quarta-feira, 2 de março de 2016

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No Jornal “O MONTEMORENSE” escreve João Baptista Malta uma coluna a que dá o título de = D´entre Tejo e Odiana = que reporta acontecimentos d´outrora passados na então Vila de Montemor.
Na edição do passado mês o Autor relata-nos uma “memória” de episódios da vida de um homem de 95 anos de seu nome Salvador da Costa, que nos relata os acontecimentos que o mesmo testemunhou quando apenas tinha a idade de 10 anos a que deu o título de «Morreu Matias Fialho, o homem que tinha mais dinheiro em Montemor – o-Novo».
A sequência de acontecimentos no dia do funeral de Matias José Vinagre, a quem todos conheciam por Matias Fialho, deu azo a que Salvador da Costa nos legasse esta narrativa que, por acharmos de um humor fora do comum, pese embora tratar-se de um acto fúnebre, nos leva a transcrever partes do mesmo, pedindo antecipadamente desculpa ao Articulista pela ousadia.
«Matias José Vinagre, a quem toda a gente chamava Matias Fialho, Grande lavrador e também possuidor de muitos baús repletos de pintos e tabuleiros a abarrotarem de grossos cordões de oiro. Dizia-se até, que tinha uma casa em alvenaria, sem portas nem janelas, com a capacidade de 16 m2, onde arrecadava os baús cheios com os pintos, as libras, os cordões, os patacos e muitas mais riquezas. Intensamente, corria a notícia de ter feito testamento e nele lembrara-se do povo. Daria cinco tostões a quem o fosse acompanhar à sua última morada.
A Igreja de São Francisco e a Capela da Ordem Terceira, anexa, estavam apinhadas de gente. Cá fora, no adro, estavam os empregados da casa Matias Fialho para distribuírem as esmolas, contando os vinténs e patacos até perfazer a quantia de dois tostões. O povo porém tinha ouvido dizer que a esmola era de cinco tostões e não de dois, por isso irritou-se, e começou aos pontapés aos cestos e aos sacos onde estavam as moedas. Estas começaram a rebolar pelo chão e eram então apanhadas na maior balburdia, gritaria e pancadaria, ficando uns com muito e outros com pouco ou nada.»
Providenciou-se a vinda de mais sacos de moedas, só que na Carreira de S. Francisco, onde hoje se encontra o nicho de Nossa Senhora:
«assaltaram um dos criados da Casa Matias, que trazia ás costas um saco grande, cheio de patacos. Um dos assaltantes deu uma navalhada no saco, de alto a baixo, e as moedas correram todas para o chão. Houve outro reboliço, com muita algazarra e mais pancadaria. Quando os ânimos por fim se apaziguaram, depois de entendimento com o testamenteiro foi declarado que as esmolas de cinco tostões seriam distribuídas na terça-feira a quem fosse ao Convento de S. Francisco.
Para tudo correr na melhor ordem, foram requisitados o Regimento de Cavalaria 5 de Évora, que se colocou no Rossio, e o Regimento de Infantaria 7, que ficou a proteger a Carreira de S. Francisco. Na terça-feira estavam as esmolas distribuídas, assim cada qual com os seus cinco tostõezinhos na mão, e ainda nesse mesmo dia, os criados da Casa Matias Fialho foram levar as esmolas a dois mil trabalhadores da Mina dos Monges, que não podiam perder o dia para virem a S. Francisco recebê-la.
Os baús, os sacos e muito mais riquezas seguiram nesse mesmo dia para o Banco de Évora e foram escoltados até essa cidade pelo Regimento de Cavalaria 5 ».

Pode ler o artigo de João Baptista Malta, completo, adquirindo o Mensário “O Montemorense” – Edição de Fevereiro.




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