Não
esperes colher as flores
Se
não semeares o jardim
Porque
perfume e cores
Vão
só depender de ti
Abre
teus braços à vida
Que a
vida se abre em abraços
Cresce,
esforça-te na subida
Não
deixes perdidos teus passos
Arregaça
com fervor
A
auto-estima de viver
Vive
o presente com amor
Deixa
o passado morrer
Procura
na natureza
A luz
que brilha e não vês
Caminha,
que encontras beleza
E
vive pleno, outra vez
Não
cismes e não te encantes
Com
estímulos imaginários
Dominadores
da mente
Tão
enganadores… falsários
A
oportunidade se alcança
Na
força de muito querer
Acelera
que a esperança
"É
a última a morrer"
Não
caias em tentação
Mede
todos os prós e contras
Porque
uma má decisão
Só o
tempo faz as contas
Floresce
e vê as coisas
Pelo
lado mais positivo
Liberta
o pensar e ousa
Não
amedrontes o tino
A
vida fez-se para viver
A
vida tem energia
Viver
faz-nos mais crescer
Com
prazer, paz e harmonia
Maria Antonieta Matos 21-07-2015
Pintura
Costa Araújo
VOU PROIBIR A
TRISTEZA!
Vou
proibir a tristeza
De
sonhar no pensamento
Vou
ser forte, fortaleza
Para
acabar com o sofrimento
Vou
proibir que haja trancas
Onde
se esconde a solidão
E
abro rios de águas mansas
A
correr de chão em chão
Vou
proibir a doença
Que
amarra qualquer pessoa
O não
acreditar na esperança
Consentir
o que magoa
Vou
proibir que exista a dor
Que a
tristeza vem consumir
Vou
abrir campos de flores
Quero
ver todos a sorrir
Vou
proibir que haja fome
O
abandono de crianças
A
injustiça que não dorme
A
maldade e a ignorância
Vou
espalhar a alegria
Vou
abrir todas as portas
Vou
dar largas à magia
A
tristeza me revolta!
Maria
Antonieta Matos 20-07-2015
Pintura
Costa Araújo
Quase todos os dias pela tardinha repete-se o
ritual. Corda nos sapatos e aí vou eu a caminho da Horta da Vinha (fui eu que a
baptizei assim por se encontrar na extrema da extinta vinha da Pipeira, outrora
«Campo de Experiências»). Com seu poço d’água e tanque lateral que noutro tempo
serviu de apoio para rega do hortejo, encontra-se delimitado por colunas de
granito no espaço que o circunda. Fez-se agora estrutura em madeira e cobertura
em canas para embarrar as videiras que partem de cada uma das colunas, e desse
modo se usufruir de sombra nos dias quentes de verão. Também se construiu mesa
debaixo do mesmo espaço (pedra grande em xisto que se apoia em cinco paus de
cerca), e a que dei o nome de «Anta». A rega utilizada é 'gota a gota', com um depósito
de 1000 litros que serve de apoio a todo o hortejo. Uma bomba é o sistema
utilizado para tirar água do poço, trabalhando com o auxílio de um gerador a
gasolina. Muito simples.
Mas não é sobre isso que vos quero falar. O que
hoje me motivou a escrever chama-se rela (ou pequena rã), uma história de
amizade ou talvez muito mais que isso.
O depósito d’água, não havendo qualquer percalço, leva cerca de 20 minutos até ficar repleto. Certo dia ao verificar se ainda faltava muito para estar cheio, comecei por observar à tona d’água relas mortas que surgiam à superfície. Fui retirando todas as que pude para dentro de uma garrafa de litro e meio de água. Contei 25 relas mortas. Quando me preparava para as jogar em terra, reparei que dentro da garrafa algo se tinha mexido... e tinha razão! Uma rela, de cor castanha, agitava sofregamente as suas patinhas. Retirei-a, e a coloquei ao sol. As restantes estavam efectivamente mortas, mas a rela de cor castanha havia resistido ao calor no fundo do depósito d’água. Eu a tinha salvo, e ela podia seguir o seu caminho. Assim aconteceu nesse certo dia que vos falo.
Mais tarde (ou melhor, em outro certo dia), o mesmo ritual de encher o depósito; e quando este se encontrava quase cheio, saltou do seu interior uma rela ficando segura na borda ou boca do depósito, virada na minha direcção. Pensei de imediato em apanhá-la, mas logo desisti da ideia. Disse para com os meus botões: «talvez ela me deixe fazer uma festa… quem sabe? Não querias mais nada, fazer festas a uma rã… só em sonhos!».
Então avancei com o dedo mindinho e acariciei o seu saco vocal ou membrana de pele. E a rela de cor castanha assim permaneceu imóvel o tempo todo, talvez na procura de uma antiga amizade.
