ORELHUDOS do CARAÇAS (35)
i)
Estados de Espirito
Claro que haveria coisas mais urgentes
para desfiar no Al Tejo mas também é verdade que, hoje, entendemos para bem do
nosso estado de espirito esclarecer aqui um assunto.
Como sabem há uma mão cheia de anos que
colaboro neste espaço e como tal é sempre conveniente ir variando os temas e os
títulos. Uma tarefa que nem sempre terá sido bem sucedida.
Por exemplo, este título de “Orelhudos
do Caraças” colheu inspiração em dois grandes escritores. Por sinal um deles
até é alentejano.
Mas o verdadeiro “clik” para escolha
deste título veio-me - imaginem lá - de um grande cantor, de seu nome Marco
Paulo. Achei muita graça e inspiração que tivesse dito na Televisão que a sua
canção “ Eu tenho dois Amores/ não sei qual gosto mais,,,/ (de resto uma canção
poderosa e bonita que foi um enorme e merecido sucesso) era a sua canção
mais “Orelhuda” de sempre. “Orelhuda” na medida em que entrou muito
facilmente pelos ouvidos adentro… até porque Marco Paulo tinha um vozeirão… do
Caraças.
Quanto a este segundo termo que também
decidi usar, trata-se simplesmente de uma alusão à Tapada que os alandroalenses
bem conheceram, ainda recordam e fazia parte do nosso imaginário infantil dado
que havia por lá umas feiticeiras, duendes e fantasmas que serviam às mil
maravilhas aos nossos ricos devaneios infantis.
Adoptei o título porque estes devem
obedecer a algumas regras indispensáveis da comunicação: têm de ser assertivos
e bastante apelativos. Explicada a razão, vou ainda acrescentar que um destes
dias mudarei novamente.
Estou, aliás, já a pensar num novo titulo
que poderá muito bem ser «NEVE PRETA» porque, de facto, existe muita neve preta
por cá e por essa Europa fora. E os poetas sabem-no melhor que ninguém.
Adiante.
ii) Estado
das Coisas
Já todos reparámos que o fadário do
Orçamento do Estado português para 2016 acabou mais uma vez por cair-nos no
lombo. Como europeísta aceito que haja “regras europeias” decorrentes dos vários
tratados aos quais estamos vinculados que devem ser observadas.
O que tenho muita dificuldade em aceitar
é que seja «a farta burocracia europeia» da Comissão Europeia ( não eleita por
ninguém ) com os seus burocratas tecnocráticos a ditarem as regras do jogo
orçamental, de forma a roçar uma quase
intratável arrogância.
Dito de outro modo, os (nossos)
interesses nacionais não têm que estar inteiramente subordinados a Bruxelas.
Nem podem ser objecto de uma interpretação muitas vezes insensível e abusiva para
impor politicas ideológicas perigosas e excessivamente neoliberais que, além
disso, correspondem a interesses de outros países, de outras bancos e de outras
economias muito mais fortes do que a nossa.
É uma logica infernal que teve e tem,
aliás, também cobertura cá dentro e que é preciso alterar para mudar a vida das
pessoas e da sociedade. Este modelo de integração europeia na União
Europeia onde uns continuam servos e
outros gananciosos senhores não serve porque agrava os desequilíbrios europeus
que já não são poucos.
Se repararem bem quem anda a mandar no
mundo são os poderes não democráticos. É o caso do FMI, do BCE, da Comissão
Europeia, das tais agências de rating.
Os governos nacionais mandam cada vez
menos. Ao que acresce o facto de uns serem mais seguidistas do que outros.
Comparem as posições de Passos Coelho com a de António Costa e vejam quem é que
deve ser apoiado.
Relativamente ao poder crescente e
autoritário de certos estados na União Europeia, não é nada que não se soubesse
há bastante tempo. O pior é que, nos tempos actuais, o problema tem tendência a
agravar-se sem que novas lideranças politicas consigam travar esta corrida para
o abismo.
E se é uma questão de novas Lideranças
procurem-se porque pode acontecer que elas existam mesmo entre as gerações mais
novas. Basta olhar para Espanha…
A Europa (e Portugal) não podem ser
egoístas, cheios de castas e de
privilégios para uns tantos. A Europa ou é das Luzes e da Democracia… e de
apoio aos Refugiados ou, então, dando ou não dando por isso, estamos mais uma
vez a cavar e a tolerar novos formas de desumanidade que se virará contra nós.
