A QUADRATURA DO CIRCO
A líder do bloco de esquerda um dia após a evocação da celebração
dos sessenta anos sobre o Tratado de Roma, veio dizer que o país devia
preparar-se para a saída do euro. Vivemos num regime que consagra na sua
fundação a liberdade de expressão, por isso, somo livres de dizer o que nos
apetece. Mas também devemos ser responsabilizados pelo que dizemos, sobretudo,
quando aquilo que afirmamos é uma incoerência.
Com efeito, não consigo entender, nem perceber a posição do bloco
de esquerda no que toca às matérias que dizem respeito à união europeia. Às
segundas, quartas e sextas, são a favor dos direitos consagrados nos tratados
que regulam as relações entre os países que integram a União Europeia. Nos
restantes dias são contra os deveres. São, portanto, a favor dos fundos de
coesão que nos são atribuídos e são contra as regras comunitárias que impõem a
disciplina orçamental.
Na verdade, esta posição é reveladora de grande incoerência e de
oportunismo politico por parte das forças partidárias que apoiam o governo. O
PCP também não está isento de culpas nesta forma de fazer política. O pior é
que estes partidos defendem a saída do euro e no limite da união europeia,
todavia, não explicam aos portugueses quais são as consequências desta decisão
no rendimento das famílias e das empresas. No mínimo, segundo alguns estudos, a
previsão andaria na ordem dos cinquenta por cento de perda de rendimento. E,
sobre isto, quedam-se muito caladinhos, porque a ignorância sempre deu alguns
votos no nosso país.
Ora, de duas, uma: ou estes partidos nos estão a falar de forma
séria, e, a questão é grave para a generalidades das famílias e das empresas
portuguesas. Ou, o populismo vai tão longe, que, recorrem as estas matérias, só
para apanhar uns votos dos mais distraídos.
Mas uma coisa é absolutamente incontornável: como é que um governo
que se diz pró Europa e euro, consegue governar com o apoio parlamentar destas
forças radicais de esquerda? Se isto não é um circo, é, seguramente, puro
oportunismo político.
José Policarpo
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