A cena já se repetiu…
eu e a rela de cor castanha estamos definitivamente ligados!
E só nós dois é que sabemos…
Matias José
O depósito d’água, não havendo qualquer percalço, leva cerca de 20 minutos até ficar repleto. Certo dia ao verificar se ainda faltava muito para estar cheio, comecei por observar à tona d’água relas mortas que surgiam à superfície. Fui retirando todas as que pude para dentro de uma garrafa de litro e meio de água. Contei 25 relas mortas. Quando me preparava para as jogar em terra, reparei que dentro da garrafa algo se tinha mexido... e tinha razão! Uma rela, de cor castanha, agitava sofregamente as suas patinhas. Retirei-a, e a coloquei ao sol. As restantes estavam efectivamente mortas, mas a rela de cor castanha havia resistido ao calor no fundo do depósito d’água. Eu a tinha salvo, e ela podia seguir o seu caminho. Assim aconteceu nesse certo dia que vos falo.
Mais tarde (ou melhor, em outro certo dia), o mesmo ritual de encher o depósito; e quando este se encontrava quase cheio, saltou do seu interior uma rela ficando segura na borda ou boca do depósito, virada na minha direcção. Pensei de imediato em apanhá-la, mas logo desisti da ideia. Disse para com os meus botões: «talvez ela me deixe fazer uma festa… quem sabe? Não querias mais nada, fazer festas a uma rã… só em sonhos!».
Então avancei com o dedo mindinho e acariciei o seu saco vocal ou membrana de pele. E a rela de cor castanha assim permaneceu imóvel o tempo todo, talvez na procura de uma antiga amizade.
A cena já se repetiu…
eu e a rela de cor castanha estamos definitivamente ligados!
E só nós dois é que sabemos…
Matias José
Quase desidratada plo calor
No depósito d’água esvaziado,
Emergiu rela de castanha cor
Que aí havia pernoitado.
Depositei-a junto à hortelã
Virada ao sol de fim-de-tarde,
Para despertar pela manhã
E poder sentir-se em liberdade.
Resolveu ela (eu senti mágoa?)
Ao mesmo sítio querer voltar…
Mas com o depósito raso d’ água
Não corria perigo em desidratar.
Surgiu do nada!... e logo saltou
Para a borda onde ficou segura,
Foi quando a dúvida se instalou:
Seria então a mesma criatura?
Aí permaneceu muito serena
Parecia até me conhecer,
E eu indagando sobre a cena:
És quem não deixei morrer?
Logo de pronto fiz menção…
(Não sem antes me questionar)
Movimento rápido com a mão
E a rela castanha apanhar…?
De seguida observei: o ideal!...
Vou tentar bem de mansinho
Fazer-lhe festa no saco vocal,
Com o meu dedo mindinho.
Duvidei ainda desse intento…
Mas lá avancei com cautela
Nesse ténue movimento…
Finalmente acariciava a rela!
E o sucedido voltou a ter bis!...
No mesmo poiso à minha espera
Encontrava-se ela muito feliz!!
(Não se tratou duma quimera)
Matias José
Emergiu rela de castanha cor
Que aí havia pernoitado.
Depositei-a junto à hortelã
Virada ao sol de fim-de-tarde,
Para despertar pela manhã
E poder sentir-se em liberdade.
Resolveu ela (eu senti mágoa?)
Ao mesmo sítio querer voltar…
Mas com o depósito raso d’ água
Não corria perigo em desidratar.
Surgiu do nada!... e logo saltou
Para a borda onde ficou segura,
Foi quando a dúvida se instalou:
Seria então a mesma criatura?
Aí permaneceu muito serena
Parecia até me conhecer,
E eu indagando sobre a cena:
És quem não deixei morrer?
Logo de pronto fiz menção…
(Não sem antes me questionar)
Movimento rápido com a mão
E a rela castanha apanhar…?
De seguida observei: o ideal!...
Vou tentar bem de mansinho
Fazer-lhe festa no saco vocal,
Com o meu dedo mindinho.
Duvidei ainda desse intento…
Mas lá avancei com cautela
Nesse ténue movimento…
Finalmente acariciava a rela!
E o sucedido voltou a ter bis!...
No mesmo poiso à minha espera
Encontrava-se ela muito feliz!!
(Não se tratou duma quimera)
Matias José
5 comentários:
Lindo Cabé! Adorei
Sensacional a história da rela a dois tempos. Conto e poema uma delícia!!!!
A rela voltou, e desta vez com duas testemunhas por perto... o Paulo Tatá e a Conceição Roque.
Saltou-me para o braço, subiu até ao pescoço e lá do alto do meu metro e setenta, deu um salto perfeito para terra firme.
São assim as antigas amizades na Horta da Vinha!
Cabé
Lindo.
Muito bonita esta história de amizade em conto e poesia. Bem haja!
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