PORQUE ACHAMOS CURIOSO E COM
GRAÇA….PARTILHAMOS COM OS NOSSOS LEITORES…
No Jornal “O MONTEMORENSE” escreve João
Baptista Malta uma coluna a que dá o título de = D´entre
Tejo e Odiana = que
reporta acontecimentos d´outrora passados na então Vila de Montemor.
Na edição do passado mês o Autor relata-nos
uma “memória” de episódios da vida de
um homem de 95 anos de seu nome Salvador
da Costa, que nos relata os acontecimentos que o mesmo testemunhou quando
apenas tinha a idade de 10 anos a que deu o título de «Morreu Matias Fialho, o homem que tinha mais dinheiro em Montemor –
o-Novo».
A sequência de acontecimentos no dia do
funeral de Matias José Vinagre, a quem todos conheciam por Matias Fialho, deu
azo a que Salvador da Costa nos legasse esta narrativa que, por acharmos de um
humor fora do comum, pese embora tratar-se de um acto fúnebre, nos leva a
transcrever partes do mesmo, pedindo antecipadamente desculpa ao Articulista
pela ousadia.
«Matias José Vinagre, a quem toda
a gente chamava Matias Fialho, Grande lavrador e também possuidor de muitos
baús repletos de pintos e tabuleiros a abarrotarem de grossos cordões de oiro.
Dizia-se até, que tinha uma casa em alvenaria, sem portas nem janelas, com a
capacidade de 16 m2, onde arrecadava os baús cheios com os pintos, as libras,
os cordões, os patacos e muitas mais riquezas. Intensamente, corria a notícia
de ter feito testamento e nele lembrara-se do povo. Daria cinco tostões a quem
o fosse acompanhar à sua última morada.
A Igreja de São Francisco e a
Capela da Ordem Terceira, anexa, estavam apinhadas de gente. Cá fora, no adro,
estavam os empregados da casa Matias Fialho para distribuírem as esmolas,
contando os vinténs e patacos até perfazer a quantia de dois tostões. O povo porém
tinha ouvido dizer que a esmola era de cinco tostões e não de dois, por isso
irritou-se, e começou aos pontapés aos cestos e aos sacos onde estavam as
moedas. Estas começaram a rebolar pelo chão e eram então apanhadas na maior
balburdia, gritaria e pancadaria, ficando uns com muito e outros com pouco ou
nada.»
Providenciou-se a vinda de mais sacos de
moedas, só que na Carreira de S. Francisco, onde hoje se encontra o nicho de
Nossa Senhora:
«assaltaram
um dos criados da Casa Matias, que trazia ás costas um saco grande, cheio de
patacos. Um dos assaltantes deu uma navalhada no saco, de alto a baixo, e as
moedas correram todas para o chão. Houve outro reboliço, com muita algazarra e
mais pancadaria. Quando os ânimos por fim se apaziguaram, depois de
entendimento com o testamenteiro foi declarado que as esmolas de cinco tostões
seriam distribuídas na terça-feira a quem fosse ao Convento de S. Francisco.
Para tudo correr na melhor ordem,
foram requisitados o Regimento de Cavalaria 5 de Évora, que se colocou no
Rossio, e o Regimento de Infantaria 7, que ficou a proteger a Carreira de S.
Francisco. Na terça-feira estavam as esmolas distribuídas, assim cada qual com
os seus cinco tostõezinhos na mão, e ainda nesse mesmo dia, os criados da Casa
Matias Fialho foram levar as esmolas a dois mil trabalhadores da Mina dos
Monges, que não podiam perder o dia para virem a S. Francisco recebê-la.
Os baús, os sacos e muito mais
riquezas seguiram nesse mesmo dia para o Banco de Évora e foram escoltados até
essa cidade pelo Regimento de Cavalaria 5 ».
Pode ler o
artigo de João Baptista Malta, completo, adquirindo o Mensário “O Montemorense”
– Edição de Fevereiro.
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