quarta-feira, 29 de junho de 2016

ORBITAS da TORRE do RELÓGIO - Rubrica de A.N.B.

i)
Visto pela “orbita externa da Torre do Relógio”, o que este resultado do referendo no Reino Unido provou, mais uma vez, é que na história da Europa, a única lei que podemos ter como certa, “é acontecer sempre o imprevisível”. Ou seja, o Reino Unido atlântico vai sair da União Europeia.
Aceite como «um parceiro indispensável» do processo de integração europeia (1973), nas suas várias vertentes, acresce que o Reino Unido corre, ele próprio, o risco de se desintegrar devido aos independentismos conhecidos.
As análises são as mais diversas e, de certa maneira, todas elas têm alguma razão de ser, decorrem e influenciam o processo político. Uma das mais correntes é que os eleitorados nacionais, ou locais, estão cada vez menos dispostos a aceitar processos de decisão vindo de obscuros centros de decisão. E/ou de decisores, mais ou menos ocultos, que apenas visam o fortalecimento do seu poder político pessoal.
Para resumir, este estado das coisas, temos a ideia que David Cameron, o 1º Ministro inglês, se espalhou ao comprido e vai deixar como legado politico, a destruição não apenas de uma mas de duas uniões: a britânica e a europeia.
O “Directório europeu” que deu sempre, historicamente, maus resultados já levantou cabeça. A Alemanha fica dona e senhora da Europa. A França e outros países da U. E. vão entrar num processo de ressurgimento de rivalidades antigas. De muito má memória!
Ficaríamos por aqui.

ii)
Já agora, visto pela orbita interna (e nacional) da Torre do Relógio, o que podemos observar é que vão ser os países periféricos e do Sul da União Europeia que estarão a contas com a factura principal de uma votação, a inglesa, a que foram alheios. Na origem mas não nas suas consequências.
A instabilidade nos mercados financeiros, os referendos que irão seguir-se, certos projectos de poder pessoal em curso (vide o caso de França e da Holanda), a imprevisibilidade nas exportações de países como Portugal para Inglaterra tudo isso afectará a governação, o desenvolvimento, o crescimento e os meios de vida dos países mais pequenos. Mais endividados e com maiores dificuldades sociais.
Nada isto é novo, tudo isto é conhecido e anda a ser debatido. O mistério está em saber porque é que, os políticos europeus e os principais decisores, por exemplo, na União Europeia persistem nos mesmos erros e insistem em voltar a percorrer os mesmos caminhos.
Sem sequer dar conta da sua luxúria (por exemplo nos custos da burocracia europeia) e dos erros das suas analises. E, sobretudo, sem inverter certas politicas. No caso da Europa (e não só), os Povos europeus, podem demorar algum tempo a perceber que estão a ser enganados. Mas não estão dispostos a ser enganados o tempo todo!   
Adiante.

iii)
Mudando para “a orbita interior da Torre do Relógio”, talvez também não seja má ideia começar a reparar, com atenção, no que anda a tramar-se no horizonte do Concelho, à revelia de um processo autárquico que devia começar por ser claro, assumido e transparente por todos os partidos.
Foi publico, foi notório, esteve editado durante cerca de três horas no Al tejo, foi a seguir mandado retirar pelos autores e dois signatários, o texto de “um acordo bilateral” que, em tudo, faz lembrar a ideia “do arco da velha” de David Cameron ter sido o inspirador “do referendo” que afinal o viria a derrotar e já o obrigou à demissão. À sua e à do seu Governo.
Claro que, a uma escala concelhia, as coisas, ainda assim, são diferentes.
Mas, como é óbvio, um acordo cujo teor e articulado evidencia apenas uma estratégia individual de alcançar o poder pessoal, que foi porventura negociado de forma clandestina e exposto furtivamente, não tem de ser avaliado positivamente. 
Nem deve servir de guia e orientação eleitoral interna a forças partidárias com vocação e Liberdade de acção.
Foi, assim nos parece, apenas “uma precipitação autárquica” que precisa, com urgência democrática, de novas linhas de orientação e de debate em sede própria. Distrital e Concelhia.      
O dito acordo bilateral parece carecer de “fontes próprias de legitimação” que, digamo-lo assim, o venha a tornar válido, vencedor, exequível. E acrescentamos nós: sustentável aos olhos do eleitorado.
O tal “Sujeito europeu” que acaba de votar em Inglaterra (e nisto, o Alandroal é Europa) mostrando-se, cada vez menos (bem) disposto a ser um simples objecto eleitoral e destinatário de políticas menores.
Tenham elas o lastro e a marca que tiverem!

