Alfaiatarias
(PL e FRM)
Tenho de começar este Comentário por saudar de
viva voz e com um longo aperto de mão, o Francisco M. por mais uma vez
demonstrar a sua rica “ Memória Visual” que anda a fazer com que nunca
esqueçamos os nomes das ruas, troquemos (e iludamos) os nossos nomes e o das
pessoas por alcunhas ou pseudónimos disfarçados.
2.
Se falamos, porém, das artes
temos de lembrar antigos mestres, artesãos
e outros bons artistas do
Alandroal. Era das artes que faziam que
íam vivendo. Deixemos, por esquecidos, os novos aprendizes de feiticeiros que,
por cá, vão aterrando numas artes ditas novas mas apenas de um tipo e poder
meramente burocrático.
Direi ainda que também ainda nunca vi o Chico;
trocar, ocultar ou desviar o nome de certas aldeias. Ou ainda confundir o pouco
sabor de «uma negra e gordurosa cacholeira com o cheiro requintado de uma
saborosa linguiça assada com o redondo à mistura.
3.
Já lá vamos às duas Alfaiatarias que se situavam,
uma na Rua do Colégio e a outra na Rua da Mata. Esta rua funcionou sempre nas décadas
50/60/70 como o motor e centro comercial
da Vila.
Reparem nisto: tinha 3 sapatarias uma delas
a dar ares de industrial. Tinha uma barbearia; tinha uma mercearia, tinha uma
retrosaria, tinha uma relojoaria. Tinha ainda uma peixaria, um talho, dois peixeiros, dois
talhantes. E, finalmente, um aferidor oficial (o Juvenal). Era concerteza a rua
do Alandroal com maior movimento comercial e onde até morava o MAYOR da Vila, o
Sr. Alexandre Fernandes.
Além disso tinha modistas, costureiras-modistas
e carpinteiros de obra fina. Se me estou a esquecer de alguém, Francisco, dá aí
uma ajuda. Se quiseres ajuda com os nomes.
Vamos agora à arte fina da Alfaiataria. Rezam as
cronicas e as fontes autorizadas (Irmãos Fátima e outros) que o Pedro Lavadinho
era superiormente talhado para fazer calças e coletes enquanto o Francisco Mira
aprimorava mais os casacos e fatos. Se era mesmo assim não o podemos agora
confirmar. Mas uma coisa era certa, tinham trabalho, tinham muitas costureiras,
eram muito profissionais, atenciosos e muito conhecidos fora do Alandroal.
O
que acabaria por os derrotar não foi o seu saber fazer bem, mas uma coisa
chamada “pronto-a-vestir” que viria a liquidar estas pequenas oficinas. O tempo
industrial girou, e os seus mais fieis seguidores foram desaparecendo. A isto,
imaginem, costumam os economistas do seculo XX chamar “destruição criadora”.
5.
Como o Chico a invocou, eis-nos enfim a lembrar
com um ar extremamente dorido e sentimental a minha grande Tia Isabel, mulher
de Pedro.Pedi-lhe para ser a minha segunda mãe (a minha morreu cedo) ela
aceitou orgulhosa.
1.
Mas foi muito além disso : foi uma mãe da sua
mãe Gertrudes (AVC); foi mãe do Pai (faleceu com mais de 90 anos) foi a
irmã-mãe do meu pai (AVC); os sobrinhos e netos adoravam-na. Por fim,
foi jovem e bonita mãe, depois tornou-se
uma mulher elegante que se cuidava e, se
bem que conformada, ainda teve forças
para ser uma viúva alegre (perdoa lá esta imagem Prima Lurdes ). Costureira
toda a vida. UMA GRANDE SENHORA! Que saudades lhe temos!
Dito isto, caberá agora à minha Prima Lourdes
recordar mais um outro episódio que fizeram daquela Alfaiataria um lugar de
referência na arte de bem vestir os alandroalenses.
3.
Quanto
aos mais velhos de nós, não esqueçamos os dois Alfaiates do Alandroal. Os mais
novos têm agora o privilégio de saber que os Alfaiates fizeram parte integrante
de uma Vila que produzia as mais diversas artes. Umas vezes socialmente
empenhadas. Outras vezes por amor à profissão. E, ainda outras vezes, porque
era aquela a vocação que superiormente escolheram e a que dedicaram a sua vida
com enorme competência e maestria.
4.
Honra aos
Dois Alfaiates; e esta ou uma pequena homenagem lhes seja um dia feita!
