No inicio dos anos 90 do passado século, era editado no Alandroal o “JORNAL DA BOA NOVA”
Era o mesmo apresentado como Boletim Paroquial do Concelho do
Alandroal, e teve como fundadores o P. Manuel Botelho e o P. António Santos,
continuado pelo P. João Canha. Ainda tive na altura o privilégio de ver alguns
textos meus serem publicados no referido mensário.
Alem das notícias referentes a todo o Concelho do Alandroal, e à sua
vida paroquial, incluía o mesmo, sempre a fechar, uma Crónica da autoria do
saudoso Dr. Manuel Inácio Pestana.
O Dr. Manuel Inácio Pestana,
figura grande da gente alandroalense e que bem alto levou o nome da terra que o
viu nascer e crescer.
Nunca é demais relembrar que legou todo o seu espólio literário à
Biblioteca Municipal assim como nunca deverá ser esquecido de exigir de quem de
direito a conservação e o dever de o facultar a quem interessado.
Rebuscando alguns exemplares do Jornal
da Boa Nova, propomo-nos relembrar algumas das Crónicas inseridas no mesmo
da autoria do Dr. Manuel I. Pestana, que nos recordam tempos, locais e hábitos,
dum Alandroal remoto, não deixando de equacionar algumas questões pertinentes.
Chico Manuel
ÚLTIMA CRÓNICA:
«ALANDROAL, MINHA PÁTRIA»
A Banda mais antiga do Alentejo
Assim designava o saudoso
historiador Túlio Espanca (“Inventário Artístico do Distrito de Évora – Zona
Sul”, pág 730) a Banda Municipal do Alandroal, inicialmente designada
Filarmónica.
Refere este autor que a briosa filarmónica do
Alandroal se ficou a dever á iniciativa de Francisco António Franco (que viveu
entre 1796 e 1883), mestre de música e cantor da Real Capela de Vila Viçosa e
ao eborense José Maria Morte.
Notáveis músicos foram estes. O
primeiro admitido no antigo Real Colégio dos Reis, de Vila Viçosa terra onde
nasceu.
Quando tinha apenas 8 anos de
idade, depressa revelou o seu génio musical e especial vocação para o canto.
Tornou-se, assim, mais tarde um mestre consagrado, ensinando meninos das
primeiras letras, chegando a ser professor de música do Padre Joaquim da Rocha
Espanca, o notável autor das “Memórias de Vila Viçosa” que igualmente se tornou
musico e compositor.
Francisco Franco, que é lembrado
na toponímia Calipolense na Travessa do Franco, local onde residiu num prédio
que faz esquina do lado norte da Rua das Vaqueiras, actual Rua Câmara Pestana),
viveu durante cerca de 9 anos na nossa vila, em exílio por ser miguelista, e foi
então que com o músico José Maria Morte, fundou a nossa vetusta banda
alandroalense, o que deve ter acontecido nos primeiros tempos do seu exílio,
isto é, em 1834 ou 1835, merecendo, pois, pela obra que aqui deixou, a melhor
das homenagens dos alandroalenses á sua memória.
Da história da música, nesta boa
terra de vocações artísticas, bom seria que quem ainda possa ter memória
antiga da filarmónica ou filarmónicas
que houve no Alandroal desse delas as melhores notícias. Aguardemos.
A bem da nossa terra e das nossas
tradições.
Manuel Inácio Pestana
Publicado no Jornal Boa Nova em Abril de 1999
1 comentário:
Não referiram, Joaquim Espanca (porque "extra folhas" dos seus manuscritos); Túlio Espanca (porque em distinta época "inventariou") e, menos, Manuel I. Pestana "lírico Alandroalense"...a existência da SEGUNDA BANDA.
Com TODA a admiração pelo seu INVEJÁVEL trabalho guardei muitos relatos, de pessoas agora inexistentes entre vivos, acerca de CONFRONTOS com as duas bandas, dos seus edifícios-sedes, dos estandartes representativos que lá guardavam (empunhei alguns/1954), E QUE NENHUM DELES REFERIU.
"Deste conhecimento" não farei silêncio (a menos que a vida me silencie breve!!!). Mas vou teimar em TRANSMITI-LO...gratuitamente.
Reminiscências do LENDO E CONVERSANDO da nossa Rádio Local dos anos 80?
Porque não?
Abraços e...até lá.
Tói da Dadinha
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