Quinta, 16 Abril 2015
Candidatos a
presidente, candidatos a candidatos, não candidatos, candidatos que se julgam
imbatíveis e outras democráticas aberrações, têm sido generosamente convidados
a ocupar o espaço mediático.
Este colocar na ordem do dia o que não
pode estar ainda na ordem do dia tem como efeito quase imediato a anestesia
relativamente às políticas que continuam violentamente a abater-se sobre a
maioria dos portugueses.
Discutir agora o
perfil ou a figura do próximo Presidente, quando temos pelo meio a oportunidade
de romper com esta alternância sem alternativa, é dar um simpático conforto à maioria
que nos governa e que pretende continuar a governar.
Deveríamos estar a
discutir as políticas alternativas, as soluções possíveis para pôr fim à
estagnação e as diferenças entre as diversas propostas.
Deveríamos mas não
estamos, porque os três partidos que têm governado o país, e que dominam o
discurso político mediatizado, não têm soluções que os diferenciem. Apontando
todos o mesmo caminho só lhes resta a aparente diferença de linguagem, que é
cada vez mais insuficiente para criar ondas de entusiasmo em torno da
possibilidade de alternância.
Dá por isso muito
jeito que apareçam umas figuras a afirmar-se interessadas no lugar de
presidente, posicionando-se à “direita” e à “esquerda” ou mesmo em lado nenhum,
apenas na busca dos famosos cinco minutos de fama.
Fica já aqui a minha
posição sobre o assunto e só volto a falar dela depois das legislativas. Na
primeira volta irei votar no candidato do meu Partido, na segunda volta irei
votar no candidato que apresentar mais diferenças relativamente ao actual
ocupante do cargo. Se nenhum for diferente… logo se vê.
Voltando à política,
não deixa de ser curioso que volte a discussão sobre a redução da TSU para os
patrões, colada à afirmação do primeiro-ministro sobre a necessidade de reduzir
o “custo do trabalho”.
Teoricamente tais
afirmações são politicamente incorrectas em época pré eleitoral, sabendo que a
maioria dos portugueses consegue perfeitamente interpretar a “redução do custo
do trabalho”, como menos dinheiro disponível pelas mesmas horas de trabalho.
Uma ameaça destas a
seis meses das eleições só pode significar um prévio reconhecimento da derrota,
optando o governo por levar até ao limite do que lhe for possível a ofensiva
contra os trabalhadores e o rendimento do trabalho.
Com a derrota
assegurada, resta-lhes destruir tudo o que for possível até ao final da
legislatura
Significa isto que
ninguém pode ficar de braços cruzados à espera do momento do voto.
A resistência não tem
tempos de espera, nem momentos de oportunidade, por isso é necessário que não
nos deixemos embalar pelos discursos das personalidades que ambicionam salvar o
país lá para o início do ano que vem.
Até para a semana
Eduardo Luciano
Sem comentários:
Enviar um comentário