Saudações Democráticas
Antonio Neves Berbem
14 Fevereiro, 2017
14 Fevereiro, 2017
Ps: por fim, vai
aqui uma referência especial para o Quim
do David, o Musico que em Alfaiate se tornou. Certamente inspirado no
bonito mulherio que o rodeava. E lá ía puxando por
ele.
9 comentários:
Obrigado ao amigo Tó Zé pela mais valia que acrescentaste a estas recordações. Terei que te pedir desculpa por os numeros à esquerda não seguirem a sequencia normal. Em rascunho não me aparecem e depois no texto, aparecendo, não seguem a ordem normal. Penso que foi ao acrescentar as fotos. Mas como não disvirtuam o texto....
Muitos são os nomes ligados às artes e oficios de que me recordo: Começando pela sapataria do teu avô "Morcela" o Barbeiro "O Mouco", O Bernardino da Loja, a peixaria com o ZÉ Mira e o Amilcar o talho do Fitas e Seabra. Recordas o Presidente da Câmara o Alexandre Fernandes, mas eu conheci-o a morar na Praça na primeira casa logo a seguir às grades da Camara, mesmo ao cantinho. Esqueces-te foi de uma personalidade que tambem morava e ainda hoje mora que é o Padre da Freguesia. Na altura o Padre Gil.
É bom avivar estas memórias. Qualquer dia vamos aos Barbeiros. E porque não aos Padres? Ás Modistas, aos Engraxadores, aos Ferreiros, aos Carpinteiros.
Há tanta gente para recordar e que deixou marcas na nossa terra....
Um abraço
Chico
OBS.
E qualquer dia, ainda vamos arriscar maia e vamos até ao enorme pecado da Ladeira das Pedras e outras casas que as havia. O Alandroal sempre foi uma grande terra onde como já tenho dito a Virtude morou sempre ao lado do pecado. E ainda bem que assim foi porque senão estávamos eternamente a olhar para aquelas gaivotas que eram mais rápidas a voar do que a sua própria sombra. Eu nunca apanhei nenhuma.~
~ Tu apanhaste alguma? Eu nunca,nunca, nunca mais! Saudações ANBerbem
É de louvar que tenhas tido essa ideia de relembrares aqueles que nós lembramos quase todos os dias, ainda assisti a muitos "cortes e costuras" tanto do tio Pedro como da minha tia/madrinha Isabel, não no Alandroal, mas na Arruda dos Vinhos onde passava uns belos dias na companhia deles e, ainda miúda, também gostava de alinhavar e arrumar a loja no final do dia. Tive esse privilégio de ser sempre muito bem recebida e acarinhada nas minhas férias grandes, bem como da companhia do nosso avô Berbém.
Foi das pessoas mais generosas que já conheci, essa grande mulher que falas, que fez tudo por todos e merecia um final mais feliz ...
Bjs da tua prima Ângela
Falando de antigos Alfaiates do Alandroal posso acrescentar mais 3 nomes, Mariano José Faleiro Ramalho (1883), José Jerónimo de Santa Isabel (1893), e Carvalho Falleiro (1878).
António Jeremias Nabais
Sempre atento amigo Jeremias. Obrigado. Fico contente por saber que ainda há quem se interesse por perservar a história do Alandroal.
Um abraço
Chico
OBS.
De facto, estava a faltar-nos indicar os Alfaiates antecedentes dos finais do século XIX até meados do seculo XX no Alandroal. É uma achega preciosa. E já agora,se fosse possível, perguntava-lhe onde estavam situadas essas Alfaiatarias? E o mais que souber e puder indicar-nos.
Os meus melhor cumprimentos
Antonio Neves Berbem
Caro António Berbem
De facto o que sei são as moradas dos referidos Alfaiates, desconhecendo se coincidiam com as respectivas Alfaiatarias.
Os Falleiro que eram pai e filho moravam na rua do Mártir, actual rua Dr Afonso Costa. O Santa Isabel na rua das Flores, actual rua Brito Camacho.
Cumprimentos para si e para o Francisco Manuel
António Jeremias
Tem graça! Lembro-me de um Faleiros que morava nesa Rua. Ainda foi peixeiro e tinha a pretensão de ser ilusionista. Lembro-me que fazia um truque com uma agulha que espetava num lado da cabeça e saia no outro lado. Era eu gaiato e tinha um medo que me pelava! Seria familia?
Chico
Se era Faleiro e morava nessa rua, com certeza seria familiar!
Já me apercebi que houve por aqui pessoas com as mais diversas profissões, desde Albardeiro a Forneiro...mas ilusionista ainda não tinha ouvido!!! Talvez não tenha passado da pretensão.....
António Jeremias
Enviar um comentário