Sexta, 03 Junho 2016
Previsões são
previsões, não mais do que isso.
Mas são com previsões
que trabalhamos até ter os resultados finais. Daí que tenham uma inquestionável
importância, enquanto indicadores que são, e desde que venham de organizações
credenciadas.
Quando uma previsão é favorável valoriza-se esse facto. Quando não trás
boas noticias, desvaloriza-se invocando a circunstância de tratar-se de uma
previsão.
Esta semana a OCDE
reviu as suas previsões para o défice português para 2,9% do PIB, agravando-o
em 0,1%. Também reviu a previsão do crescimento do PIB para 1,2%, reduzindo-o
em 0,1%.
As previsões para o
desemprego e para a dívida pública também pioram.
A OCDE alinha assim as
suas previsões às do FMI, que também prevê um défice de 2,9%, e às da Comissão
Europeia que aponta para um défice de 2,7%.
Ora, será de
acreditar, face a estes elementos, que o défice português para 2016 se cifrará
num intervalo entre os 2,7 e os 2,9%, longe da previsão de 2,2% do governo.
Ainda assim, em 2016,
Portugal poderá sair do procedimento por défice excessivo, caso o seu défice
venha a ser inferir a 3%, o que cremos não ser tarefa assim tão difícil, porque
bastará reduzir-se o défice, num ano, nuns meros 0,3%.
Em 2017 é que a tarefa
será bem mais difícil, porque o comprometimento do executivo é para que o
défice atinja 1,4% do PIB.
E em 2017 teremos
integralmente os efeitos das várias medidas já tomadas, ou seja, da reversão
total da reposição salarial na função pública, do termo da aplicação da
sobretaxa de IRS, dos efeitos da reposição do horário das 35 horas na
administração pública, as quais têm em 2016 efeitos parciais, mas em 2017 terão
efeitos totais.
Já para não falar das
medidas anunciadas, mas ainda não tomadas, tais como o IVA da restauração ou o
descongelamento das carreiras da função pública.
E isto quando a
economia portuguesa perde competitividade, Portugal desceu 3 lugares no índice
mundial de competitividade, posicionando-se no 39º lugar em 2015, as
exportações reduzem, as importações tendem a aumentar, fruto do maior consumo
interno, e a economia apresenta um baixo crescimento e falta investimento.
Será certamente
necessário estabilidade política para atingir um nível de crescimento económico
que permita fazer crescer a economia e reduzir a elevada taxa de desemprego que
temos, mas esse crescimento que se pretende só será atingido com medidas de
apoio dirigidas à economia e às empresas, condição para a resolução doutros
problemas que vão subsistindo.
Até para a semana
Rui Mendes
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