Sexta, 27 Fevereiro 2015 09:12
A Grécia será
seguramente tema dominante no debate europeu. Pelas razões que conhecemos, mas
também porque a governança europeia terá que saber interpretar a razão do
resultado eleitoral grego, o qual aconteceu por desespero do povo grego. Se não
o fizer, em tempo, a Europa irá caminhar para os extremos políticos nos países
que estão sob forte pressão económica.
Alguns partidos já perceberam esta
lógica eleitoral, daí algumas colagens a que vamos assistindo.
E não se pense que a
mera alteração de um governo altera a política económica a que os países da
zona euro estão vinculados.
Na Grécia podem ter
mudado os atores, poderão mudar algumas das medidas, mas seguramente
manter-se-á a austeridade. Aliás, hoje os gregos já o terão percebido.
As reformas que o governo
grego terá que implementar não deixarão de gerar medidas austeras.
Do conjunto de medidas
apresentadas pelo ministro das finanças grego, muito centradas no combate à
corrupção, à fraude e evasão fiscal, na racionalização dos gastos e no controlo
da despesa pública, estas farão todo o sentido, para mais num país conhecido
pelo seu elevado nível de corrupção e fuga aos impostos.
A questão que se porá
será a do grau de sucesso das medidas, e se os resultados alcançados com elas
permitirá impactos significativos.
Mas tenhamos presente
que o êxito das medidas gregas será também o sucesso de uma europa mais forte.
A governança europeia
terá que saber gerir as posições e interesses dos vários países para que o
espaço europeu tenha os necessários equilíbrios e não seja um espaço de
permanentes tensões.
Portugal, em boa
verdade, nunca atingiu níveis tão preocupantes quanto a Grécia, embora tenha
passado por um período particularmente difícil, o qual ainda não está
ultrapassado. E continuaremos em crise até que as pessoas sintam as restrições
e as reduções que lhes foram aplicadas em resultado da necessária recuperação
económica do país.
Contudo, o bem-estar
económico e social da população é condição essencial para que crie uma
conjuntura mais favorável, que permita reduzir desigualdades sociais que foram
agravadas por aplicação das medidas constantes do memorando de entendimento.
Ainda assim, já todos
percebemos que o país está bastante diferente, seguramente melhor do que há
quatro anos.
Até para a semana
Rui Mendes
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