Como foi acontecendo, sem apelo, ao longo do século passado.
iii) Estado da Terra
Se há coisas que agradam no Alandroal é o facto de não ser uma
terra de muitas rotundas daquelas que foram moda gastadora em tudo quanto era
país. Assim como nos agrada o facto de não haver a febre da construção em
altura. Digamos que «o casco histórico» da Vila, se bem que mal conservado
permanece fiel à sua própria história arquitectonica.
Onde as coisas já deviam ter começado a
mudar porque começa a fazer-se turisticamente tarde é, em dois ou três
aspectos, que vou mencionar sucintamente até porque as verbas do FAM sabe-se
que também podem servir para investir nisso mesmo.
Sem mais delongas, repetimos que o
Alandroal anda a precisar de ver os seus Fontanários recuperados. Precisa de um
Parque Verde de Diversões. Assim como se impunha a criação de uma Área Verde
envolvente da Vila.
Ah, e se vier a ser possível (como
espero) também devia ser criada a tal Ciclovia no perímetro da Vila. Para os
mais novos bicicletarem … e os velhos poderem passear. A saúde publica
agradecia.
Vamos esperar. Até porque,2017, está ao virar
da esquina!
António Neves Berbem
(4 Fevereiro de 2016)
6 comentários:
«Estado da Terra»
Já agora, também não nos podemos esquecer do estado de conservação lastimoso,
vergonhoso, em que encontram algumas fachadas de prédios antigos...
Comentário das 16:26, do dia 7/2
Dado conhecer bem o Alandroal, deste n.º também faz parte a fachada de António Neves Berbem.
OBS.
Relativamente ao comentário onde sou citado (17.41) vou apenas responder
que está descontextualizado e deslocado. Perdeu-se porque vem marcado
apenas de uma certa"pessoalização" totalmente dispensável e reveladora
dos fins meramente pessoais que pretende atingir.
Tanto mais que se a afirmação poderia estar um tanto próxima da verdade...
não deixa contudo de ser,pelo menos, meia mentira. Procurando assim
atingir casos individuais e não o problema mais geral da Vila. E esse sim
é que nos deve merecer a atenção de todos com o apoio e a superior
orientação da Autarquia.
Creio assim ter respondido assinando por baixo.
Melhores cumprimentos
Antonio Neves Berbem
Sr. Doutor, os casos individuais são o problema mais geral desta e de muitas, muitas outras Vilas, Aldeias e Cidades.
Olhe para Lisboa. Há décadas que MAIS DE 60 MIL EDIFÍCIOS carecem de intervenção.
... e mais não digo porque, uma vez mais, mostrou desconhecimento e, tão sómente, APENAS!!! EM RELAÇÃO A ESTE PEQUENO GRANDE PROBLEMA NACIONAL.
E o que dizer do património histórico?
Apoios: ZERO. Desde há décadas. Com muitos jornais e televisões MANDADAS.
Outro sistema, outro sistema Sr. Doutor.
Este, já quarentão, mostrou e mostra o que vale.
Assim, não.
Com cordialidade
"Outro sistema, outro sistema Sr. Doutor.
Este, já quarentão, mostrou e mostra o que vale."
Muito bem dito: outro sistema.
Tal como o do fascismo, também a democracia já deu o que tinha a dar.
Tudo quanto der daqui em diante é só para políticos e ricos.
Quanto mais tempo durar pior para os que precisam.
E não pensem que vão lá com votos, quando houver eleições a direita ganha com maioria absoluta. Os fazedores de opinião ensinam o povo ao contrário dos seus interesses e é assim que votam, coitados...
Sr. ANB realmente era bom arrumarmos a nossa casa antes de falar das dos outros, neste caso quase literalmente; se sabemos o que está mal e o que os outros, neste caso a Câmara, devem fazer, também devemos assumir o que é nossa obrigação. Se o arranjo dos espaços públicos é obrigação do Município, as fachadas dos prédios privados é obrigação dos proprietários.
Quanto a espaços verdes, gosto deles e acho-os importantes no ordenamento das povoações, mas por favor, vivemos quase dentro do campo, é andar menos de meio quilómetro e qualquer alandroalense está num grande espaço verde, acho importante mas não prioritário no Alandroal.
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