê-lo-ia despachado em três tempos. Sem apelo nem agravo. 

João Luís Nabo, in "O Montemorense", Outubro 2017

1 comentário:

Anónimo disse...



OBS.


Esta leitura de Socrates e seus comparsas ou dos seus Comparsas e de

Socrates, deixa mais uma pergunta em aberto: será que não tem um Espelho

seu lá pelas casas que arranjou para ver a figura que anda fazendo,e que

torna a fazer sempre que o deixam? A ele e aos seus banqueiros,

grandes meliantes, há espelho social e vergonha que lhes sirva?


ANB