quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

A CRONICA DE OPINIÃO TRANSMITIDA HOJE NA DIANA/FM TEM ASSINATURA DE EDUARDO LUCIANO

                                     Natal, de novo

Quinta, 22 Dezembro 2016 
Esta é a minha décima primeira crónica de Natal para a DIANAFM. Ao longo destes anos a minha perspectiva sobre esta época do ano tem vindo a alterar-se no sentido inverso ao que habitualmente se verifica para a generalidade das pessoas.
Sendo uma época de comemorações diversas, de cariz religioso, profano, comercial, familiar nunca me senti muito bafejado pelo espírito natalício.
Também porque toda a gente gostava muito da época, eu fazia questão de afirmar que não gostava dela e que não me parecia fazer sentido.
Tenho vindo a perceber que nesta época cada um comemora o que mais jeito lhe dá e só dessa forma faz sentido que a maioria das pessoas se sinta diferente nesta época. Só assim é possível que o Pai Natal se cruze com Jesus Cristo à porta de um qualquer centro comercial.
Este ano apetece-me comemorar o Natal, como momento de encontro, como forma de reduzir o ritmo e de encontrar tempo para reflectir e é neste sentido que acho que estou a ficar cada vez mais infantil e a afastar-me da amargura crescente que tendencialmente se vai acumulando à medida que vamos envelhecendo. Espero não voltar ao tempo em que acreditava no Pai Natal.
Hoje existe outra tendência que se manifesta nas redes sociais e que começa a assumir o peso das maiorias moralmente perfeitas: a condenação da hipocrisia que se manifestaria preferencialmente nesta quadra festiva.
E, como saberão os que me conhecem, não sou muito de acompanhar as tendências maioritárias, menos ainda quando embrulhadas em moralismos da moda.
Sendo verdade que esta é a época de todas hipocrisias, ou melhor, é a época em que as hipocrisias de todo o ano se tornam mais luminosas, não é menos verdade que não faz muito sentido os hipócritas de todo o ano clamarem contra as hipocrisias de um mês.
Já não vou a tempo de colocar a coroa natalícia na porta de casa, ou o Pai Natal a subir uma escada de corda pendurada na janela. Também já não consigo apanhar o musgo necessário para fazer o presépio nem vou a correr para as lojas para comprar tudo o que a minha disponibilidade financeira me permitir.
Também não tenciono participar em nenhuma celebração religiosa ou telefonar a familiares com quem não falei durante todo o ano.
Mas este ano vou celebrar o Natal, porque é a forma de não acompanhar aqueles que condenam sazonalmente a hipocrisia que praticam durante todo o ano.
Desejo-vos a todos um Natal de reflexão sobre o que dizem, escrevem e manifestam, lembrando que, até no presépio, as ovelhas têm papel meramente decorativo 
Até para a semana

Eduardo Luciano

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