PANO CRU - Uma rubrica do A.N.B.

                                               O  PAEL  que deu   FAM

I)

Chilreando de galho em galho ou ouvindo os grilos do campo, enterrados na toca, vai a Vila percebendo, cruamente, e cada vez mais surpreendida, que a passarada e o tosco e furtivo “pano cru” em que se teceu a cúmplice aliança eleitoral do MUDA- CDU  pouco durou … e muito números escondeu.

Passado tão pouco tempo, “o raio e verniz” dos números da dívida da Autarquia parecem bater errados, não condizendo com a verdade que continua bastante furtiva.

Quer de um lado quer do outro, “o caldo financeiro” entornou-se, se é que alguma vez bateu certo, com os custos acrescidos da cara auditoria de que nunca se viram, preto no branco, até hoje, os números reais. Parece e dizem-nos que andam arquivados…

O certo é que, com ou sem PAEL e dentro de pouco tempo com o FAM, o mais certo é o presente e o futuro da Autarquia e dos munícipes vir a piorar “por mais umas três décadas” segundo relata a própria e principal fonte camarária. A piorar e a ficar caríssimas..

Isto com os custos acrescidos deste e doutros problemas graves, não poderem vir a ser discutidos e  responsabilizados, democraticamente, uma vez que “a maioria absoluta” pode agora continuar a jogar, em seu proveito, as posições eleitorais que soube capturar e, eventualmente, a podem e vão beneficiar.

Vejamos, de passagem, uma pequena parte do extenso rol de desgraças veiculadas por este último comunicado, sem data, da Câmara Municipal a que o Al tejo chama claramente  “um bico-de obra” sem um fim à vista.

Vejam só:  a Sra. Presidenta acusa o ex-Presidente que, por sua vez, já lhe tinha feito o mesmo sobre o real, malfadado e concreto montante exacto da divida camarária;

fala também da encomenda de uma vistoria  às contas da CMA que custou 46.800 euros ( mais de 9.300 contos) de que ninguém ainda viu os escuros resultados;

cita 700.000 euros de juros à Pavia ( mais de 3,5 milhões de contos) não reflectidos nas contas da Câmara;

invoca dívida escondida assim como uma enorme quantidade  de facturas não cabimentadas;

e vejam, só para terminar, tal como não podia deixar de acontecer, como toca na dita e fatal diferença de 9 milhões de euros. Mais coisa menos coisa, mais milhão menos milhão (visto que a dívida também pode muito já ter  chegado aos 30 milhões de euros).

Tudo junto, não acham que é bastante dinheirame para uma Autarquia que parece não ter dinheiro para mandar cantar um ceguinho nas Festas de Setembro? Ou, é melhor é ficarmos já por aqui esperando que outra(s) politica(s) venham a ser finalmente postas em pratica!

 

ii)

  Com tanta instabilidade à vista, tantos cantores e tanta ventania na ramagem e, para que tudo não possa vir a ser ainda pior no futuro, que tal se a autarquia começasse a pensar, por exemplo, em fazer uma nova radiografia ao Concelho e apostar decididamente em meia dúzia de alterações nos seus comportamentos:

- 1) como pôr a Câmara e a Assembleia Municipal, a puxar pelos neurónios, a Auto vigiar-se e a desenvolver a economia local reinventando parte da sua missão e dos fins  “eleitorais” para que foi eleita há quase um ano;

- 2) quando é que os autarcas (ou pelo menos os autarcas com mais responsabilidades) se convencem que devem valer pelos resultados obtidos na taxa de crescimento do emprego e do rendimento médio dos munícipes do seu Concelho;

- 3) quando é que outros “indicadores de bem estar social”, como o da reabilitação urbana, começam a crescer, a ser praticados e a ser realmente visíveis;

- 4) quando é que, para além do uso e abuso de um descarado “presidencialismo municipal”, a Câmara, no seu site, decide consagrar espaço e direitos democráticos efectivos de representação municipal à oposição (tal como acontece a nível nacional);

- 5)  Os Orçamentos Participativos continuam à espera de quê para começarem a ser implementados envolvendo de, uma vez por todas, a população na recolha de ideias e realizações de projectos… que até não têm de ser caros;

- 6) e, para finalizar, será que a Câmara com as dificuldades financeiras que apresenta, não é capaz e não tem capacidade para discutir e pôr em execução, sim, pôr em marcha um plano de venda do seu património excedentário; (e já agora derrubar o falso pelourinho e vender aquela porcaria daquele mamarracho no Jardim das Meninas).

Enfim.

   - Mudar seriamente de vida, dizer a verdade dos números, fixar objectivos abrangentes, ultrapassar pacóvias rivalidades pessoais, cooperar e informar-nos o melhor possível, abrir a democracia local a novas praticas, não será, perguntamos nós, o meio mais eficaz de viver o presente com os olhos e confiança no difícil futuro próximo?

Prevenir incidentes fúteis e conflitos locais, mais ou menos encapotados e pré-eleitoralistas, conduzem a Vila a algo que não tenha sido já visto, repetido e vivido? Será o único caminho?

É desta “pequena história imediatista” de curto prazo, “do mente e desmente”, sem uma visão municipal de médio prazo,  que precisamos para desenvolver o Concelho? Os números e esta mão cheia de milhões tresmalhados não devem, de uma vez por todas, ser tratados a sério?

Será preciso vir para cá um novo C. moedas?

  Melhores saudações

   António Neves Berbem

04 Agosto 2014