Quarta,
26 Novembro 2014 09:33
É inevitável não falar sobre os
acontecimentos que envolvem o ex primeiro ministro José Sócrates. Não pretendo
aqui aventurar-me a fazer um julgamento sobre a culpa ou não culpa do senhor a
despeito dos factos que abundantemente têm vindo a ser noticiado pelos
diferentes órgãos de comunicação social.
Na verdade, gostava de fazer aqui uma declaração de interesses; em nenhum
momento da vida politica deste cidadão que comandou democraticamente os
destinos dos portugueses, cerca de seis anos, lhe reconheci estar a altura
dessa função. De resto, quando tudo faria prever face aos factos que se
conheciam sobre a sua forma de lidar com a verdade viesse a perder as eleições
legislativas de 2009, isso não se verificou. Refiro-me nomeadamente à forma
como se terá licenciado, ao currículo que fez publicar no site da assembleia da
república e aos projectos que assinou para construção de casas na Cova da
Beira. Isto, só por si, num país democraticamente maduro, teria, julgo eu, dado
um outro resultado às eleições de 2009.
Todavia, as consequências politicas da
determinação da prisão preventiva a um ex primeiro ministro não são
indiferentes à comunidade. Sobretudo num país onde a generalidade dos seus
cidadãos está convencido de que os poderosos têm privilégios, que os menos
favorecidos não dispõem.
Não raras vezes ouvimos falar e afirmar
em vários fóruns quer públicos, quer privados de que a justiça não funciona
para os poderosos e por esse motivo o regime está em causa. Agora que o regime
aparentemente funcionou, os mesmos arautos da desgraça vêm impudicamente
afirmar aos sete ventos que o regime está morto e que é urgente mudar o
entendimento da aplicação do Direito e administração da Justiça. Até mesmo
insinuam que o Juiz do Tribunal Central de Instrução Criminal de Lisboa tem
poderes a mais e que isso pode perverter o Estado de Direito.
Com efeito, salvo melhor opinião, no
menos, exige-se formular a seguinte pergunta; de que regime estamos a falar, o
que existe, mesmo passível de reformulações, ou de um outro, que tenha,
sobretudo, em contam os interesses ilegítimos daqueles que se acham credores de
todas as mordomias e privilégios. A resposta só caberá aos cidadão portugueses.
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