Terça, 25 Novembro 2014 09:57
Entende-se, tradicionalmente, por lobby o esforço desenvolvido por uma
entidade, não apenas privada mas sempre com interesses particulares dos que a
constituem, no sentido de influenciar quem governa ou quem legisla. Um lobby é, por isso, um grupo organizado de
pressão para atingir determinados objetivos ou para defender certos interesses.
Os lobbies podem ser desde os das indústrias
tabagista e farmacêutica aos sindicalistas, passando pelos dos reformados e dos
jornalistas, o das causas de igualdades de género (como o movimento LGBT), ou
até dos defensores das baleias, entre tantos e tantos outros que revelam a
imensa diversidade humana que, felizmente e quando em liberdade de expressão,
constitui a Humanidade. E muitos têm sido os que têm “feito lobby”, que é a expressão
verbal que corresponde à sua ação, para obter vantagens ou conseguirem o apoio
necessário às suas causas, com maior ou menor sucesso.
À partida e numa sociedade evoluída, sendo este adjetivo aqui
sinónimo de uma democracia na plenitude do seu conceito, o lobby deve ser considerado normal e feito
“às claras” até para não se confundir com “favorzinhos” ou “jeitinhos”. Mas é-o
sobretudo porque revela que os indivíduos que compõem essa sociedade se
interessam por causas que podem tornar-se públicas e agem num esforço conjunto
de contribuir para um bem comum.
Os grupos organizados, empresas, organismos ou movimentos
sociais, têm o direito e até o dever de se empenhar na defesa dos interesses
que defendem ou das ideias que professam. Infelizmente, a classe política está
fragilizada. A sua conduta sempre sob escrutínio, felizmente. E o jogo de
vários governos a diferentes níveis, que se rendem por vezes a grupos para
obter vantagens, faz dolobby não
assumido, e não às claras como deveria ser, algo pernicioso e logo identificado
com o abuso de poder, sobretudo o económico, com a corrupção e tudo o que há de
mais deplorável no relacionamento humano em diferentes escalas.
É que o lobby em si não merece este retrato
pejorativo com que é distinguido. A sociedade deve estar mobilizada para
influenciar o poder público. Afinal de contas, o poder representa-a e foi por
ela eleito. A aceitação do lobby enquanto prática está por isso
limitada, julgo, ao uso democrático, transparente e ético dos instrumentos
utilizados para esta influência. A corrupção, as “gratificaçõezinhas” e outros
procedimentos não éticos devem ser vistos sob uma perspetiva legal e
devidamente penalizados, e nada têm a ver com lobby ou até com o que muitas vezes “fazer lobby” implica, a comunicação,
coisa diferente de propaganda.
Claudia
Sousa Pereira
Sem comentários:
Enviar um comentário