  Antonio Neves Berbém
     ( 29/6/2016)


11 comentários:

Anónimo disse...

Vale tudo para alcançar o poder, os aliados das ultimas autárquicas pelos vistos já serviram, mas já não servem, e os que foram os adversários que eram do pior, são neste momento os pretendidos aliados para alcançar o poder de novo.

E é com "políticos" deste calibre que continua a saga do Alandroal.

Boa tarde e parabéns ao Berbém por mais um belo texto.

Anónimo disse...

Concordo com o comentador anterior.
Não é com estes acordos nada claros que este concelho vai a bom porto.

Anónimo disse...

O documento foi retirado mas como eu terão sido muitos a fazer uma cópia do mesmo. Socialista sou eu e ninguém quis saber a minha opinião. Procedem como se fossem donos. Continuem que saem mestres.
Para terminar: Pobre PS. As leis da física estão comprometidas.
Passa a ser a Terra a girar em volta da Lua.

Anónimo disse...

Estes negócios politicos feitos apenas entre duas pessoas costumam em qualquer lugar dar mau resultado por isso concordo com os comentários anteriores.O Muda já se sabe muda e remuda porque a gente já sabe a unica coisa que quer.

Anónimo disse...

Foi boa a experiência, e compensadora, de tal modo que apesar de sermos um Município endividado e cheio de problemas todos lutam pelo o osso.
Se calhar estou a ser injusto e esta gente afinal de contas o que quer, é servir o Alandroal e as Pessoas, o que eu gostava de acreditar nisso, mas pelo o regabofe que se viu e sentiu durante 4 anos de governação MUDA, estão de facto apresentados e deu para ver qual foi na verdade a causa Alandroal.
E por aqui me fico.

Anónimo disse...

Na verdade já se sabe o que o MUDA quer, e o futuro já não vai ser longo.
Sozinhos já se viu que não vão lá, já tiveram no poder com uma aliança com a CDU que pelo o que diz um comentador acima já não servem, já serviram, são passado, descartáveis.
Resta o PS e a ver vamos no que vai dar, mas depois acabou-se, não há mais alianças possíveis para levar o MUDA ao poder, ficam sozinhos e reduzidos ao tamanho que realmente tem.

Anónimo disse...

Cabe na cabeça de alguém que um acordo desse tipo pudesse ser assinado só entre duas pessoas sem ser aprovado nas estruturas do movimento e do partido em causa??? A bem do Alandroal espero que vá para a frente porque os outros cenários são de medo!!!

Anónimo disse...

Na minha modesta opinião vivemos um tempo de alianças e cedências em prol do bem comum e não dos interesses partidários mesquinhos. Este acordo é a única esperança sólida no horizonte para o Alandroal.

Anónimo disse...

Ainda a "porcissão vai no adro"... Sinceramente, a memória é curta... e vejo também alguma falta de ideias.
Se se lembram em 2013 em determinada altura (quem era o cabeça de lista pelo PS), o MUDA deu o apoio ao PS, mas depois retirou-o e deu esse apoio à CDU...
Como não conseguiu dominar a CDU agora volta-se novamente para o PS que não lhe serviu em 2013, porque é que lhe serve agora?
Mais uma memória "o que aconteceu à Vice-presidente eleita em 2009"? Será que se o acordo coligatório que por aqui apareceu for ratificado, não irá suceder o mesmo ao vice-presidente?
Os Alandroalenses deviam refletir sobre o que se passou e não dar de mão beijada a gestão deste concelho a quem já demonstrou não ser capaz de o gerir.
Uma boa tarde e Viva a nossa Seleção.

Anónimo disse...

30 junho, 2016 16:36 disse:
"Este acordo é a única esperança sólida no horizonte para o Alandroal"

Qual Alandroal? O seu?

Há mais, quando chegar a altura logo se vê.

Anónimo disse...

Julgo que todos já devem ter percebido que não é o Muda que quer voltar ao poder, sejamos claros e directos. O Muda foi uma invenção para lá chegar. Se for preciso agora abandonar o movimento independente e voltar ao PS este senhor fá-lo sem grande pejo, como se viu.

Pergunto-me, como se sentirão agora os eleitores do Muda que acreditavam verdadeiramente na independência e queriam um executivo isento? Seguiriam o líder e estarão a borrifar-se para independências?